São inegáveis a relação e a intimidade de Santos com a mais popular das festas brasileiras: o Carnaval. A cidade sempre ocupou no cenário nacional uma posição de altíssimo destaque e a história só comprova esse fato irrefutável. Os santistas brincam a folia de Momo desde os tempos de transição do Entrudo para uma expressividade mais comportada, registrada em 1858. Dali em diante, Santos viu nascer e florescer várias facetas do Carnaval, com seus blocos, ranchos, bailes de máscara, bandas, corsos, escolas de samba, patuscadas, bailes nos clubes, etc.
O Carnaval santista sempre foi levado muito a sério, não só como forma de expressão do seu povo, mas como uma alternativa econômica importante, haja visto o número de pessoas que desciam a Serra do Mar apenas para brincar nas ruas e salões santistas.
No pós-Guerra, em especial nos anos 1950, o Carnaval de Santos disparou para a notoriedade nacional, sendo considerado o segundo do país, perdendo apenas para a cidade mais internacional do Brasil, o Rio de Janeiro. Prova disso foram as inúmeras coberturas jornalísticas, produzidas pelos maiores órgãos de imprensa do país. Era muito comum se ver estampado em manchetes de jornais e revistas a alegria da Festa de Momo de Santos. Até mesmo a Corte Carnavalesca era famosa, em especial o Rei Momo Waldemar Esteves da Cunha, o mais longevo da história nacional (50 anos de reinado).
Neste post, o Memória Santista resgata uma reportagem produzida para a revista Manchete, edição 357, de 21 de fevereiro de 1959. Nela, faz-se uma referência à liderança do Carnaval de Santos no Estado de São Paulo, e à promoção do Baile Oficial de Santos, realizado nos salões nobres do luxuoso Parque Balneário Hotel, com direito a decoração do renomado artista Clóvis Graciano.
SANTOS, CAPITAL PAULISTA DO CARNAVAL DE 1959
Fotos de Geraldo Mori
O Conselho Municipal de Turismo, de Santos, está disposto a transformar aquela cidade na “capital” carnavalesca de São Paulo. E este ano já pôs mãos à obra, promovendo o primeiro (e sensacional) Baile Oficial, realizado no Parque Balneário, todo decorado pelo pintor Clóvis Graciano, com concurso de fantasias, prêmios, etc.
Tal decisão se originou no fato de que nada menos de 300 mil paulistanos, “fugindo” ao Carnaval, procuram habitualmente as praias santistas ou as das cidades vizinhas de São Vicente e Guarujá. Nada mais justo, portanto, que proporcionar a essa gente uma oportunidade para divertir-se durante dias de Momo. Tanto mais que para o Guarujá reflui a maioria dos nomes que movimentam o “society” paulistano e para São Vicente, os “paulistas de 400 anos”.
Toda a cidade foi, este ano, convenientemente decorada, inclusive com iluminação especial, e nada menos de seis bailes espetaculares foram programados, além de desfile de carros alegóricos, batalhas de confete, etc. Até o famoso “Baile das Quatro Artes”, promovido tradicionalmente pelo Clube dos Artistas (o célebre Clubinho), da Capital, foi incorporado o carnaval santista.
O Parque Balneário dispõe de imensos salões, além de jardins e um certo “chic” dos velhos hotéis estilo europeu, o que contribui bastante para dar “substância” à folia. O primeiro Baile Oficial monopolizou os foliões de São Paulo e pôs Santos na ordem do dia. A expectativa era tamanha, que enorme massa cercava o Parque, para, como acontece no Municipal do Rio, assistir à entrada.
Resultado: alegria grossa, fantasias espetaculares, toda a “gente bem” presente. Venceram o concurso de fantasias: 1º lugar – a Sra. Blanca da Silva, com a “Rainha Negra”; 2º – Sra. Maria Silva, com “Passarinho”; 3º – Srta. Virgínia Carneiro da Cunha Pais Barreto, com “Toureiro”. Cento e cinquenta mil cruzeiros em prêmios foram distribuídos no Baile Oficial, sem falar, naturalmente, da alegria que jorrou de graça, a noite inteira, no Parque Balneário.