O cinema, nos tempos atuais, consegue extrapolar o limite da imaginação, com exibições que reúnem alta tecnologia em imagem e som, com destaques para os filmes em 3 dimensões (3D) e animações hiper-realistas. E, se hoje, as novas técnicas cinematográficas ainda surpreendem, imagine o burburinho que causou a primeira exibição pública de uma imagem em movimento, quando não havia absolutamente nada neste sentido. A coisa foi encarada quase como mágica!
Depois de vários testes e pesquisas que culminaram no invento do cinematógrafo, patenteado pelos irmãos franceses Auguste e Louis Lumière, em 13 de fevereiro de 1895, o cinema ganhou forma e iniciou uma trajetória de assombros e entusiasmos. A primeira exibição pública do invento aconteceu no dia 28 de setembro daquele ano na cidade de La Ciotat, no sudeste da França. Mas foi no Grand Café Paris, na capital francesa, cidade-luz, três meses depois, que o cinematógrafo ganhou fama mundial, com a exibição de uma sessão de dez filmes, um deles mostrando a saída de fábrica da família Lumiére (La Sortie des Usines Lumière).
O Brasil, intimamente ligado à França, não demorou em trazer a novidade para o país. Sete meses depois da exibição em Paris, o cinematógrafo dos irmãos Lumière atravessou o Atlântico e desembarcou na capital brasileira, o Rio de Janeiro. Em 8 de julho de 1896 aconteceu a primeira exibição pública do invento, utilizando um aparelho chamado Omniographo (projetor de imagens animadas através de uma série de fotografias).
A novidade do século, como muitos chamavam o cinematógrafo, chegou a Santos exatamente um ano depois de ter aportado no Brasil. Em junho de 1897, a firma Fernando & Queiroz fez durante algumas semanas exibição pública de alguns filmes produzidos na França. O espaço escolhido foi o Recreio Miramar, espaço de lazer localizado na praia do Boqueirão (na atual esquina avenida Conselheiro Nébias com a praia e fundos para a rua Dr. Oswaldo Cruz). Os jornais santistas chamavam a exibição do cinematógrafo de “fotografias animadas”, e encantou todos os que tiveram o privilégio de assisti-las.
O Miramar foi escolhido para ser o palco deste fato histórico porque era o único lugar da cidade a dispor de energia elétrica, gerada por um motor a vapor de 25 HP, com dínamo de 25KW, corrente contínua, que fornecia energia para 14 lâmpadas de arco e 120 lâmpadas de 16 velas.