Conferentes da Alfândega de Santos confundem cabelo artificial como sendo cabelo humano

Tá pensando que esse negócio de aplique de cabelo é coisa nova? Pois saiba que em março de 1878, ou seja, há 136 anos, um lote de cabelos artificiais desembarcou no Porto de Santos com destino ao comércio da capital paulista e movimentou sobremaneira o mercado da beleza. O negócio figurava como o supra sumo do desejo feminino da época, ideal para a feitura de tranças vistosas e “chiques”.

O produto era tão perfeito que um estabelecimento paulistano, a LOJA DA BARATEZA, publicou anúncio nos jornais da capital alardeando aos quatro campos que até “os senhores conferentes da Alfândega de Santos, peritos na matéria, atestaram que os fios eram de cabelo humano e não imitação”.

Não se tem notícias se houve algum tipo de inquérito administrativo para apurar a suposta “mancada” dos conferentes alfandegários santistas “peritos” em cabeleiras. Mas, certamente, causou muita estranheza a alegação marqueteira da LOJA DA BARATEZA em divulgar o engano dos responsáveis em tributar produtos importados.

Afinal, qual seria o imposto de fios artificiais? Seriam semelhantes ao de cabelos humanos?

Discussões tributárias à parte, as senhoras paulistanas passaram a ostentar cabeleiras “Made in Paris”.

Loja da Barateza (Ramos de Paiva & Comp., Rua do Rosário, 15, S. Paulo) - Tranças artificiais p/senhora, que conferentes da Alfândega de Santos atestaram como sendo de cabelo humano Publicado no jornal A Provincia de São Paulo em 29 de março de 1878, página 3 (Acervo Estadão). Fonte: Site Novo Milênio
Loja da Barateza (Ramos de Paiva & Comp., Rua do Rosário, 15, S. Paulo) – Tranças artificiais p/senhora, que conferentes da Alfândega de Santos atestaram como sendo de cabelo humano
Publicado no jornal A Província de São Paulo em 29 de março de 1878, página 3 (Acervo Estadão). Fonte: Site Novo Milênio
As donzelas da década de 1880 cuidavam da beleza com produtos que desembarcavam em Santos, vindas de Paris.
As donzelas da década de 1880 cuidavam da beleza com produtos que desembarcavam em Santos, vindas de Paris.Cabelo artificial para confecção de tranças era um desses produtos bastante disputados.
A moda parisiense ditava a paulistana.
A moda parisiense ditava a paulistana.

 

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