Louras, geladas e…… Santistas – a cerveja em santos (parte II)

Dando continuidade à história da cerveja em Santos (a primeira parte foi publicada em 18/12/2015), trazemos mais algumas curiosidades sobre as “louras geladas” santistas, a começar pela Antarctica Paulista, uma das mais famosas e antigas cervejarias do Brasil, que tinha uma ligação muito estreita com a cidade de Santos.

Foi um empresário do setor de abate de suínos, Joaquim Salles, que começou a história da Antarctica. Inicialmente a empresa não tinha um foco muito claro de negócios, atuando na fabricação de cerveja e refrigerantes, assim como na produção de banhas e presuntos, fábrica de gelo e manutenção de câmaras frias para estocagem de alimento. Sua relação com Santos começou forte com a entrada na sociedade dos empresários João Carlos Antonio Zerrenner, de origem alemã, e Adam Ditrik Von Bülow, dinamarquês, ambos naturalizados brasileiros e proprietários da empresa Zerrenner, Bülow e Cia, cuja filial ficava num dos espaços do antigo casarão do Valongo, defronte à Estação da São Paulo Railway. As famílias de ambos mantiveram o controle total da empresa até os anos 40.

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As propagandas da Antarctica sempre traziam referência à cidade de Santos, onde havia um grande parque de produção e engarrafamento.
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A Companhia Antarctica Paulista chegou a criar uma marca em homenagem à cidade: era a Cerveja Santista.

Pela ligação comercial e fraternal de Zerrenner e Bülow com a cidade, a Antarctica criou, em 1918, a cerveja da marca “Santista”, que fez enorme sucesso na cidade. A empresa também montou uma linha de produção e engarrafamento, batizando-a de Cervejaria Santista, que funcionou até meados da década de 80 num terreno da Vila Mathias, hoje ocupado por parte da Universidade Paulista – UNIP.

CARACÚ ERA PRODUZIDA NA VILA MATHIAS

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A cerveja preta mais famosa do Brasil era também produzida em Santos. A Skol foi a primeira marca a ser enlatada no Brasil.

 

A marca Caracú, pertencente à Cervejaria Rio Claro, foi criada em 1899 e logo se tornou uma marca famosa no Estado de São Paulo, reconhecida como uma das cervejas pretas mais apreciadas. Não demorou muito para chegar a Santos, representada por distribuidores locais. Na década de 30 era comercializada por um depósito de bebidas localizada na rua General  Câmara, 292. O sucesso por aqui foi crescendo à medida em que as marcas locais foram desaparecendo.

Em 1967, a empresa patenteou no Brasil a Skol, sob licença da fábrica dinamarquesa Carlsberg, que três anos antes lançara a marca na Europa. Quatro anos depois, em 1971, a Cervejaria Rio Claro lançava a primeira cerveja em lata do Brasil, da marca Skol, com embalagem produzida a partir de folha de flandres. Neste mesmo ano a companhia se expandiu e instalou linhas de produção em Londrina (PR), no Rio de Janeiro e na cidade de Santos, ocupando o mesmo imóvel onde funcionou a cooperativa que produzia a cerveja Braz Cubas, na rua Senador Feijó, 415, Vila Mathias. Esta planta ficaria conhecida entre os santistas como a Fábrica das Cervejarias Reunidas Skol-Caracu S.A. Uma peculiaridade era que a empresa, por muitos anos manteve uma sirene que tocava às 12 e às 18 horas, que acabou se tornando marca registrada do bairro. A produção de Skol e Caracú perdurou na cidade até meados dos anos 80.

UMA CERVEJA QUE DAVA BRINDES

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Os brindes da cerveja Mossoró basicamente eram garrafas extras. O grande prêmio era um exclusivo rádio (o meio de comunicação mais popular nos anos 1950).

Na briga pelo consumidor valia tudo entre as primeiras marcas de cerveja que circularam em Santos. Imagine hoje você concorrer a uma TV 3D só por comprar uma determinada marca de cerva? Era mais ou menos o prêmio oferecido pela brava cerveja Mossoró, produzida pela Cervejaria Colúmbia, que ficava na Rua General Câmara, 292. A bebida circulou pela cidade nos anos 50 e numa de suas promoções oferecia como prêmio maior um magnífico rádio de cabeceira! Além disso eles davam 1.200 brindes todos os dias: mais garrafas de Mossoró (veja anúncio). Em 1953, a marca publicava um anúncio com o nome do felizardo ganhador do rádio, Arnaldo da Silva, morador da Rua Rangel Pestana, 87. O sujeito teve a sorte de achar  o célebre e perseguido cavalinho dourado, encontrado numa garrafa vendida à ele no Bar City, na Avenida Ana Costa, 2.

CERVEJA E FUTEBOL

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DEPOIS DA CERVA, QUE TAL BATER UMA BOLINHA? Ou jogar no Bolão da Rádio Cacique? Quem acertasse os resultados do Paulistão da época podia ganhar uma boa grana, para gastar com mais cerveja!

A parceria cerveja x futebol começou em Santos na década de 50, com as campanhas da Cerveja Anchieta, que promovia uma espécie de bolão dos jogos do Campeonato Paulista de Futebol. Quem comandava as apostas era o programa “Marcha dos Esportes”, difundido pela Rádio Cacique de Santos a partir das 12 horas. Os ganhadores do bolão podiam pegar seus prêmios (em cerveja) também no Café Caravelas, que ficava na Praça Rui Barbosa.

 

 

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