Parque Indígena, a Gênese do Orquidário Municipal

O Orquidário Municipal de Santos surgiu a partir de uma grande herança, deixada por um santista ilustre. Sua origem está no trabalho incansável do comendador Julio Conceição, um apaixonado por orquídeas, dono da maior coleção nacional desta espécime de planta globalizada ( as orquídeas são encontradas praticamente em todas as regiões do planeta, com exceção da Antártida). Ele reunia em sua chácara, conhecida como Parque Indígena, centenas de espécimes diferentes da planta, um orgulho que ele fazia questão de dividir com todas as pessoas, a ponto de fazer de sua propriedade uma espécie de parque público, dotado de variada vegetação e fauna diversificada.

O Parque Indígena ocupava uma área aproximada de 22 mil m², praticamente igual a do atual Orquidário do José Menino. Ficava no quadrilátero que compreendia as quadras entre a Avenida Conselheiro Nébias e a praia, com profundidade até a rua Embaixador Pedro de Toledo. A propriedade abrigava uma residência, um pavilhão para exposição de flores (chamado de Mira-Flores), três pomares, além de jardins e um amplo gramado. Na parte dos fundos, que ficava de frente para o mar, havia cabines de banho, para quem quisesse curtir a praia.

O parque reunia adornos curiosos, como bancos feitos com ossos de baleia. Havia também tanques de peixes lebistes (Guppy) e um reservatório com um peixe-elétrico do Amazonas. A entrada principal era pela Avenida Conselheiro Nébias, onde havia um imponente portão de ferro, antecipando duas fileiras de palmeiras imperiais. O local se assemelhava ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ainda na entrada, havia dois leões de cimento deitados no muro, que conferiam um ar de imponência ao lugar (um desses leões ainda existe em um dos portões do Estádio Hespanha, do Jabaquara AC, no bairro da Caneleira). O local abrigava um grande número de espécimes vegetais nativas do Brasil (cacaueiros, cafeeiros, ervas-mates, mamoeiros, mamoneiras e tamareiras). Mas, sem dúvida, as grandes estrelas eram as orquídeas.

Júlio Conceição tinha uma coleção de nada menos do que 90 mil mudas, originárias de vários cantos do mundo. Foi a partir deste conjunto inestimável que, na década de 1940, após a morte de seu proprietário, em 1938, a Prefeitura resolveu criar o Orquidário Municipal, no bairro do José Menino.

Visitantes ilustres
O Parque Indígena teve alguns visitantes ilustres, como o jurista Rua Barbosa. Antes dele, ainda no tempo do Império, quem pernoitou no lugar foi o Conde D’Eu, a convite de Júlio Conceição, no dia 16 de março de 1889.

 

A entrada principal do Parque Indígena ficava na Conselheiro Nébias. No pórtico, duas estátuas de leões guardavam a entrada. Uma delas está até hoje preservada, na entrada do Estádio do Jabaquara.
A entrada principal do Parque Indígena ficava na Conselheiro Nébias. No pórtico, duas estátuas de leões guardavam a entrada. Uma delas está até hoje preservada, na entrada do Estádio do Jabaquara.
A casa principal da Chácara Parque Indígena.
A casa principal da Chácara Parque Indígena.
As perto interno do casarão do Parque Indígena
As perto interno do casarão do Parque Indígena
O Parque Indígena abrigava uma fauna interessante para as crianças.
O Parque Indígena abrigava uma fauna interessante para as crianças.
Uma das maiores curiosidades do lugar eram os bancos feitos com ossos de baleia.
Uma das maiores curiosidades do lugar eram os bancos feitos com ossos de baleia.
Uma das orquídeas da coleção de Júlio Conceição.
Uma das orquídeas da coleção de Júlio Conceição.

Julio Conceição era conhecido por sua exuberante coleção de orquídeas. Capa do álbum de fotografias do Parque Indígena.

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