Santos tem a primeira experiência em iluminação pública de São Paulo

Na Europa, a iluminação pública começou no século XV. Por séculos, a alimentação dos postes ficou a cargo dos “lamplighters”, ou acendedores de lampião. No Brasil, quem fazia o serviço eram os negros escravos.

Regulamento para serviço de iluminação foi expedido em 17 de janeiro de 1810

A iluminação pública é essencial à qualidade de vida, permitindo o pleno uso dos espaços abertos no período noturno. Além de estar diretamente ligada à segurança no trânsito, ela inibe a criminalidade, embeleza as áreas urbanas, destaca e valoriza monumentos, prédios e paisagens, além de permitir um melhor aproveitamento das áreas de lazer. Hoje, praticamente 100% das ruas de Santos são iluminadas. Mas nem sempre isso foi assim.

A origem da iluminação pública

Até o século XV, a iluminação das ruas era uma obrigação dos cidadãos e não das autoridades, tanto que vigoravam leis que ameaçavam os “infratores” a penas severas. A primeira experiência de iluminação pública, bancada pelo governo, aconteceu na Inglaterra, em 1415, motivada pela revolta de comerciantes londrinos indignados com a escalada do crime na cidade. Tal iluminação era feita com lâmpadas de óleo de azeite.

Apesar de o Brasil ter sido descoberto e colonizado bem depois disso, por aqui a iluminação das ruas demorou a receber o apoio das autoridades. A primeira iniciativa neste sentido só aconteceu em 1794, no Rio de Janeiro, capital da então Colônia Portuguesa. A mando do Vice-Rei Dom José Luiz de Castro, o Conde de Rezende, foram instaladas cerca de 100 luminárias de óleo de azeite pelos postes da cidade carioca.

Santos inovando entre os paulistas

Bem antes da capital bandeirante, a cidade de Santos implantou seu sistema de iluminação pública, em janeiro de 1810, depois de receber autorização do Governo da Província. Inicialmente a ideia era instalar 69 lampiões alimentados por óleo de peixe, produto abundante na região litorânea. No entanto, foram disponibilizadas apenas 20 lamparinas, que ficavam penduradas nas esquinas das ruas santistas de maior movimento. Essas primeiras lâmpadas públicas permaneciam acesas apenas até a hora de recolher, marcadas ao som das cornetas dos soldados da Cadeia Pública, por volta das 21 horas, ou quando havia noites de luar (com o brilho da lua não havia necessidade das lâmpadas) . Em ambos os casos, as lamparinas eram apagadas por negros escravos, que corriam uma a uma para cumprir a tarefa.

Melhorias, só que compartilhada

Em 1840, Santos recebeu melhorias na iluminação pública, com a troca das velhas lamparinas pioneiras por outras mais novas, de quatro luzes. Um detalhe interessante é que o custo do azeite de peixe utilizado por essas novas lâmpadas era dividido entre a Câmara Municipal, os moradores mais abastados e outros beneficiados.

Evolução com o tempo

A evolução da iluminação pública veio com o tempo. Em 1872, em pleno cinquentenário da Independência do Brasil, os santistas conheceriam a última palavra em iluminação pública, digna das maiores cidades do mundo: a iluminação à gás. Essa modalidade de iluminação permaneceu na cidade por mais de 30 anos, até a chegada da energia elétrica. A primeira via iluminada de Santos foi a avenida Ana Costa, no trecho que ia da Vila Mathias (nas proximidades da Avenida Rangel Pestana) até a Rua Carvalho de Mendonça. A inauguração deste sistema aconteceu em 15 de agosto de 1903. As lâmpadas foram colocadas à distância de 50 em 50 metros e iluminavam bem a extensão da Ana Costa naquele trecho inaugural. Os moradores daquela área ficaram muito satisfeitos com a novidade. E, passando por várias empresas concessionárias, a luz elétrica ainda é a que é servida aos santistas de hoje.

primeira lâmpada de iluminação à gás de Santos, instalada no Largo do Rosário (atual Praça Ruy Barbosa)
primeira lâmpada de iluminação à gás de Santos, instalada no Largo do Rosário (atual Praça Ruy Barbosa)

 

Deixe um comentário