No dia 6 de fevereiro de 1942, nascia um dos maiores e mais importantes espaços museológicos da cidade de Santos. o Museu de Pesca
O espaço utilizado pelo Museu de Pesca, na Ponta da Praia, é emblemático para os santistas. Ali existiu o Forte Augusto (também conhecido como Forte da Trincheira, Forte da Estacada ou Fortaleza do Castro), cuja construção se deu em 1734. No início do século XX, mais precisamente em 1909, o local foi ocupado por um belo edifício de imponente arquitetura, para abrigar a Escola de Aprendizes Marinheiros, que tinha a missão de educar jovens adolescentes, através de instrução primária e de marinharia. Seus alunos, em tese, seria aproveitados como marujos da Armada Nacional. A escola era a única do gênero em todo o Estado e funcionou até o final de 1931, quando foi extinta por determinação do Governo Provisório da República.
A partir de 1932, o edifício tornou-se sede da Escola de Pesca do Estado de São Paulo, ano em que recebeu a denominação de Instituto de Pesca Marítima. Ali, os filhos dos pescadores da região recebiam educação gratuita, através de cursos vocacionais e profissionais. Os cursos encerraram suas atividades na década de 1950. Foi aí que surgiu a ideia de se montar um museu, aproveitando o material remanescente do Museu de História Natural, que vinha funcionando anexo ao Instituto. A maior estrela, até hoje, do Museu de Pesca, a ossada da Baleia, é oriunda dos tempos em que esse departamento era conhecido como Gabinete de História Natural. Foi em 1942 que ocorreu a montagem do esqueleto de uma baleia que havia encalhado em uma praia do município de Peruíbe, litoral sul do Estado de São Paulo. Para a exposição da enorme peça, derrubaram-se as paredes divisórias de três salas. Na época outras dependências do Gabinete também foram ampliadas, reunindo coleções de conchas, corais, peixes, aves marinhas etc. Em 6 de fevereiro de 1942, o Gabinete ganhou oficialmente a denominação de “Museu”.
Em 29 de junho de 1948 um terrível incêndio no edifício posterior do Instituto de Pesca Marítima (onde atualmente está instalado o Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Pescado Marinho) obrigou a transferência dos serviços da Instituição para as salas de exposição do Museu. Tal incidente ocasionou a destruição e perda de várias peças de valor, devido ao amontoamento indiscriminado do acervo para a liberação de espaço. Até que a vida do Instituto retornasse à normalidade, houve um desinteresse pela reorganização do Museu, que ficou por um tempo adormecido, desativado.
O museu adquiriu “status” de unidade funcional apenas em abril de 1969, quando o Instituto de Pesca sofreu nova reestruturação. Em 1972 começam, então, as primeiras obras de restauração do prédio, com o reparo de todo o telhado que estava em precárias condições. As telhas, de origem francesa, foram restauradas (muitas coladas e todas escovadas, impermeabilizadas e pintadas). Houve substituição de peças no madeiramento do telhado que, posteriormente, foi imunizado contra cupim. Durante essas obras é que construíram-se o auditório, um laboratório para desenvolver os trabalhos de taxidermia, as salas da administração e os sanitários, todos a partir de anexos já existentes associados ao prédio principal.
De 1979 a 1987 o Museu sustentou uma intensa dinâmica de trabalho, colocando-se nesse breve período entre as instituições museais de vanguarda no país. Porém, já em 5 de fevereiro de 1987, a partir de um laudo técnico apresentado pelo Corpo de Bombeiros, a seguir corroborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Museu foi interditado à visitação pública.
Iniciaram-se, então, a partir de 1988 novas obras de restauração. Esses trabalhos foram longos e demorados, privando a cidade de seu museu mais antigo por anos.
Apenas em 1996, passou-se a considerar a reforma do Museu como uma prioridade de governo e, através da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, as obras foram reiniciadas, apesar de a equipe do Museu jamais ter deixado de buscar recursos junto ao próprio Governo e à iniciativa privada.
Finalmente, mais de 11 anos depois, em 30 de junho de 1998, o prédio do Museu de Pesca teve a sua reforma concluída, obedecendo às suas características originais uma vez que se trata de um patrimônio tombado pelo CONDEPHAAT, sendo nessa data reaberto à visitação apresentando um arrojado projeto de exposições.
O Museu está aberto, hoje, à visitação, para alegria dos santistas.