O Memória Santista é um projeto construído a partir de textos originais, de autoria de seu criador, o jornalista e memorialista Sergio Willians, com a missão de registrar e divulgar passagens significativas da história de Santos. Eventualmente, porém, abrimos exceções para dar visibilidade a pesquisas de outros autores que, por sua qualidade e relevância, dialogam diretamente com a proposta deste espaço de memória.
É nesse espírito que publicamos, na íntegra, a dissertação de mestrado acadêmico em Arquitetura e Urbanismo de Marcos Mari Barreto, defendida em 2020. Intitulada “O antigo Ginásio do Estado de Santos (atual Escola Estadual Canadá), 1934-1944: arquitetura e educação”, a pesquisa analisa um dos mais emblemáticos marcos educacionais e arquitetônicos da cidade, situando sua construção no bairro do Boqueirão dentro do contexto de expansão urbana promovido pela The City of Santos Improvements Cia. Ltd. nos anos 1930.
O trabalho revela ainda a trajetória pouco conhecida da Praça Voluntários Santistas, concebida em homenagem aos combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932, e explora de forma minuciosa a monumentalidade do edifício escolar, sua integração com o entorno e as transformações sofridas ao longo das décadas.
Ao abrir espaço para este estudo, o Memória Santista reforça seu compromisso com a preservação da memória arquitetônica e urbana da cidade, valorizando contribuições que ajudam a iluminar capítulos fundamentais de nossa história coletiva.
E vamos nessa!
Mestrado Acadêmico em ARQUITETURA e URBANISMO.
MARCOS MARI BARRETO
2020
O antigo Ginásio do Estado de Santos (atual Escola Estadual Canadá), 1934-1944: arquitetura e educação

Praça Voluntários Santistas (1925 – 1933)
A história da Praça Voluntários Santista não é muito conhecida e, talvez, esquecida na memória da cidade. Os documentos 10 e 11, ainda as figuras apresentadas e analisadas no item 5.2.3 desta dissertação comprovam a existência da praça principalmente por meio do projeto de urbanização da Cia. City em urbanizar o bairro do Boqueirão, em 1933. Apenas referências sobre a Rua Voluntários Santista[1] são mencionadas em textos que remontam a história da cidade.
Esta praça também presta homenagem de reconhecimento e exaltação aos voluntários de Santos que participaram da Revolução Constitucionalista de São Paulo de 1932. Essa homenagem também se reflete no monumento que foi erguido na reformulação da Praça Patriarca José Bonifácio, em 1939.
A implantação do edifício escolar no bairro do Boqueirão
O espaço urbano escolhido para a implantação do edifício do Ginásio do Estado de Santos foi no bairro do Boqueirão. O bairro com a moderna infraestrutura urbana, com acesso fácil a escola, devido ao fácil transporte público, foi o lugar para instalar um novo e moderno edifício escolar, confirmando assim a sua importância como instituição e como símbolo da paisagem urbana.
A implantação do edifício do Ginásio do Estado de Santos no bairro Boqueirão provocou uma imponência nas quadras ainda não ocupadas. Além disso, a Rua Mato Grosso tornou-se uma das ruas de maior fluxo diário de pessoas e de alunos, tendo a infraestrutura do entorno do prédio escolar as praças, os bondes e o rápido acesso para a praia, pelos eixos do sistema viário urbano da cidade, ou seja, pelas avenidas principais da cidade (e suas imediações), polos já urbanizados e com construções de relevância para a cidade como o Balneário Miramar, o Parque Indígena “Júlio Conceição”, o Colégio “Stella Maris” e o Tênis Clube de Santos, frequentados pela elite santista; o Hospital Anglo Americano e o Clube da Cia. City.
Embora o bairro faça parte da expansão da cidade, contudo, havia nele grandes áreas livres e ruas a serem estabelecidas de acordo com as novas quadras que seriam planejadas. É justamente nessa parte do bairro do Boqueirão que o Ginásio do Estado de Santos foi implantado. Antes do edifício escolar se instalar no bairro, a área escolhida para a sua implantação passou por transformações relevantes.
Entender a implantação e a localização do edifício escolar dentro do bairro é um fator importante para evidenciar a monumentalidade que o edifício escolar ocupava num território independente e próprio e a sua relação com o entorno.
