O Aquário Municipal de Santos, o mais antigo do Brasil, possui várias histórias interessantes, como o da Foca Krikri, que emocionou os santistas nos anos 1970.
Era uma terça-feira, dia 5 de julho de 1977. Um estranho animal marinho perambulava mansamente pelas escuras águas estuarinas do porto, quando foi notado por um atento vigilante da empresa Dow Química, do Guarujá. Alarmado com a presença do bicho, que possuía cerca de 1,80 metros de comprimento, o vigia rapidamente ligou para o Aquário de Santos que, prontamente, enviou uma equipe composta por onze homens para cuidar do caso.
Ao defrontarem-se diante de uma foca de grande porte, os funcionários do Aquário resolveram captura-la, para que não corresse o risco de ser machucada por alguma das embarcações que circulavam pelo canal do porto. O animal, então, foi conduzido até a faixa de areia da Ponta da Praia, onde passou a noite, uma vez que fora impossível conduzi-la até o tanque naquele final de dia.
A foca foi transportada no dia seguinte ao tanque do Aquário e passou a fazer companhia ao leão marinho Macaé, que já morava no local havia pouco mais de um ano. A nova atração logo despertou curiosidade entre os santistas, assim como o desejo por lhe dar logo um nome.
Interessado pelo caso, o jornal Cidade de Santos (extinto), promoveu uma espécie de concurso, em que o ganhador teria o privilégio de participar de um evento simbólico de batismo no próprio Aquário. O que se viu a partir do dia seguinte foi o espírito criativo do santista. Logo de partida, surgiram sugestões como: Juliano, por conta do mês em que foi achada, julho; Claudio Coutinho, em homenagem ao então técnico da seleção brasileira de futebol; e Excelsior, em referência ao prédio inclinado da praia do Embaré. Nos dias que se seguiram, chovia cartas na redação do jornal, com propostas como: Chaplin, Dino, Dow, Joca, Marco Polo, Tremendão, Dona Xepa, Lord, Flipper, entre dezenas de outros nomes.
O concurso incomodou o então prefeito Antonio Manoel de Carvalho, que resolveu acabar de vez com a brincadeira e batizou à força a foca com o nome “Farofeiro”, dizendo ter sido uma sugestão vinda de turistas. Mas a ação autoritária não teve eco na cidade, que continuou participando da contenda, até que o nome “KriKri”, enviado pelo santista Waldenei Gonçalves de Barros, acabou escolhido. Ela, assim, foi batizada oficialmente e legitimamente pelo povo santista.
Infelizmente, Krikri não viveu por muito tempo. Ferida, a foca acabou morrendo depois de ter vivido durante quatro meses e oito dias no Aquário santista, tornando-se polêmica, mas sobretudo, alegrando o coração das crianças de todas as idades.