IV Centenário da Fundação da Companhia de Jesus é comemorado em Santos pelo IHGS, em 1941

Placa que o Instituto Histórico e Geográfico de Santos colocou no prédio da Alfândega. Foto de Sergio Willians, tirada em outubro de 2017.
Placa que o Instituto Histórico e Geográfico de Santos colocou no prédio da Alfândega. Foto de Sergio Willians, tirada em outubro de 2017. Clique para ver maior.

Os santistas bem sabem da importância da Companhia de Jesus nos primeiros tempos da colonização, quando a famosa ordem religiosa aqui instalou o primeiro colégio da vila, em 26 de março de 1585, com o nome de “São Miguel”. Nesta época, eles lançaram também as bases para a construção de sua igreja, que ficou pronta quinze anos depois, obra do padre Francisco Dias, primeiro arquiteto jesuíta do Brasil.

A Companhia de Jesus (em latim: Societas Iesu, S. J.), é uma ordem religiosa fundada em 1534 por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderados pelo basco Inácio de Loyola. Porém, ela só foi reconhecida pelo Papa Paulo III em 27 de setembro de 1540, por meio da bula Regimini militantis Ecclesiae. Os primeiros missionários trazidos ao Brasil desembarcaram em Salvador no dia 29 de março de 1549, trazidos pelo então governador-geral Tomé de Sousa, em número de seis: Leonardo Nunes, João de Azpilcueta Navarro, Antônio Pires, Vicente Rodrigues, Diogo Jácome e o padre Manuel da Nóbrega, líder do grupo. Pouco tempo depois, Nóbrega e Leonardo Nunes viriam desembarcar em Santos, onde assumiriam várias missões na Capitania de São Vicente. Ao longo dos anos, outros jesuítas se juntaram na tarefa de catequisar os índios locais, como o padre José de Anchieta.

Antes mesmo de criar o colégio em Santos, os jesuítas já haviam montado estruturas na vila de São Vicente e em Piratininga, sob a invocação de São Paulo (o que aliás, foi o marco de fundação da capital bandeirante), no ano de 1554.

O entorno do Colégio São Miguel, com o tempo, se tornou o principal espaço da vila, servindo de palco para a promoção dos atos oficiais da Câmara e das festividades religiosas organizadas pela Igreja da Misericórdia, depois Matriz.

A situação do colégio começou a mudar a partir de 1640, quando aconteceu o primeiro conflito entre os jesuítas e a Coroa Portuguesa, que acabou confiscando as propriedades da ordem religiosa. Em 1759, em decreto assinado pelo Marques de Pombal, os membros da Companhia de Jesus foram definitivamente expulsos do Brasil.

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Os membros do Instituto Histórico e Geográfico de Santos homenageiam os 400 anos da fundação da Companhia de Jesus, sob as benção do monsenhor Luiz Rizzo. Ao centro, entre as duas mulheres, o então prefeito de Santos, Cyro de Athayde Carneiro.

Homenagens em 1941

Em setembro de 1940, a Companhia de Jesus completou 400 anos de existência e esse fato foi lembrado pelos santistas, que desencadearam uma série de solenidades em referência à data, culminando no descerramento de duas belíssimas placa de bronze, outorgadas pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santos, uma no prédio da Alfândega de Santos (construído na área onde se situava o Colégio São Miguel) e outra na rua do Colégio, em São Vicente, no sítio onde foi erguido a primeira instituição jesuítica da Capitania.

O evento foi tema de importante nota publicada na revista Flamma, em sua edição de janeiro de 1941:

“O Instituto Histórico e Geográfico de Santos teve a iniciativa de comemorar a passagem do 4º Centenário da fundação da Companhia de Jesus, tão ligada ao Brasil pela ação magnífica de seus missionários. Depois de ter promovido conferências sobre esse acontecimento, resolveu o Instituto colocar placas de bronze nos lugares onde funcionavam os colégios dos jesuítas em Santos e São Vicente. O primeiro cliché (foto) dá-nos um grupo feito na Alfândega, onde falou sobre o ato o dr. Cyro Carneiro (então prefeito de Santos). A segunda fotografia foi tirada em São Vicente, quando se inaugurou a placa comemorativa na rua do Colégio, falando por essa ocasião o sr. Rodolhpho Mikulasch (então prefeito vicentino)”.

Placa semelhante foi colocada na rua do Colégio, em São Vicente.
Placa semelhante foi colocada na rua do Colégio, em São Vicente.

Benção e palestra

Procedeu à benção da placa de bronze na Alfândega o monsenhor Luiz Gonzaga Rizzo, vigário geral da Diocese.

À noite, no Teatro Carlos Gomes, o festejado literato e historiador Luis Edmundo pronunciou interessante palestra, organizada pela Comissão Municipal de Cultura.

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