Nesse momento, na década de 1930, a expansão da malha urbana do bairro já está definida e era marcante em direção à praia, com o arruamento que determinou as quadras, embora, em algumas delas, sem a delimitação de lotes, o que deu um efeito de enorme vazio. Essas grandes faixas de terra ou quadras sem um devido loteamento eram terras da empresa The City of Santos Improvements Cia. Ltd.[2]

A figura 51 é a planta de setorização com arruamento, que mostra o desenho das quadras e da área verde, proposta em projeto pela empresa The City of Santos Improvements Cia. Ltd., que criaria e implantaria projetos urbanísticos na cidade de Santos. Existe outra City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited que possui grandes áreas urbana na grande cidade de São Paulo[3].
A planta de setorização corresponde ao documento 09, afirma que a empresa The City of Santos Improvements Cia. Ltd.[4] contribuiu para o desenho urbano do bairro do Boqueirão, assim como em várias outras partes da cidade de Santos, influenciando no projeto de urbanização, com praças, jardins, ponto de bondes entre outros projetos.
O projeto da The City of Santos Improvements Cia. Ltd foi aprovado e reconhecido como projeto de urbanização pela seção da Diretoria de Obras e Viação 1.ª Seção da Prefeitura de Santos, que mostra o levantamento da quadra e ruas de entorno, destacando uma grande área verde que, no futuro, seria o local da implantação do edifício Ginásio do Estado de Santos, em 1935. No documento há anotação para o projeto de melhoramentos no arruamento aprovado pela prefeitura com a escritura de 6 de junho de 1932.
A planta de arruamentos e quadras registra em detalhe parte da malha urbana do bairro do Boqueirão, em 1925. Nesse espaço privilegiado, é indicado “Divisa dos terrenos de propriedade da The City of Santos Improvements Cia. Ltd.”. Essa Companhia possuía terras no complexo de quadras e o documento parece evidenciar que terras da Cia. City já tinham sido urbanizadas com projeto da própria empresa, implantando assim uma praça para a cidade, pois até o extenso terreno definido como uma quadra de 3268 m² era de área verde livre, denominada “jardim”, dividida em três partes, subdivididas por caminho de pedestre, com as delimitações entre a Rua Mato Grosso (parte da frente) e Rua C (na parte de trás), que foi denominada “Voluntários Santistas”. Esse documento comprova também a preocupação, em 1932, com o melhoramento das ruas, que recebem seus definitivos nomes[5].
Os serviços de transporte, iluminação, água e gás, durante o final do século XIX até a metade do século XX na cidade de Santos, foram executados basicamente pela companhia The City of Santos Improvements Cia. Ltd. O interessante é que então a empresa executava também projetos urbanísticos para o desenvolvimento da cidade, como mostra a figura 52, onde o projeto original da praça proposto para o bairro do Boqueirão é evidente. Esse projeto de equipamento urbano, assinado por Bernardo Browne, no dia 8 de junho de 1933, foi desenhado por J. Machado, em 22 de junho de 1933.
Em 1913, a The City of Santos Improvements Cia. Ltd. passou a ser gerenciada por Bernardo Browne, até 1937, que iniciou obras e serviços no sentido do progresso de Santos; uma delas seria a idealização do projeto da praça “Voluntários Santistas”. Assim, a empresa teve um papel fundamental no desenho e transformação da malha urbana santista no começo do século XX.
A figura do início deste texto mostra o projeto original em 1933, idealizado para a área verde – como praça, onde mais tarde, em 1935, foi implantado o projeto do Ginásio do Estado de Santos, edifício no centro da praça, como mostra a planta de localização da figura 54.
A planta do projeto mostra o dimensionamento da praça com a divisão em três grandes áreas verdes, com caminhos que se interligam de formas arredondadas; a intenção de mostrar um paisagismo é bem clara no desenho. Por meio de fotos, percebe-se o espaço urbanizado com árvores e equipado com mobiliário urbano (poste de luz e bancos).
Talvez o desconhecimento do projeto da praça feito pela The City of Santos Improvements Cia. Ltd. tenha influenciado a questão da doação das terras para a construção do Ginásio do Estado de Santos, pois se evidencia que, em primeiro foi idealizado um projeto e construída a praça nesse espaço de área verde, como mostram as figuras 51 e 52 que enfatizam e revelam a espacialização e paisagem urbana da época. Depois de alguns anos, o centro dessa praça foi ocupado pelo novo edifício do Ginásio do Estado de Santos.


