Cosmógrafo Américo Vespúcio quase teve monumento em sua homenagem

Impressionante projeto de 23 metros de altura era do escultor italiano Galileu Emendabili ( o mesmo do Obelisco do Ibirapuera)

Em 1937, ano do Centenário da Imigração Italiana para o Brasil, os santistas tiveram a ideia de erigir um monumento em homenagem ao cosmógrafo florentino Américo Vespúcio. A obra seria produzida toda em mármore, e teria a impressionante marca de 23 metros de altura e 15 metros de profundidade. Vespúcio apareceria na face principal. Na face posterior, uma âncora simbolizaria o ciclo da navegação. Na face lateral, estaria disposto o Cruzeiro do Sul, conforme a visão de Dante. Junto à constelação seria inscrito o 1º canto do purgatório       de Dante, numa tradução de João Pedro Xavier Pinheiro.

*       No famoso livro “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, há um trecho que mostra sua visão do céu (ou paraíso), retratado como um conjunto de esferas concêntricas que cercam a terra, como a Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, as estrelas fixas, o “Primum Mobile” e, finalmente, o Empírico. O livro foi escrito no início do século XIV.

Tudo estava acertado para acontecer, incluindo a contratação do escultor ítalo-brasileiro Galileu Emendabilli (autor de obras importantes, como o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo). Porém, com a eclosão da Segunda Grande Guerra Mundial, em 1939, os trabalhos da comissão encarregada da construção do monumento ficaram suspensos. E nunca mais foram retomados.

Porquê da homenagem a Américo Vespúcio em Santos

Em maio de 1501, um ano depois do descobrimento oficial do Brasil, o Reino de Portugal mandou uma expedição à costa do novo território com o objetivo de produzir estudos cartográficos e de reconhecimento. Para isso foi destinada uma frota composta por três embarcações, comandadas por André Gonçalves (há teses que sustentam ter sido Gonçalo Coelho o comandante das naus). Entre os tripulantes estava o famoso cosmógrafo florentino, Américo Vespúcio, cuja missão era produzir um mapa da costa, com os batismos determinados por eles mesmos. Foi assim, então, que em 22 de janeiro de 1502, ao depararem-se à boca da saída da atual Barra de Santos, Vespúcio teria batizado o lugar como “Rio de São Vicente”, uma vez que a data era consagrada a São Vicente Mártir, de acordo com o Calendário Gregoriano,                

A frota portuguesa teria lançado âncoras na atual Ponta da Praia, onde ficaram por um tempo, chegando a desembarcar para abastecerem-se de água doce. Assim, Américo Vespúcio é considerado o responsável pela primeira nomenclatura ocidental para a região, que acabou, de fato, sendo reconhecida como “São Vicente”.            

 

Desenho de Galileu mostra a lateral do monumento dedicado à Américo Vespúcio na cidade de Santos