Lojas Buri atraia consumidores santistas ávidos por compras no sistema crediário

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Nos domingos pela manhã, em boa parte dos anos 1970 e 1980, durante o badalado programa de auditório comandado por Silvio Santos, líder de audiência na TV brasileira, o jingle das Casas Buri “martelava” na cabeça dos telespectadores. Estava ali uma estratégia mais do que eficiente, uma vez que, ao longo da semana, as quase 200 lojas da rede, espalhadas de norte a sul do país, viviam lotadas de clientes ávidos pelas facilidades de compra de tecidos, roupas de cama, mesa e banho, assim como de eletrodomésticos e televisores.

As Casas Buri S.A. Comércio e Indústria foram criadas no ano de 1942 pelas mãos dos empresários Mário Bussab e Paulo Ribeiro. As sílabas iniciais dos dois sobrenomes é que formavam o nome da organização. O campo de atuação da rede era prioritariamente a capital bandeirante, mas havia diversas unidades espalhadas pelo interior de São Paulo, Paraná e Centro Oeste brasileiro.

Unidade das Casas Buri na Amador Bueno, especializada em venda de tecidos. Foto: Boris Kauffmann – acervo Fams

As lojas da rede comercializavam roupas de cama, banho e mesa, tecidos em geral, além de televisores e eletrodomésticos. Durante décadas as Casas Buri foram a maior concorrente das Casas Bahia. Um de seus sucessos era o sistema de crediário, controlado pelo braço financeiro da empresa, a Buri S.A. – Crédito, Financiamento e Investimentos. Tal expediente ganhou muita força no Brasil a partir dos anos 1950, uma vez que boa parte da população não reunia condições de manter contas bancárias e solicitar crédito. O comércio varejista se aproveitou bem da situação e criou um sistema de empréstimo eficiente pois, além de garantir a venda do produto (ainda que parcelado), obrigava o cliente retornar à loja todos os meses (para o pagamento do carnê), ocasião e oportunidade que, quase sempre, resultavam em novas vendas.

As Casas Buri formavam uma rede que explorava muito bem o sistema e não economizava em suas ações de marketing. Um dos garotos-propaganda mais conhecidos era o apresentador de TV e empresário Silvio Santos, que cantarolava, junto com seus convidados e companheiros de palco, o famoso jingle “Todo o dia é dia de oferta na Buri”, em que no final soletrava o nome da empresa. A empresa também investia em propagandas nas porteiras de fazenda no interior do estado de São Paulo.

Em Santos, as Casas Buri mantinham uma grande unidade na rua Amador Bueno, 122, que comercializava roupas, tecidos, utensílios domésticos e de limpeza, e outra unidade, na Rua João Pessoa, 10, que vendia eletrodomésticos.

Unidade das Casas Buri na Amador Bueno. Curioso detalhe para a Romiseta estacionada à frente da loja. Foto: Boris Kauffmann – acervo Fams

A rede fez muito sucesso até os anos 1980, até que começou a enfrentar alguns insucessos administrativos e testemunhar o crescimento das marcas concorrentes como as Casas Bahia, G. Aronson, Sears/Sandiz e Mappin. Com a perda de espaço, diversas filiais foram fechadas, entre elas as de Santos. Em 1992 as Casas Buri foram vendidas para a Globex Utilidades S.A, proprietária das Lojas Ponto Frio que, nesta época, estava em fase de expansão após ter adquirido outras empresas já estabelecidas no mercado, como a J.H. Santos, Kit Eletro e 81 pontos de venda da rede Disapel, o que a tornou rapidamente a líder do ranking do setor de varejo eletroeletrônico em número de lojas. O Ponto Frio rebatizou as 110 lojas compradas, das quais 50 em São Paulo, consolidando assim sua presença em São Paulo, Paraná, além de algumas cidades do Centro Oeste.

Anúncio no jornal A Tribuna em 1960.