No mundo pós Segunda Grande Guerra Mundial, todos começavam a retomar sua vida, de maneira mais aliviada. A Europa se reconstruía e o Brasil voltava a experimentar as novidades que surgiam em diversos setores, como na gastronomia. Os santistas, acostumados a testemunhar primeiro o que vinha de fora, conheceram no final dos anos 1940 as famosas máquinas para a produção de sorvete cremoso em pequena escala (não industrial).
Vale dizer que o sorvete, introduzido no Brasil ainda no século 19 (na verdade eram mais parecidos com raspadinhas – gelo raspado e suco de frutas) demorou para ganhar consistência. Somente em 1941 é que o doce gelado começou a ser produzido em larga escala (industrial), quando nos galpões alugados da falida fábrica de sorvetes Gato Preto, do Rio de Janeiro, instalou-se a U.S. Harkson do Brasil, a primeira indústria brasileira de sorvete. Seu primeiro lançamento, em 1942, foi o Eski-bon, seguido pelo Chicabon. Dezoito anos depois (1960), a Harkson mudou o seu nome para Kibon.
Porém, a quantidade produzida, aliada à dificuldade de transporte refrigerado na época, não atendia a demanda. Foi então que começou-se a fabricar equipamentos para produções em pequena escala, basicamente para uso de confeitarias e doceiras nas cidades.
Logo que a novidade veio para o mercado, a famosa casa “Leiteria e Confeitaria A Paulista” (não confundir com o Café Paulista), de propriedade da firma Magni & Cia, localizada à rua João pessoa 36, resolveu investir no equipamento. Os seus proprietários, correspondendo à preferência que vinha sendo dispensada pelo público santista, introduziu os novos e importantes melhoramentos nas suas instalações no final de 1947.
A Leiteria reservou boa parte de seu espaço físico à sorveteria, instalando amplos balcões de granito e prateleiras de cristais, além de outras peças que guarneciam o recinto, tudo disposto em estilo elegante e harmonioso, cujos trabalhos de montagem estiveram a cargo da firma A. Martins & Cia. Ltda.
Tão logo abriu as portas para o público local e veranistas de passagem pela cidade, “A Paulista” testemunhou um grande número de clientes ávidos para experimentar os deliciosos sorvetes cremosos, fabricados nos sabores creme, coco, abacaxi e “spumoni” com “chantilly”. O local também servia toda sorte de refrescos, fazendo lotar as mesinhas dispostas no amplo salão da casa.
Infelizmente, a Leiteria e Confeitaria fechou suas portas nos idos dos anos 1960.