Túnel Reservatório Santa Tereza-Voturuá, o maior da América Latina

Construído entre as década de 70 e 80, quando a situação do abastecimento de água em Santos era crítico, o Reservatório-Túnel Santa Tereza-Voturuá até hoje ostenta o título de “O maior da América Latina”. É um gigante de números expressivos. Em seus 1.100 metros de escavações entre galerias e reservatórios dentro do maciço rochoso que divide a ilha de São Vicente, apresenta túneis com 20 metros de altura (o equivalente a um prédio de seis andares) e 15 metros de largura (o que daria para uma estrada de quatro pistas de rolagem). Em relação à água, são simplesmente 110 milhões de litros, o equivalente a 44 piscinas olímpicas cheias até a borda. É agua que não acaba mais!  

Pouco antes da passagem dos serviços para a Sabesp, ainda na década de 1970, a Companhia de Saneamento da Baixada Santista (SBS) iniciou estudos no sentido de encontrar espaços viáveis na malha urbana para a construção de um reservatório de alta capacidade. Pela disposição da cadeia montanhosa no centro da área insular (ilha de São Vicente), próxima aos maiores centros de consumo e faixas turísticas, a preferência era, inicialmente, instalar o equipamento no alto dos morros. Além das vantagens de proximidade, eram também locais livres da especulação imobiliária e adequados do ponto de vista técnico, por oferecer condições para a construção de uma rede de distribuição por gravidade. No entanto, havia pouca disponibilidade de terrenos que não estivessem em áreas instáveis (risco de deslizamentos). De tanto avaliar alternativas, os engenheiros da SBS propuseram uma solução pouco convencional, mas que se mostraria absolutamente bem-sucedida: construir o novo reservatório em um túnel subterrâneo, escavado nas rochas entre os morros Voturuá (São Vicente) e Santa Terezinha (Santos). Um sistema que se relevaria altamente seguro e o que era melhor: invisível.

A partir de 1975, nos primeiros dias de administração pelas mãos da Sabesp, o projeto foi reavaliado com maior atenção até que recebeu sinal verde para ser tocado em frente. A solução do túnel-reservatório seria inédita no país.

A escavação do túnel levou três anos. As pedras retiradas do morro serviram para formar o Emissário Submarino.

As obras

Iniciadas em 1979, as obras de construção do reservatório-túnel consumiram dois anos de trabalhos nas entranhas do maciço rochoso divisor da ilha de São Vicente. O trabalho era realizado, em boa parte, à base de dinamite, não havendo economia no ataque às rochas graníticas sólidas. Nada menos do que 420 quilos do explosivo foram gastos todos os dias para detonar a montanha que, de tão dura, não precisou ser escorada em praticamente nenhuma etapa. A obra foi concluída em março de 1981.

O túnel-reservatório Santa Tereza-Voturuá foi projetado com o objetivo de suprir as necessidades de Santos e São Vicente até o ano 2000.  Sua capacidade é de 110 milhões de litros de água. O cálculo havia sido feito com base na escala demográfica desde a década de 1930 até 1980. Enquanto a cidade portuária contabilizou 140 mil habitantes no censo de 1930, em 1980 esse número chegava a pouco mais de 410 mil, o que significou a triplicação da população.  Do lado vicentino, o salto foi muito maior, partindo de 18 mil habitantes em 1940 para 193 mil em 1980, ou seja, dez vezes mais!

Os túneis possuem cerca de 20 metros de altura, o suficiente para erguer um prédio de seis andares. O reservatório tem capacidade para 110 milhões de litros de água

Com isso, o túnel da Sabesp iniciou suas operações em 16 de novembro de 1981. Porém, a cidade santista, quando chegou ao ano 2000, não apresentou o crescimento demográfico projetado. Pelo contrário, sua população praticamente era a mesma de 1980. Assim, Santos não precisou ser socorrido por novos meios de reservação e o túnel-reservatório de Santa Terezinha continua reinando absoluto na ilha de São Vicente, ainda dono do título de maior reservatório da América Latina, onde água, ainda bem, não é o problema!

Desenho feito para o Almanaque de Santos, do Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Eduardo Fernandes.