O domingo em que Papai Noel desceu do céu no Gonzaga

Papai Noel chegou ao Natal de 1961 em Santos em grande estilo

Santos, 17 de dezembro de 1961. Aquele domingo amanheceu diferente, com a cidade inteira tomada por uma expectativa alegre que se espalhava desde cedo pelo Gonzaga. Era o dia em que Papai Noel, em versão moderníssima para os padrões da época, desembarcaria não de trenó, mas de helicóptero da Força Aérea Brasileira, tomando de surpresa até os adultos mais céticos. Quando o ronco das hélices surgiu ao longe, a criançada correu para a beira da areia, olhos espichados para o céu, enquanto a multidão crescia a cada minuto. Bastou o aparelho baixar na praia para que o Gonzaga se transformasse num palco de festa, numa recepção apoteótica que marcou o imaginário santista. Como promoção do Conselho Municipal de Turismo, aquele domingo ganhou ares de espetáculo, inteiramente dedicado aos pequenos da cidade.

Tão logo chegou à praia, o Bom Velhinho foi recebido com entusiasmo pelas crianças, ao lado do presidente do Conselho Municipal de Turismo, Jorge Bechara

O helicóptero no Gonzaga

Às 10 horas em ponto, o helicóptero tocou a areia sob aplausos intermináveis. Papai Noel, cuidadosamente escoltado pelo público entusiasmado, foi conduzido ao palanque oficial, onde o então prefeito José Gomes, acompanhado do presidente do Conselho Municipal de Turismo, Jorge Bechara, entregou-lhe a chave simbólica da cidade. O “Bom Velhinho”, ao microfone, retribuiu a saudação com palavras afetuosas às autoridades e, principalmente, às crianças santistas, que o escutavam como quem presencia um milagre de Natal acontecer diante dos próprios olhos.

Desfile em carro aberto pela avenida da orla, entre o Gonzaga e o Boqueirão.

O desfile pela Avenida Vicente de Carvalho

Em seguida, começou o grande desfile pela avenida Vicente de Carvalho, do Gonzaga ao Boqueirão. Integraram-se ao cortejo a banda do Abrigo e Triagem de Menores, o Clube da Criança, o conjunto musical da Refinaria Presidente Bernardes, além da banda do Educandário Anália Franco, regida pelo maestro Burgos. Entre aplausos, câmeras fotográficas e mãos acenando sem parar, surgiu no final a monumental carruagem com o sorridente Papai Noel, que distribuiu milhares de pirulitos Kibon ao delírio da garotada.

A apoteose no Boqueirão

O encerramento, por volta das 11 horas, ocorreu na avenida Conselheiro Nébias, altura da Epitácio Pessoa, sob novas manifestações de carinho. O conjunto do Clube da Criança ainda prestou homenagem ao “Bom Velhinho” cantando, em coro, o hino “Cidade de Santos”, gesto que emocionou quem acompanhava a festa desde cedo. Tudo transcorreu sem falhas, graças ao policiamento conduzido pelo inspetor Sebastião L. Almeida e ao serviço de trânsito sob direção pessoal do dr. Benedito Lellis, que garantiu ordem e fluidez mesmo com a multidão ocupando areia e asfalto.

Foi um domingo inesquecível, desses que a memória de Santos guardou com carinho. O Papai Noel de 1961, moderno, simpático e aéreo, deixou sua marca pela alegria coletiva que espalhou em cada rosto infantil naquele dia luminoso de dezembro.