Sábado, 28 de julho de 1945. Eram 13 horas, quando uma baleia jubarte (Megaptera novaeangliae)de 16 metros e 12 toneladas atravessou a Baía de Santos e entrou no canal do estuário, chamando a atenção dos navios que navegavam na direção do porto santista e de alguns poucos sitiantes do lado da ilha de Santo Amaro. O tranquilo passeio do animal marinho nas mornas águas do canal estuarino, então, acabou brutalmente interrompido por conta da ação predatória protagonizada por Manoel da Silva Troça Filho e João Alberto de Barros, empregados do Sítio Boa Esperança que, curiosos por testemunharem a passagem de um “bicho” tão grande e incomum para aquele lugar, resolveram lançarem-se à sua caça, conseguindo captura-lo em menos de uma hora.
O caso foi levado rapidamente ao capitão dos portos pelo proprietário do sítio, Adriano Dias dos Santos. O militar, por sua vez, notificou o Instituto de Pesca Marítima, cuja sede ficava no atual prédio do Museu de Pesca, para que desse conta do animal, temendo a ocorrência de algum acidente entre os navios e o animal dentro do canal de passagem ao porto. O enorme cetáceo, bastante ferido, mas ainda vivo, foi amarrado a vários barcos, sendo rebocado até as proximidades da edificação do instituto, na Ponta da Praia. Em alguns momentos houve tensão, em especial quando o animal tentou resistir, chegando a arrastar algumas embarcações, inclusive as de motor. Após quase duas horas de trabalho árduo, a jubarte foi encalhada na areia da praia, na altura do canal 6, e imediatamente se transformou numa enorme atração para a população santista. O espetáculo inusitado chamou a atenção de dezenas de curiosos, cujo número aumentava à medida que a notícia correu pelas imediações. Todos queriam ver de perto ou tocar no corpo já morto do “enorme monstro marinho”, como foi noticiado pela imprensa local e da capital.
A história foi o assunto do mês na cidade e alguns jornalistas lembraram do fato de Santos ter sido, no período colonial, um grande centro de caça à baleia, quando o óleo extraído do animal era importante para a iluminação de casas e até pública, além de uso na fabricação de lubrificante, sabão e até mesmo margarina.