Maior avenida da cidade, Conselheiro Nébias foi a pioneira como rota do transporte público, oferecimento de iluminação elétrica e atrativos turísticos da terra santista.
Câmara Municipal de Santos, Largo da Cadeia, 10 de fevereiro de 1887. O vereador Félix Bento Viana presidia tranquilamente a sessão ordinária da semana, conduzindo as várias pautas importantes do dia. Uma delas, indicação do vereador João Manuel Alfaia Rodrigues Júnior, propunha à municipalidade a troca de nome de um dos mais importantes caminhos da cidade santista, a Rua Otaviana, aberta alguns anos antes como alternativa mais viável ao Velho Caminho da Barra. Porém, sem a manutenção necessária, a via se encontrava à beira do abandono, “um verdadeiro charco que necessita de melhorias urgentes”, como apontado nos despachos produzidos pela equipe de engenheiros da Câmara Municipal (vale lembrar que não existia a figura institucional da Prefeitura, criada em Santos somente a partir de 1908).
Sem tirar o mérito da importância do nome anterior, uma alusão a João Otávio Nébias , a ideia de Alfaia era prestar uma justa homenagem ao ilustríssimo santista Joaquim Otávio Nébias, justamente o filho do homenageado anterior. Figura popularmente conhecido pelos santistas como o “Conselheiro Nébias”, pelo fato de ocupar o papel de um dos principais membros do Conselho Imperial, no período de D.Pedro II, Joaquim era muito admirado na cidade. Para muitos historiadores, o Conselheiro Nébias foi, junto com irmãos Andradas, os irmãos Alexandre e Bartholomeu de Gusmão e o Visconde de São Leopoldo, um dos maiores vultos da história santista.
Joaquim Otávio Nébias nasceu em 1811 e ocupou vários cargos públicos. Foi juiz municipal de Santos (1834), deputado provincial (1835), sendo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado à Câmara Geral em 1859-1860, governador do Rio Grande do Sul (1852) e de São Paulo (1852), senador do Império em 1856, Ministro da Justiça e conselheiro imperial de D. Pedro II. Faleceu em 1872, aos 61 anos de idade, fato que gerou grande comoção na terra santista.
A propositura de Alfaia, diante do tamanho da homenagem, foi aceita por unanimidade e festejada pela cidade, que passou a cuidar com mais carinho do novo caminho para a Barra.
Ao longo do tempo, o logradouro foi ganhando corpo e importância dentro da cidade. Seu processo de urbanização iniciou em 1892, quando a Câmara Municipal aprovou a construção de uma ponte mais sólida de capacitada sobre o Rio dos Soldados.
A via, que já tinha sido pioneira na questão do transporte público (foi nela que instalaram os primeiros trilhos de bondes, puxado a tração animal), em 1871, também saiu na frente na questão da iluminação pública. A Conselheiro Nébias foi a primeira a oferecer luminação elétrica, com a instalação de 12 Lâmpadas alimentadas por um dínamo impulsionado por motor. Mesmo não sendo considerado o mais adequado, a luz emitida pelas lâmpadas elétricas era bem mais intensa do que as apresentadas pelas antigas lâmpadas à gás.
No final do século XIX, a avenida recebia de braços abertos o Compleso Miramar, espaço de lazer e cassino, inaugurado em 1896, onde aconteceram os primeiros grandes bailes de Carnaval da cidade. O local também foi palco das primeiras exibições de cinema em Santos (1897) e primeiro abrigo da Rádio Clube, a primeira estação de rádio da cidade (1925). Do outro lado, o Parque Indígena, uma espécie de chácara onde eram cultivadas centenas de orquídeas de diferentes tipos, propriedade de Júlio Conceição. Foi esta coleção de orquídeas que originou o Orquidário Municipal.
Em 1914, já com a existência da Prefeitura, instalada nos casarões do Largo São Bento (que será ocupado pelo Museu Pelé), o então prefeito Carlos Afonseca ordenou à Companhia Brasileira de Calçamentos Aperfeiçoados a execução de obras de asfaltamento.
A Conselheiro já era a este tempo, disparada, a maior artéria da cidade santista. Isso atraiu um grande número de empresários e cidadãos abastados, que ergueram suas mansões e negócios ao longo da avenida.
Até os dias de hoje a surpreendente Conselheiro Nébias nos fascina, com suas histórias e mescla de velhos e novos edifícios, um patrimônio santista.
Veja abaixo algumas famosas ocupações na Conselheiro Nébias: