Santos vivia uma madrugada calma no dia 9 de janeiro de 1967. A maior parte dos cerca de 300 mil habitantes santistas estava na cama, descansando para a jornada de trabalho que se iniciava naquela segunda-feira, pleno início do ano. De repente, às 3 horas, uma gigantesca explosão se fez ouvir por toda a cidade, estremecendo as edificações no entorno do bairro da Vila Nova e adjacências. Dezenas de casas tiveram suas telhas arrancadas, atiradas a longa distância, janelas quebradas, assim como muros e paredes em ruínas. Além disso, 245 pessoas ficaram feridas por conta deste, que até hoje é considerado um dos maiores acidentes da história santista: a explosão do Gasômetro pertencente à “Companhia Cidade de Santos, Eletricidade e Gás”. A empresa tinha suas instalações operacionais na rua marechal Pego Júnior, 144, dentro de uma área de aproximadamente 1.200 metros quadrados.
O local abrigava cinco gigantescos tambores de 15 metros de comprimento por três de diâmetro e estavam repletos com gás de rua, extraído da queima de carvão produzido pela companhia no bairro do Valongo. A tragédia só não foi catastrófica porque apenas um, dos cinco tambores, explodiu. Ainda assim, impacto foi sentido a quatro quilômetros de distância do local, à altura do Canal 6, na Ponta da Praia. Uma das partes do tambor que explodiu foi encontrada no pátio do Colégio Coração de Maria, localizado a 60 metros do local (atual Universidade Metropolitana – Unimes).
A cidade não dormiu mais depois das três horas da manhã. Logo após o acidente, os telefones da polícia e dos bombeiros não pararam de tocar. O bairro da Vila Nova ficou repleto de curiosos. Muita gente queria ajudar os bombeiros na remoção dos escombros e auxílio aos feridos. A explosão danificou e destruiu todas as residências que ficavam na rua Marechal Pego Júnior, que ficou completamente coberta de tijolos, pedaços de vidros e telhas. Na residência número 106, uma jovem só não morreu porque as paredes de sua casa caíram para o lado de fora. Um dos moradores das proximidades do Gasômetro, cuja casa ruiu, disse que parecia o fim do mundo.
Logo pela manhã o prefeito Silvio Fernandes Lopes percorreu os locais atingidos pela explosão, determinando uma série de providencias para a remoção de escombros e prestação de socorro às famílias desabrigadas, muitas das quais tiveram seus pertences recolhidos a depósitos da Municipalidade. Mais tarde, uma comissão de técnicos da Prefeitura inspecionou os prédios atingidos, fazendo que fossem desocupados todos os que apresentassem perigo de desabamento. Enquanto isso, caminhões e operários municipais procediam a remoção do entulho das ruas, a fim de desimpedir o trânsito.
A explosão do Gasômetro em Santos afetou a vida de 20 mil usuários do sistema. Em pouco tempo estes migraram para o GLP, decretando o fim do Gasômetro e do serviço de gás de rua.