Famoso geógrafo norte-americano, Clarence Sorensen, registra cotidiano de Santos em 1962

Correspondente da CBS na América Latina, Sorensen fez ampla cobertura sobre o comércio de café e ainda registrou várias cenas do dia a dia santista. Cinquenta anos depois, suas fotos são resgatadas em site de universidade norte-americana.

Uma cena do cotidiano registrada nas lentes de Sorensen. Uma banca de jornais do centro. Em meio às revistas, uma edição de O Cruzeiro abordando a conquista do bi-mundial da seleção brasileira na Copa do Mundo do Chile.
Uma cena do cotidiano registrada nas lentes de Sorensen. Uma banca de jornais do centro. Em meio às revistas, uma edição de O Cruzeiro abordando a conquista do bi-mundial da seleção brasileira na Copa do Mundo do Chile. Na parede, um cartaz da festa dos formandos da Associação Instrutiva José Bonifácio. Clique para ver em alta resolução.

Em função de sua importância histórica para a economia brasileira, Santos, principal cidade portuária do país, vez em quando recebia a visita de fotógrafos e jornalistas oriundos das mais diversas nações, que aqui aportavam em busca de histórias e imagens icônicas, que pudessem ser “degustadas” por seus leitores e outros interessados pelas vidas e atividades dos mais distantes rincões e suas culturas peculiares.

Este era o trabalho, por exemplo, do explorador, geógrafo, editor e correspondente estrangeiro da CBS (Columbia Broadcasting System), Clarence Woodrow Sorensen. No início dos anos 1960, o norte-americano, nascido em 1907 no estado do Nebraska, fez um giro por vários países sul-americanos em busca de imagens sobre a vida, o trabalho e eventos históricos das culturas latinas. Com o vasto material recolhido, Sorensen (que é descendente de imigrantes dinamarqueses – filho de Jens Christian Sorensen e Ane “Annie” Madsen Sorensen), produziu alguns livros didáticos de geografia, o que lhe garantiu, algum tempo depois, o título de membro da Royal Geographical Society of London.

Durante as extensas viagens que empreendeu ao redor do globo,  entre os anos 1940 e 1970, Sorensen esteve acompanhado do fotógrafo  Eugene V. Harris, com quem produziu, em parceria, mais de 64.000 belos slides Kodachrome.

Estivador trabalhando com embarque de café. Sorensen explorava o tema principal, porém inserindo um lado humano em suas matérias.
Estivador trabalhando com embarque de café. Sorensen explorava o tema principal, porém inserindo um lado humano em suas matérias.

A passagem por Santos

Clarence Woodrow Sorensen esteve em Santos no mês de junho de 1962. O Brasil havia acabado de conquistar o segundo título mundial de futebol, na Copa do Chile. Desta feita, o norte-americano testemunhou a alegria incontida de um país em absoluta festa, ainda mais na cidade santista, berço de nada menos do que a melhor e mais respeitável equipe futebolística do planeta, campeã da América e do mundo no ano anterior (1961) e franco favorita para a conquista do bicampeonato sul-americano daquele ano.

Porém, a despeito da interessante temática a ser explorada, o jornalista optou em registrar cenas do cotidiano santista e, em especial, sobre a cadeia econômica que girava em torno do café. Afinal, o porto santista era uma referência mundial na exportação do valioso produto. O trabalho dos corretores, degustadores e estivadores não passou desapercebido pelas lentes de Sorensen e Harris. Belas e instigantes imagens foram produzidas dentro da temática, mas outras do dia a dia, como a de um jornaleiro do Centro da cidade, encantavam pela estética e sensibilidade.

Sorensen foi ao porto, passeou pelas ruas da cidade, visitou a bolsa do café, conheceu o trabalho realizado na Associação Comercial de Santos e chegou a curtir um dia de sol na praia, chegando, inclusive a fotografar grupos de rapazes praticando vôlei e futebol  na areia.  Do alto do Monte Serrat, apontou suas lentes para as duas faces clássicas: ao norte pegando toda a vista do Centro, captando a imagem de prédios importantes, como o da Western Telegraph (que seria demolido nos anos 1970); e ao sul, pegando a belíssima avenida Ana Costa e suas majestosas palmeiras. O jornalista levou consigo, na bagagem, imagens importantes de um período especial, que logo seria interrompido em função do Golpe de 1964.

O geógrafo e jornalista Clarence Woodrow Sorensen
O geógrafo e jornalista Clarence Woodrow Sorensen

Imagens resgatadas

Mais de cincoenta anos depois, eis que a produção de Clarence Woodrow Sorensen emerge por meio da tecnologia. Desde 2001, seguindo uma tendência mundial, a Universidade de Winsconsin, sediada na cidade de Milwaukee, iniciou um programa de digitalização e organização dos acervos fotográficos sob sua guarda, entre eles o de Sorensen, composto por mais de 15 mil imagens. Entre as fotografias, as da cidade de Santos. Neste artigo, o Memória Santista separa algumas delas para compartilhar.

Sorensen subiu no famoso Monte Serrat para registrar as cenas panorâmicas da cidade do início dos anos 1960.
Sorensen subiu no famoso Monte Serrat para registrar as cenas panorâmicas da cidade do início dos anos 1960.
O comércio do café em Santos foi o foco principal de Clarence.
O comércio do café em Santos foi o foco principal de Clarence.
O trabalho no porto de Santos foi bastante registrado pelo correspondente da CBS.
O trabalho no porto de Santos foi bastante registrado pelo correspondente da CBS.
Nas horas de lazer, Clarence aproveitou para registrar o que o santista mais gostava de fazer aos finais de semana, como jogar futebol ....
Nas horas de lazer, Clarence aproveitou para registrar o que o santista mais gostava de fazer aos finais de semana, como jogar futebol ….
voleipraia
e Vôlei de praia.
Corretores de café em frente à Bolsa Oficial. Em Junho de 1962.
Corretores de café em frente à Bolsa Oficial. Em Junho de 1962.
O degustador de café, nas lentes do correspondente da CBS na América Latina em 1962.
O degustador de café, nas lentes do correspondente da CBS na América Latina em 1962.