Dia 12 de fevereiro de 1911, rua Senador Feijó, 62. Um grupo de jovens esportistas se reúne para decidir pela formação de um novo clube de remo na cidade de Santos. O esporte, o mais popular na cidade, refletindo o que ocorria em todo o país, já vinha sendo praticado desde o final do século anterior nas águas estuarinas santista. A cidade portuária paulista figurava como a pioneira na introdução da atividade náutica esportiva, com os clubes “Nacional” e “Internacional”, que acabaram se fundindo para formar o Clube de Regatas Santista, em 1893. Logo depois vieram o Clube Internacional de Regatas (1898) e o Clube de Regatas Saldanha da Gama (1903). Apesar da boa quantidade de agremiações, muitos jovens nascidos em Portugal ou descendentes diretos de pais portugueses, decidiram formar um clube onde se sentissem mais à vontade para cultuar as tradições lusitanas. E assim, reunidos num pequeno sobrado da Vila Nova, decidiram fundar o Clube de Regatas Pedro Álvares Cabral.
Quando o nome do descobridor do Brasil foi colocado à apreciação dos presentes, alguns se manifestaram contrário à proposta, por entenderem que o nome era demasiado grande para um clube esportivo.
– Por que não Vasco da Gama? O nosso herói das Índias?
Enquanto uns olhavam para os outros, alguns aplausos foram ouvidos. Clube de Regatas Vasco da Gama. Não era um nome tão menor do que a primeira opção, mas soava mas agradável.
Assim, com a aprovação da maioria dos presentes, nascia um dos clubes mais tradicionais da história santista, detentor de conquistas épicas, como a do remador José Ferreira, um reserva de luxo da Seleção Paulista de Remo de 1921, que na sua estreia na Baía da Guanabara, desbancou todos os favoritos e quebrou mais de vinte anos de hegemonia carioca no Campeonato Brasileiro de Remo. Chamado de sortudo de primeira viagem, Ferreira seria tricampeão, conquistando em 1922 e 1924 o mesmo título na capital brasileira.
Da primeira sede, na modesta casa da Senador Feijó, o Vasco se transferiu para a Ilha Barnabé, onde tinha sua garagem de barcos, muitos deles comprados de estaleiros na Europa.
Foi para a Ponta da Praia em 1926, acompanhando os seus coirmãos Internacional, Saldanha e Santista. O clube teve grandes equipes de remo, de basquete, de vôlei, de atletismo e tantos outros esportes, cedendo inúmeros atletas para os Jogos Abertos do Interior, numa época em que Santos era a cidade mais temida do país em se tratando de esportes olímpicos.
Hoje, aos 103 anos de idade, parcialmente revitalizado e modernizado, o Vasco da Gama guarda apenas a memória de conquistas épicas no esporte. Mas sua aura permanece na vida santista, tal qual o espírito desbravador do homenageado, o herói das Índias, o primeiro homem a cruzar o temido Cabo da Boa Esperança.