Herói santista da Revolução: Abel Simões de Carvalho

Abel Simões de Carvalho integrou a geração de jovens santistas que, em 1932, apresentou-se espontaneamente para defender o movimento constitucionalista. Nascido em Santos em 26 de agosto de 1912, filho de Antônio S. Carvalho e de Maria N. de Carvalho, viveu a juventude na Vila Mathias, onde residia na Rua Rangel Pestana, 53. Estudou no Instituto Comercial Santista e trabalhava no comércio quando decidiu alistar-se na Falange Acadêmica, agrupamento que reunia estudantes empenhados na causa paulista. Incorporado ao 9.º B.C.R., seguiu para Vila Queimada e, em 30 de julho daquele ano, partiu de Santos rumo ao interior, onde se juntou aos demais voluntários enviados para o front.

A trajetória de Abel no conflito terminou de forma trágica. No último dia de agosto de 1932, enquanto ocupava uma trincheira no Morro Verde, foi atingido por estilhaços de uma granada de artilharia. O ferimento foi fatal, e ele faleceu em 1.º de setembro, sendo sepultado no próprio local do combate. Seu nome passou a figurar entre os santistas mortos durante a Revolução, e sua família preservou a memória de sua curta, porém contundente, participação na defesa dos ideais constitucionais.

Logo após a guerra, cogitou-se reunir os restos mortais dos combatentes santistas em um mausoléu no Cemitério do Paquetá, proposta que acabou não se concretizando. Em 1956, a cidade inaugurou na Praça José Bonifácio o grande monumento “Filhos de Bandeirantes”, obra do escultor Antelo Del Debbio, concebido para recepcionar os despojos dos revolucionários. A escultura, com mais de 15 metros de altura, tornou-se um dos mais expressivos monumentos cívicos do Estado de São Paulo. No entanto, um problema técnico identificado logo após a inauguração impediu que os restos mortais fossem depositados sob sua base de granito, o que manteve, por décadas, os corpos dos combatentes dispersos em cemitérios e antigos campos de batalha. Somente em 1982 a situação foi finalmente resolvida, com a criação do Mausoléu do Soldado Constitucionalista no Cemitério da Areia Branca, que passou a reunir os despojos dos heróis santistas da Revolução.

Homenagem com nome de rua

Em 1969, Santos decidiu registrar oficialmente a memória de Abel Simões de Carvalho em sua malha urbana. Pelo Decreto Municipal n.º 3.664, de 9 de abril daquele ano, o prefeito Silvio Fernandes Lopes denominou “Rua Abel Simões de Carvalho” a antiga Rua Aprovada B, na Ponta da Praia. A justificativa destacava sua condição de voluntário santista e afirmava a importância de eternizar, nas vias públicas, os nomes dos que tombaram em 1932.

Pouco tempo depois, a administração municipal redefiniu o local da homenagem, transferindo o nome para outra via: a antiga Rua Aprovada n.º 615, situada no Jardim São Manoel, entre a Rua Nicolau Moran e a Praça 625. Desde então, o logradouro mantém viva a lembrança do jovem santista que deixou a cidade em defesa da Constituição e não retornou.

Batalhão de Caçadores no interior