Projetada pelo engenheiro-arquiteto E. Corrêa da Costa Júnior, a ampla remodelação do antigo prédio do Jockey Club deu ao Clube XV conforto, elegância e prestígio, consolidando-o como o principal ponto de encontro da elite santista.
Santos, 18 de dezembro de 1942. Em fins de 1941, o antigo prédio do Jockey Club de Santos, situado na Avenida Presidente Wilson, nº 13, começou a passar por ampla reforma. O edifício havia sido adquirido pelo Clube XV, em 16 de julho de 1934, e desde então a diretoria vinha reunindo recursos para modernizá-lo e adequá-lo às necessidades da mais antiga sociedade recreativa da cidade, fundada em 1869.
O trabalho de remodelação, projetado e executado pelo engenheiro-arquiteto E. Corrêa da Costa Júnior, foi considerado na época um desafio técnico e arquitetônico. Tratava-se de adaptar um prédio antigo e insuficiente, construído no início do Século 20, mantendo seu aspecto externo e sua estrutura principal. Mesmo com essas limitações, a reforma foi realizada com êxito, resultando em ambientes mais confortáveis, funcionais e luxuosos.
Transformações e novas instalações
O terreno lateral foi aproveitado para ampliar o edifício, permitindo a criação de novas dependências. No pavimento inferior, foram construídas instalações de cozinha e copa, salão de sinuca, salão de barbeiro e sala para jogos de xadrez. No andar superior, surgiram uma nova sala para a diretoria, dependências destinadas às senhoras e um salão de restaurante com anexos. A decoração interna foi completamente renovada, com pisos, iluminação e mobiliário modernos, além da instalação de um sistema interno de telefonia, campainhas, som ambiente e monta-pratos elétrico.
O salão de baile e as melhorias gerais
O tradicional salão de baile manteve suas dimensões originais, mas recebeu piso de parquet de embuia, colunas estilizadas com capitéis bronzeados e nova pintura em tons de verde-pálido e ouro-velho. Foi também criado um palco luminoso para orquestra, com camarim e entrada independente. O salão de jogos passou a contar com ventilação forçada e iluminação fluorescente, considerada uma novidade para a época.
Centro da vida social santista
Após a reforma, o Clube XV consolidou-se como o principal ponto de encontro da sociedade santista. A sede reformada passou a sediar bailes de aniversário, festas de primavera, eventos carnavalescos e réveillons que atraíam grande público e repercutiam nacionalmente. O ambiente elegante e acolhedor também favorecia o convívio diário dos associados — os cafés após o jantar, as conversas na biblioteca sobre política e comércio, os almoços dominicais e as tradicionais “domingueiras”, animadas por Alfredo Simoney, pai do ator Ney Latorraca.
Com a conclusão das obras em 1942, o Clube XV iniciava um novo período de prosperidade, tornando-se referência de elegância e tradição, símbolo de uma Santos em expansão, que conciliava o progresso urbano com o apreço por seus espaços históricos e de convivência social.
