A presença do porto contribuiu para que os santistas tivessem o privilégio de conhecer, antes de outras vilas e cidades, as novidades trazidas do Velho Mundo. Entre elas, o teatro. A primeira casa de espetáculos surgiu por volta de 1830, e ocupava as dependências de um velho casarão situado no Largo da Coroação (atual Praça Mauá, esquina com a rua Riachuelo, do lado esquerdo de quem vê do Paço Municipal).
As apresentações aconteciam ao final da tarde e, por conta da escuridão, o amplo salão costumeiramente era iluminado à luz de velas e candeias de azeite. A vila já tinha à disposição a iluminação pública (1810) que, embora precária, auxiliava os espectadores na volta às suas casas. Os que moravam mais distante se utilizavam de lanternas. O teatro não dispunha de cadeiras próprias. Assim, eram os espectadores quem as levavam, nas mãos. Exceto os mais ricos, que dispunham de escravos para carregá-las.
Em 1854 a imprensa o rotulava como o “Teatro de Santos”. Neste mesmo ano ocorreu uma grande reforma no prédio, “pintado com gosto e simplicidade”. Aliás, uma obra feita com bastante sacrifício, uma vez que o teatro não conseguia arrecadar muito dinheiro com suas apresentações, apesar de ser o principal entretenimento da cidade. Mesmo com a reforma e a criação de espaços para camarotes, as cadeiras continuavam sendo utensílios sob a responsabilidade dos espectadores.
Após passar alguns anos lutando contra a inconstante audiência santista, em 1875 o prédio, alugado (pertencia à Santa Casa de Misericórdia), se encontrava em estado lastimável. Correu pela cidade o boato de que, inclusive, estava prestes a ruir. Em má situação, o teatro deixou de funcionar em 1879. Com pequenos reparos, a edificação ainda serviu de armazém cafeeiro e, já no século XX, como filial das Casas Pernambucanas e Loja Duarte Pacheco, pioneira no ramo de material radiofônico. Demolida na década de 1940, deu lugar ao Edifício Novo Mundo, atualmente no local.