A figura 54 mostra que o projeto inicial do ginásio foi idealizado no centro entre a rua 374 (hoje Rua Alfredo Porchat) e a rua 372 (na implantação já indicada como Rua Carolino Rodrigues), projetadas até a Rua Mato Grosso e, na parte posterior, rua C (hoje Rua Voluntários Santistas). Portanto, numa área menor que a atual. No desenho de implantação do prédio é possível verificar que o edifício escolar seria delimitado com muros pelas ruas 374 (hoje Rua Alfredo Porchat) e Rua Carolino Rodrigues (rua 374), que seriam expandidas, tendo assim a escola cercada de muros e ruas, descaracterizando a ideia original de uma extensa praça com área verde
O edifício escolar foi implantado, mas as ruas 374 e Rua Carolino Rodrigues (rua 372) não foram ampliadas até a Rua Mato Grosso como mostrado na planta original de implantação do prédio. Note-se que, talvez, a decisão de prolongamento das ruas não coubesse apenas à definição pelo projeto arquitetônico.
A figura 55 mostra a extensa área livre que o bairro do Boqueirão tinha após a construção do edifício escolar. Ao lado esquerdo do prédio se percebe ainda o desenho da praça restante; no entorno da escola e da praça, as quadras vizinhas possuem pouca ocupação de edificações, principalmente na parte das quadras de trás; o edifício escolar é cercado por muros, mostrando seu limite e a sua relação com o restante da praça. Esse posicionamento urbano se deu entre as Avenidas Conselheiro Nébias e Washington Luiz, sendo eixos principais para a interligação do centro antigo da cidade com a praia. Nesse espaço, grandes infraestruturas urbanas da cidade foram implantadas no decorrer dos anos.

Pode-se perceber a importância do espaço escolar em Viñao Frago (1993-1994b, p. 26, tradução nossa):
Primeiramente será necessário considerar sua localização ou localização em relação a outros espaços e lugares, após o lote ou território ocupado e a distribuição nele […]. Mas primeiro é necessário analisar a projeção espacial do estabelecimento de ensino e suas relações com seu ambiente; isto é, sua área de influência e captação, aquela que determina as características e a origem geográfica e, portanto, social de seus alunos. [[10]]
Já se pensava nessa época que a escolha da localização, no meio da extensa área verde, protegeria o edifício do barulho das duas avenidas movimentadas. As áreas verdes urbanizadas e integradas no sistema viário do bairro tornaram o lugar essencialmente social, para atividades externas, e um lugar em destaque para o seu dimensionamento monumental. Pensava-se, nesse projeto inicial, atender futuramente um curso de formação de professores (Escola Normal) e a uma escola de comércio, pois Santos era uma cidade essencialmente comercial (A TRIBUNA, 1935).
Uma das características mais perceptíveis na implantação é o posicionamento central do edifício dividindo em duas áreas verdes Leste-Oeste, pois anteriormente era uma única praça. As remanescentes áreas verdes laterais ao edifício escolar seriam destinadas para atividades de lazer e de convívio social.

A figura 56 mostra o edifício implantado no meio da praça e as Ruas 374 (Rua Alfredo Porchat) e 372 (Rua Carolino Rodrigues) interrompidas até a Rua C (Rua Voluntário Santista). É nessa área que o novo prédio foi implantado e se transformou, com o decorrer das várias décadas seguintes, com outras intervenções.
As figuras 57 e 58 revelam em ambos os lados do edifício escolar as áreas verdes restantes da praça e a definição do muro, que delimita o espaço escolar e o espaço urbano.


O restante de toda a área verde, após a construção do prédio, foi utilizado em 1939 para a Exposição do Centenário da elevação de Santos a cidade[11]. A localização central do edifício do ginásio, na planta do evento, revela a importância do território do edifício escolar e do seu entorno. Identifica-se que o projeto de implantação da exposição respeita o arruamento apresentado na figura 51, embora essas vias fossem usadas apenas para a circulação de pedestres no evento.

Um fato interessante é que após o termino do evento, a praça apareceu novamente reconstruída ao lado da escola. Em figura de outra década, pode-se observar a nova praça reconstruída.
A escola é idealizada para valorizar o espaço físico da educação e para os seus usuários. O edifício do Ginásio do Estado de Santos no seu projeto original teve essa intenção de integração com a cidade tendo como áreas de influência praças e grandes espaços verdes ao seu entorno, de forma a integrar o aluno no espaço tanto dentro da escola como fora dela. Na parte interna do edifício, foram criados pátios e espaços semicobertos para recreação e o dos ginásios de esporte, que utilizava as áreas externas delimitadas pelo muro. A figura 60, da Rua Mato Grosso, 186, mostra a parte restante da Praça Voluntários Santistas, em 1952. Esta vista revela o restante da praça ao lado esquerdo do edifício escolar.

