Santos, segunda-feira, 16 de agosto de 1965. O plenário e a galeria da sala de sessões da Câmara Municipal de Santos transbordavam de gente. Vereadores, amigos, autoridades, convidados, funcionários, dirigentes e apaixonados pelo Santos Futebol Clube ocupavam cada canto da elegante Sala Princesa Isabel, atraídos pelo desejo de testemunhar um raro momento de gratidão e honra. A cidade, em seu reconhecimento máximo, concedia o título de “Cidadão Santista” a mais do que um homem nascido em outra terra (no caso, em Três Corações, Minas Gerais); mas a alguém que, com cada passo, com força e talento incomparáveis, espalhava o espírito santista pelo mundo. Naquela noite de segunda-feira, agosto de 1965, os santistas rendiam mais uma homenagem ao embaixador do futebol, aquele que, entre os mortais, ascendera ao trono: Edson Arantes do Nascimento, o eterno Pelé.
Pelé chegou em meio a uma grande celebração e foi conduzido à primeira fileira do plenário, onde se sentavam os vereadores em suas sessões. Já estavam ali o prefeito municipal, Silvio Fernandes Lopes, o deputado federal Antônio Ezequiel Feliciano da Silva e os pais de Edson, João Ramos do Nascimento, o Dondinho, e dona Celeste Arantes do Nascimento. O evento teve início com a saudação ao homenageado pelo vereador Aristóteles Ferreira, que, em um discurso inspirado, relembrou a trajetória esportiva de Pelé desde sua chegada a Santos, em julho de 1956, trazido pelas mãos de Waldemar de Brito.
Após o discurso do vereador Aristóteles, a Câmara Municipal de Santos homenageou os pais de Pelé em uma cerimônia conduzida pelo deputado federal Feliciano da Silva. Ao mesmo tempo, Pelé recebeu das mãos do prefeito Silvio Fernandes Lopes o diploma de “Cidadão Santista”. Em seu discurso, o homenageado falou sobre o papel de ser um símbolo brasileiro e do amor que nutria pela cidade de Santos, que o acolhera com tanto carinho quase uma década antes. Diversos atletas do Santos Futebol Clube, como José Macia, o Pepe, também foram agraciados pela Câmara com medalhas de ouro em agradecimento aos títulos internacionais conquistados pela equipe. A medalha de Pelé foi entregue pelo bispo diocesano de Santos, Dom Idílio José Soares.
A sessão extraordinária foi conduzida pelo presidente da Câmara Municipal, Álvaro Fontes.
