A população santista não via a hora de ver por dentro a mais nova casa de espetáculos da cidade, que seria inaugurada na noite de um sábado, dia 21 de junho de 1924. Por fora, o imponente prédio impressionava, de tão majestoso que ficou após uma ampla reforma, iniciada no ano anterior. Todos estavam curiosos para testemunhar o resultado de uma das maiores repaginações estruturais já realizadas em Santos. O Theatro Colyseu, rebatizado então como “Theatro Colyseu Santista”, ocupava a mesma esquina da Praça José Bonifácio desde 1897, quando debutou na forma de Velódromo, um inusitado palco que promovia corridas de bicicletas, mas que também abrigara diversas manifestações culturais e políticas.
Em 1908, o velho palco esportivo deu lugar para a primeira versão de casa teatral, porém com uma queda voltada para a sétima arte. Sob a batuta do empresário espanhol Francisco Serrador Carbonell, um dos pioneiros na exploração de salas de cinema no Brasil, o primeiro Colyseu se tornou um lugar familiar e comumente utilizado como espaço de festas para a garotada santista.
Esse segundo capítulo, no entanto, começou a chegar ao final quando outro empresário do ramo de cinema, o comendador Manuel Fins Freixo, fez uma oferta a Carbonell pelo velho Colyseu. Negócio fechado, Freixo decidiu não economizar na reforma e ofertou à cidade um espaço de alta qualidade. Construído em estilo neo-clássico eclético, com algumas influências do art-nodecô e art-noveau, o Theatro Colyseu Santista abriu suas portas numa noite memorável, que contou com a presença do então presidente do Estado de São Paulo (cargo equivalente ao de governador), Carlos de Campos. O curioso é que a peça que marcou a estreia do novo espaço cultural santista, na verdade uma opereta, “A Bella Adormecida”, era uma obra assinada, justamente, por Carlos de Campos, que também era músico e costumava compor obras líricas.
O Colyseu, a partir daí, viveu momentos de grande júbilo, recebendo em seu palco alguns dos maiores nomes da cultura musical e cênica brasileira, como Guiomar Novais, Bidu Sayão, Conchita de Moraes, Vicente Celestino, Cacilda Becker, Bibi Ferreira, Villa Lobos, Carmem Miranda, Oscarito, Procópio Ferreira, Paulo Autran, Maria Della Costa, entre tantou outros.
Depois veio a decadência, a partir dos anos 1950 e 1960, tendo seu ápice negativo nos anos 1970 e 1980, quando o majestoso espaço foi literalmente invadido por atrações de baixa qualidade, com filmes e apresentações pornográficas ao vivo. Em 1992, foi considerado de utilidade pública, sendo desapropriado no ano seguinte, pela Prefeitura de Santos. Após muitos anos de uma reforma polêmica, foi reaberto em 2006, recuperando parte de sua rica energia do passado.