Na figura 60, o paisagismo e a iluminação de postes da praça em ambos os lados com edificações de residências de dois pavimentos, revela uma arquitetura moderna. Parte que não aparece na imagem, delimitada pelo muro na foto (à direita), indica a delimitação do terreno do espaço educacional seguido do edifício do Colégio Canadá, antigo Ginásio do Estado de Santos.
Na figura 61, da década de 1940, revela essa mesma parte da praça ainda com pouco paisagismo e mobiliário urbano. Destacam-se os postes de iluminação.

Provavelmente os lados restantes da praça seriam utilizados para esporte – educação física e ou atividades externas. A questão do muro para delimitação do espaço escolar e o relacionamento do edifício com a cidade é discutida no item 5.4 desta pesquisa.
Giner de Los Ríos (1933 apud Viñao Frago, 1993-94b, p. 33-4) define que o espaço escolar deve ser implantado em um terreno vasto para que se utilize o exterior e entorno do edifício escolar, de maneira que a escola tenha relação com o ar livre e a natureza e não apenas relações entre paredes de um edifício.
Se a escola necessita uma grande extensão de terreno, é porque não consta só da classe, mas que deve ter em anexado um campo. Não meramente um jardim ou uma horta, elemento interessantíssimo, já para certos ensinamentos, já para educar a fantasia; nem menos um pátio, deposito de ar corrompido e imóvel [impuro]. O campo escolar (campus) é ao mesmo tempo tudo isso, mas infinitamente mais do que tudo isso. ‘Por muito que sejam reduzidas as condições de uma escola, por modesta que sejam suas exigências, jamais deve renunciar a este elemento tão importante, pelo menos, como a própria classe, e cuja necessidade é por sua vez higiênica e pedagógica. [[12]] (GINER DE LOS RÍOS, 1933 apud VIÑAO FRAGO, 1993-94b, p. 33-4, tradução nossa)
O posicionamento do projeto do Ginásio do Estado de Santos dividindo duas praças conferiu-lhe destaque e um sentido monumental na malha urbana do bairro. A proposta de setorização funcional bem definida, que, ao mesmo tempo, expôs as áreas verdes (lazer, social) e resguarda a área educacional, consistiu num dos aspectos mais visíveis da implantação do projeto.
Devido às generosas dimensões do lote e à própria concepção do projeto de implantação, o edifício possui recuos laterais razoáveis, onde mais tarde outras transformações na arquitetura escolar do prédio foram viáveis e diferentes usos se concederam.
Em 1944, com a necessidade de equiparação a colégio (com a Reforma Capanema do Ensino Secundário (1942)[13], foram feitas alterações no entorno do ginásio. As laterais do edifício na planta do projeto inicial, duas áreas verdes denominadas “jardim”, foram utilizadas para a construção de dois anexos, ampliando a capacidade de mais duas salas de aula.
[1] A Lei n.º 906, de 21 de agosto de 1937, sancionada pelo prefeito municipal, A. Iguatemi Martins, denominou Voluntários Santistas a Rua Projetada, 303. O projeto de lei n.º 43, aprovado em segunda discussão e sem debate na sessão da Câmara Municipal de 16 daquele mês e ano, sob a presidência do Dr. João Carlos de Azevedo. (NOVO MILÊNIO, 2019f)
[2] Fundada na Inglaterra (Londres) em 1880, a The City of Santos Improvements & Company Ltd. (conhecida como Cia. City) era destinada à exploração de serviços públicos em Santos. Decreto do Governo Imperial de 7 de maio de 1881, assinado pelo ministro e secretário de Negócios e Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Manoel Buarque de Macedo, autorizou a empresa a funcionar no Brasil. Logo, a empresa incorporou ao seu patrimônio a Cia. Melhoramentos de Santos que, desde 21 de fevereiro de 1870 tinha o contrato com a municipalidade para prestação de serviços de distribuição. No dia 7 de setembro de 1870, foram iniciados os trabalhos preparatórios de iluminação a gás e água potável pela Cia. de Melhoramentos de Santos. Os ingleses, que conheciam o processo do desenvolvimento, encontraram na possibilidade de implementação de serviços e projetos urbanísticos a era da expansão. Diferentes serviços de infraestrutura e as novas formas tecnológicas fizeram com que o Brasil se elevasse no período da industrialização: estradas de ferro, telégrafo, iluminação a gás e barcos a vapor etc. A Cia. City teve papel fundamental no século XX para a expansão e a modernidade do progresso econômico e social. A Lei Municipal n.