Correspondente da CBS na América Latina, Sorensen fez ampla cobertura sobre o comércio de café e ainda registrou várias cenas do dia a dia santista. Cinquenta anos depois, suas fotos são resgatadas em site de universidade norte-americana.
Em função de sua importância histórica para a economia brasileira, Santos, principal cidade portuária do país, vez em quando recebia a visita de fotógrafos e jornalistas oriundos das mais diversas nações, que aqui aportavam em busca de histórias e imagens icônicas, que pudessem ser “degustadas” por seus leitores e outros interessados pelas vidas e atividades dos mais distantes rincões e suas culturas peculiares.
Este era o trabalho, por exemplo, do explorador, geógrafo, editor e correspondente estrangeiro da CBS (Columbia Broadcasting System), Clarence Woodrow Sorensen. No início dos anos 1960, o norte-americano, nascido em 1907 no estado do Nebraska, fez um giro por vários países sul-americanos em busca de imagens sobre a vida, o trabalho e eventos históricos das culturas latinas. Com o vasto material recolhido, Sorensen (que é descendente de imigrantes dinamarqueses – filho de Jens Christian Sorensen e Ane “Annie” Madsen Sorensen), produziu alguns livros didáticos de geografia, o que lhe garantiu, algum tempo depois, o título de membro da Royal Geographical Society of London.
Durante as extensas viagens que empreendeu ao redor do globo, entre os anos 1940 e 1970, Sorensen esteve acompanhado do fotógrafo Eugene V. Harris, com quem produziu, em parceria, mais de 64.000 belos slides Kodachrome.
A passagem por Santos
Clarence Woodrow Sorensen esteve em Santos no mês de junho de 1962. O Brasil havia acabado de conquistar o segundo título mundial de futebol, na Copa do Chile. Desta feita, o norte-americano testemunhou a alegria incontida de um país em absoluta festa, ainda mais na cidade santista, berço de nada menos do que a melhor e mais respeitável equipe futebolística do planeta, campeã da América e do mundo no ano anterior (1961) e franco favorita para a conquista do bicampeonato sul-americano daquele ano.
Porém, a despeito da interessante temática a ser explorada, o jornalista optou em registrar cenas do cotidiano santista e, em especial, sobre a cadeia econômica que girava em torno do café. Afinal, o porto santista era uma referência mundial na exportação do valioso produto. O trabalho dos corretores, degustadores e estivadores não passou desapercebido pelas lentes de Sorensen e Harris. Belas e instigantes imagens foram produzidas dentro da temática, mas outras do dia a dia, como a de um jornaleiro do Centro da cidade, encantavam pela estética e sensibilidade.
Sorensen foi ao porto, passeou pelas ruas da cidade, visitou a bolsa do café, conheceu o trabalho realizado na Associação Comercial de Santos e chegou a curtir um dia de sol na praia, chegando, inclusive a fotografar grupos de rapazes praticando vôlei e futebol na areia. Do alto do Monte Serrat, apontou suas lentes para as duas faces clássicas: ao norte pegando toda a vista do Centro, captando a imagem de prédios importantes, como o da Western Telegraph (que seria demolido nos anos 1970); e ao sul, pegando a belíssima avenida Ana Costa e suas majestosas palmeiras. O jornalista levou consigo, na bagagem, imagens importantes de um período especial, que logo seria interrompido em função do Golpe de 1964.
Imagens resgatadas
Mais de cincoenta anos depois, eis que a produção de Clarence Woodrow Sorensen emerge por meio da tecnologia. Desde 2001, seguindo uma tendência mundial, a Universidade de Winsconsin, sediada na cidade de Milwaukee, iniciou um programa de digitalização e organização dos acervos fotográficos sob sua guarda, entre eles o de Sorensen, composto por mais de 15 mil imagens. Entre as fotografias, as da cidade de Santos. Neste artigo, o Memória Santista separa algumas delas para compartilhar.