Muitos santistas nascidos no final da década de 30 dizem terem visto os Zeppelins nos céus da cidade na época da Segunda Grande Guerra Mundial. Mas isso é um grande engano. Em primeiro lugar porque quando o conflito foi iniciado, em setembro de 1939, a Luftwaffe (Força Aérea Alemã) ordenou o recolhimento dos seus dirigíveis, chamados “Zeppelins”, que estavam em operação, aos hangares de Frankfourt, onde foram desmontados, para sempre. Os serviços da Luftschiffbau-Zeppelin também foram suspensos com o início do conflito, ainda mais porque qualquer aeronave alemã estaria correndo risco fora da Europa. Pressionado pelos Estados Unidos, o Brasil entrou na guerra e aceitou ceder espaço para os norte-americanos atuarem no litoral sul-americano com forças navais e aéreas. Uma dessas unidades era responsável em escoltar navios mercantes em segurança nas suas rotas entre a América do Sul e os Estados Unidos, ação intensificada após o torpedeamento de algumas embarcações brasileiras no Mediterrâneo e, mais tarde, no próprio Oceano Atlântico.
A divisão responsável por patrulhar a costa brasileira e garantir a segurança das embarcações mercantis dispunha de um dirigível, o US Navy K110, pertencente à Marinha dos Estados Unidos Unidos. A aeronave era parte integrante do Esquadrão ZP-42, e ficava baseada no velho hangar utilizado pelos dirigíveis da Zeppelin, em Santa Cruz, Rio de Janeiro. Ele tinha uma tripulação de 10 homens e era equipado com metralhadoras calibre 50, radar, equipamento de detecção de submarinos e quatro bombas de profundidade. Além disso, os homens a bordo ainda podiam fazer uso de fuzis BAR e revólveres. Todos tinham pára-quedas à disposição. A missão do K-110, como já dito, era escoltar os comboios de navios mercantes que eram formados na época da guerra, conduzindo-os em segurança pela costa atlântica. Apesar de alguns navios brasileiros terem sido alvos de submarinos nazistas ao longo do conflito, nenhum foi atacado quando escoltado pelo US Navy K-110.
A história de John Wheller
Em agosto de 2011, o jornalista Sergio Willians, editor deste blog, obteve contato com o veterano de guerra norte-americano, John Wheller, então com 88 anos de idade. Ex-tripulante do K110, ele se lembrava do período em que passou no Brasil atuando na patrulha de embarcações desde a cidade de Santos, onde teve a oportunidade de tirar algumas fotos a partir do dirigível durante uma viagem em 1944. Wheller atuou de dezembro de 1943 até novembro de 1944 na costa brasileira e conheceu o presidente Getúlio Vargas, que chegou a posar para as fotos no comando do K110, quando a aeronave esteve no Recife.