º 438, de 14 de dezembro de 1910, autorizou a unificação dos contratos de transporte de passageiros e mercadorias, luz e energia elétrica, gás, água e iluminação em contrato com a The City of Santos Improvements Cia. Ltd., que tinha a posse de contratos no setor e os transferira para a Cia. de Melhoramentos de São Paulo, que adquirira da Cia. de Melhoramentos de Santos, em 1890. Em 1903, a iluminação pública foi inaugurada na cidade de Santos, nesse período a Companhia Carris de Ferro de Santos era atuante. A usina a vapor só podia iluminar as vias dos subúrbios e as avenidas que ligavam a área urbana às praias. Em 1904, a The City of Santos Improvements Company comprou a Carris de Ferro e sua usina elétrica. Tendo mais destaque na cidade, a Cia. City fez trafegar o primeiro bonde elétrico das cidades de Santos (28 de abril de 1909) e São Vicente (24 de maio de 1909). O serviço de transporte coletivo em Santos e São Vicente foi preservado pela City até 1951. Então Santos municipalizou o transporte através do Serviço Municipal de Transportes Coletivos (SMTC). O outro serviço, como abastecimento de água, funcionou até 1953 em Santos, São Vicente e Cubatão, passando ao governo estadual. O de eletricidade, na primeira década do século XX, em São Vicente, o contrato foi assinado em 5 de março de 1908, foi transferido para a empresa Light, em 1967; de fornecimento de gás encanado terminou em 1965. Em 1928, foi vendida a City of Santos Improvements Cia. Ltd. para os investidores anglo-canadenses que já comandavam outras empresas, como a The São Paulo Tramway, Light & Power Co. Ltd., a “Light” (fundada 1899), e a The Rio de Janeiro Tramway, Light & Power Co. Ltd. (fundada1904). A empresa santista não foi incorporada diretamente à Light paulistana, funcionando como uma associada independente. A Cia. City só foi extinta em 1967, quando as empresas de energia controladas pela sociedade anglo-canadense foram integradas em uma única empresa, com o nome de Light – Serviços de Eletricidade S.A. (MATOS, 2016; CPFL, 2019; NOVO MILÊNIO, 2019).
[3] Contando com investidores franceses, ingleses e brasileiros, a empresa se instalaria na cidade de São Paulo em 1912. No início a empresa adquiriu 15 milhões de metros quadrados de terrenos no perímetro urbano da capital.
[4] Essa empresa foi responsável pelo desenvolvimento de alguns bairros da cidade de São Paulo. A Cia. City foi muito relevante no processo de urbanização da cidade paulistana. No decorrer do século XX, a empresa fez sucesso e se tornou referência de projetos inovadores, assim urbanizando vários dos bairros paulistanos, como: Jardim América, Anhangabaú, Pacaembu, Alto de Pinheiros, Bela Aliança, Lapa, Pirituba e Butantã. Alguns bairros, foram projetados por dois urbanistas ingleses, Barry Parker e Raymond Unwin. Sua atuação em território brasileiro ultrapassaria um século. A empresa Cia. City urbanizou quase 50 bairros e cerca de 32 milhões de metros quadrados, em quatro estados brasileiros. Na década de 1970 passou a atuar no mercado de incorporação imobiliária. (SÃO PAULO ANTIGA E MODERNA, 2019)
[5] Rua Mato Grosso recebeu denominação pela Lei n.° 688, de 17 de abril de 1932; Rua João Pinho (paralela à Av. Conselheiro Nébias) foi oficializada pelo Decreto n.° 67, de 20 de agosto de 1932, do Prefeito Municipal, Dr. Aristides Bastos Machado, como homenagem aos primeiros voluntários civis sacrificados na luta armada pela implantação da Ordem e da Lei na organização política do Brasil. Aquele Decreto também se referia a Carolino Rodrigues que, com João Pinho, foi um dos primeiros voluntários santistas tombados durante a Revolução de São Paulo de 1932. De conformidade com a Lei n.° 3.527, de 10 de abril de 1968, a Rua João Pinho passou a ter início na Rua Mato Grosso e término na Rua Azevedo Sodré. A Rua Dr. Itapura de Miranda em homenagem ao Dr. Jacob Tomás Itapura de Miranda (paralela à Av. Washington Luiz, Canal 3) foi oficializada pelo Decreto n.° 88, de 24 de agosto de 1933. Em 1968, o Prefeito Sílvio Fernandes Lopes deu novos limites a Rua Itapura de Miranda, que passou a ter início na Rua Mato Grosso e término na Rua Azevedo Sodré. A Rua Voluntários Santista, em 1937, denominou a rua projetada n.° 303. A Lei n.° 3527, de 10 de abril de 1968, determinou que a Rua Voluntários Santista passasse a ter início na Rua Itapura Miranda e término na Rua João Pinho e reflete homenagem de reconhecimento e exaltação de Santos aos voluntários do Município que participaram da Revolução Constitucionalista de São Paulo de 1932.
