O bairro é o da Encruzilhada, embora muitos moradores das redondezas insistem em afirmar que o lugar esteja dentro da área geográfica da Vila Mathias. Independentemente de onde se situe, a Praça Padre Champagnat é um marco importante para uma região que teve, em ainda possui, “moradores ilustres e antigos”, como a Assistência à Infância de Santos – Gota de Leite (1914), o Clube Atlético Santista (1913) e a velha fábrica “A Leoneza” (1904 – mas já extinta).
Na própria praça há um equipamento que fez história: a antiga estação retificadora para ônibus elétricos, batizada de Sócrates Aranha de Menezes (vereador, membro do Conselho Diretor do Serviço Municipal de Transportes Coletivos – SMTC – e prefeito municipal por nomeação do governo do Estado de São Paulo, de 19/12/1950 a 19/03/1951) por meio do decreto 3.220, de 21 de outubro de 1966, assinado pelo então prefeito Sílvio Fernandes Lopes. A estrutura abriga hoje a sede da Sociedade de Melhoramentos do Bairro da Encruzilhada.
Origem da Praça e da estátua
Na Lei 1.581, de 19 de dezembro de 1953, assinada pelo prefeito Antônio Feliciano, a então Praça “539” (referência na planta cadastral) ganhou o nome “Padre Champagnat” por sugestão do vereador Luis da Silva Graça, que havia, anteriormente, protocolado um mesmo pedido para outro espaço na cidade, localizado na confluência das avenidas Almirante Cóchrane e Epitácio Pessoa. Porém, como o pedido acabou indeferido por Feliciano, o prefeito sugeriu que Luis Graça concedesse sua ideia ao pequeno logradouro que começava a ganhar forma no bairro da Encruzilhada.
Não demorou muito para que os Irmãos Maristas de Santos, ainda agradecidos pela referencia ao criador da Congregação, propusessem criar um monumento em sua homenagem. Assim, com projeto do engenheiro Fernando Guilherme Martins, sob encomenda da Associação dos Alunos, Ex-Alunos, Pais e Mestres do Colégio Santista (administrados pelos Maristas), foi produzida a estátua em deferência ao Padre Marcelino José Bento Champagnat, fundida em cimento e com acabamento na pintura cor bronze. O monumento, que representa o padre e mais três estudantes “carentes” (representados sem sapatos) foi confeccionado no Rio Grande do Sul. Sua inauguração aconteceu em 23 de novembro de 1957.
Dizem que a estátua de Champagnat está de frente para a “Gota de Leite” justamente pela ligação do padre com a causa das crianças carentes.
Quem foi o padre Champagnat?
Marcelino José Bento Champagnat nasceu no dia 20 de maio de 1789, na cidade de Marlhes, aldeia de montanha no centro leste da França, filho de um agricultor. Com 14 anos de idade inicia sua vida religiosa, juntando-se a um grupo de seminaristas que pretende fundar uma congregação que leva o nome de “Maria”.
Em 2 de janeiro de 1817, Champagnat cria o Instituto dos Irmãos Maristas, no povoado de La Valla, na França, onde dedica sua vida para ensinar os jovens, em especial as crianças carentes. Morreu aos 51 anos de idade, deixando a seguinte mensagem aos seus irmãos: “Que haja entre vocês um só coração e um só espírito!”. Marcelino Champagnat foi canonizado em 18 de abril de 1999, pelo Papa João Paulo II. O padre é considerado o santo protetor dos professores e da educação.
Os irmãos Maristas no Brasil e em Santos
Os Irmãos Maristas chegaram ao Brasil em 15 de outubro de 1897, se instalando em Minas Gerais. Na virada do século 19 para o 20, eles chegaram a Santos, onde criaram um colégio, o Santista, cujas aulas se iniciaram em 4 de abril de 1904. Esta unidade de ensino se tornou uma das mais tradicionais na cidade até que, em 2008, teve seu último ano, e terminou.