Conjunto do Carmo, patrimônio nacional, santista

Considerado uma das maiores preciosidades do barroco brasileiro, o Conjunto do Carmo, construído no período colonial, é registrado como Patrimônio Nacional desde 1940.

O primeiro convento da cidade abrigou os frades da ordem dos Carmelitas, que desembarcaram em Santos no final da década de 1580. Ao chegarem na pequena vila portuária, foram gentilmente recebidos por José Adorno, proprietário de um grande engenho, e sua esposa, Catharina Monteiro. A relação dos frades com os Adorno foi tão afetuosa que os “santistas” doaram, em 24 de abril de 1589, a capela de Nossa Senhora das Graças para que eles a utilizassem como sede provisória da Ordem.

Envolvidos com a vida da pequena vila, os carmelitas conquistaram também o coração do fundador Braz Cubas, a ponto de receberem do capitão-mor a gleba de terra onde se encontrava a capela, em 31 de agosto de 1589, para que eles, ali, fundassem as bases de seu convento. Dez anos depois, em 1599, eles comprariam o terreno definitivo para a construção do complexo, já no local onde até hoje está situado, na atual Praça Barão do Rio Branco. E pagariam uma boa quantia para a época.

Com o convento, a vila santista viu crescer o número de religiosos. Em 1635, a comunidade era formada por cinco frades; em 1640, eles passariam a ser seis, número que permaneceu até 1710, ano em que os carmelitas passaram a contar com oito frades. Em 1734, esse número atingira uma dezena, divididos em cargos: um prior, um sub-prior, um notário, dois clavários e cinco frades. Assim foi até o ano de 1785, ano em que passou a contar com 12 religiosos. Foi nesse período, em 1752, que os carmelitas construiriam a Capela da Ordem Terceira.

A partir do final da década de 1780, a Ordem do Carmo começou a enfrentar um período difícil, em razão dos problemas políticos entre o Vaticano e alguns reinos europeus. Vários conventos foram suprimidos no Velho Mundo e a Rainha de Portugal, D.Maria, acabou acatando o pedido do Papa Pio VI, para que centralizasse no Rio de Janeiro a administração apostólica carmelita. Diante disso, o convento de Santos, além de ter de dispensar praticamente todos os frades (só sobrou um para tomar conta do complexo do Carmo), teve que entregar todos os móveis ao visitador apostólico, d. José Joaquim Mascarenhas Castello Branco, então bispo do Rio de Janeiro. Assim, foram enviados à capital da Colônia, além dos bens móveis, alfaias da igreja, pratarias, arquivo e os mais belos tesouros do secular convento santista.

Em 1855, o Imperador D.Pedro II proibiu a aceitação de noviços, o que dificultou ainda mais os trabalhos da Ordem na cidade. Com o convento vazio, as atividades do Carmo se restringiam às missas.

Em 10 de agosto de 1889, uma novidade veio trazer uma nova luz ao Carmo. Uma comissão composta por Antonio de Lacerda Franco, Ernesto Cândido Gomes e Affonso de Vergueiro, pediu ao cônego licença para erigir no desocupado convento um mausoléu para o patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, o que foi prontamente aceito (Em 1924, os restos mortais do herói nacional seriam transladados para um Panteão, construído no local da antiga portaria do convento).

Em 1906, os frades carmelitas holandeses retomaram o convento e deram novo ânimo à Ordem e, em 17 de fevereiro de 1917 era fundado o Colégio do Carmo, ocupando a parte do prédio do convento que dava para a esquina da Praça Barão do Rio Branco com a Rua Augusto Severo. O colégio se manteve neste endereço até 1959, quando se transferiu para a Ponta da Praia. A escola ficaria nas mãos dos carmelitas até 1975, quando a instituição acabou vendida a particulares. Os padres concentrariam seu foco na igreja.

Patrimônio Nacional
O Conjunto do Carmo de Santos é considerado uma das maiores preciosidades do barroco brasileiro. Desde 1940 é considerado Patrimônio Nacional. Possui duas igrejas: a Venerável Ordem Terceira do Carmo (século XVIII), que se destaca pelos altares de madeira de estilo rococó, pelas telas do frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819) e pela pia de água benta de 1710; e a igreja dos Freis Carmelitas, bem mais antiga (1599), onde está o Convento, tombado pelo Condephaat desde 1981.

Nossa Senhora do Carmo
Também conhecida por Nossa Senhora do Monte Carmelo, é mais um dos títulos consagrados à Virgem Maria. Sua principal característica é o fato de carregar consigo o escapulário, representando estar a serviço do Reino de Deus. O artefato traz ainda muitas indulgências, graças e benefícios espirituais a quem assume o sinal e a proposta como seus. A data de Nossa Senhora do Monte Carmelo é 16 de Julho.

Conjunto do Carmo, na década de 1880. Estruturas mais antigas de Santos, datada do final da década de 1580.
Conjunto do Carmo, na década de 1880. Estruturas mais antigas de Santos, datada do final da década de 1580.
Postal dos anos 1910.
Postal dos anos 1910, mostra o chafariz da Martim Afonso em primeiro plano.
Igreja do Carmo em 1900.
Igreja do Carmo em 1900.
Igreja do Carmo em 1939.
Igreja do Carmo em 1939.
Igreja do Carmo nos anos 1970
Igreja do Carmo nos anos 1970

 

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