[6] Fundada na Inglaterra (Londres) em 1880, a The City of Santos Improvements & Company Ltd. (conhecida como Cia. City) era destinada à exploração de serviços públicos em Santos. Decreto do Governo Imperial de 7 de maio de 1881, assinado pelo ministro e secretário de Negócios e Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Manoel Buarque de Macedo, autorizou a empresa a funcionar no Brasil. Logo, a empresa incorporou ao seu patrimônio a Cia. Melhoramentos de Santos que, desde 21 de fevereiro de 1870 tinha o contrato com a municipalidade para prestação de serviços de distribuição. No dia 7 de setembro de 1870, foram iniciados os trabalhos preparatórios de iluminação a gás e água potável pela Cia. de Melhoramentos de Santos. Os ingleses, que conheciam o processo do desenvolvimento, encontraram na possibilidade de implementação de serviços e projetos urbanísticos a era da expansão. Diferentes serviços de infraestrutura e as novas formas tecnológicas fizeram com que o Brasil se elevasse no período da industrialização: estradas de ferro, telégrafo, iluminação a gás e barcos a vapor etc. A Cia. City teve papel fundamental no século XX para a expansão e a modernidade do progresso econômico e social. A Lei Municipal n.º 438, de 14 de dezembro de 1910, autorizou a unificação dos contratos de transporte de passageiros e mercadorias, luz e energia elétrica, gás, água e iluminação em contrato com a The City of Santos Improvements Cia. Ltd., que tinha a posse de contratos no setor e os transferira para a Cia. de Melhoramentos de São Paulo, que adquirira da Cia. de Melhoramentos de Santos, em 1890. Em 1903, a iluminação pública foi inaugurada na cidade de Santos, nesse período a Companhia Carris de Ferro de Santos era atuante. A usina a vapor só podia iluminar as vias dos subúrbios e as avenidas que ligavam a área urbana às praias. Em 1904, a The City of Santos Improvements Company comprou a Carris de Ferro e sua usina elétrica. Tendo mais destaque na cidade, a Cia. City fez trafegar o primeiro bonde elétrico das cidades de Santos (28 de abril de 1909) e São Vicente (24 de maio de 1909). O serviço de transporte coletivo em Santos e São Vicente foi preservado pela City até 1951. Então Santos municipalizou o transporte através do Serviço Municipal de Transportes Coletivos (SMTC). O outro serviço, como abastecimento de água, funcionou até 1953 em Santos, São Vicente e Cubatão, passando ao governo estadual. O de eletricidade, na primeira década do século XX, em São Vicente, o contrato foi assinado em 5 de março de 1908, foi transferido para a empresa Light, em 1967; de fornecimento de gás encanado terminou em 1965. Em 1928, foi vendida a City of Santos Improvements Cia. Ltd. para os investidores anglo-canadenses que já comandavam outras empresas, como a The São Paulo Tramway, Light & Power Co. Ltd., a “Light” (fundada 1899), e a The Rio de Janeiro Tramway, Light & Power Co. Ltd. (fundada1904). A empresa santista não foi incorporada diretamente à Light paulistana, funcionando como uma associada independente. A Cia. City só foi extinta em 1967, quando as empresas de energia controladas pela sociedade anglo-canadense foram integradas em uma única empresa, com o nome de Light – Serviços de Eletricidade S.A. (MATOS, 2016; CPFL, 2019; NOVO MILÊNIO, 2019).
[7] Contando com investidores franceses, ingleses e brasileiros, a empresa se instalaria na cidade de São Paulo em 1912. No início a empresa adquiriu 15 milhões de metros quadrados de terrenos no perímetro urbano da capital.
[8] Essa empresa foi responsável pelo desenvolvimento de alguns bairros da cidade de São Paulo. A Cia. City foi muito relevante no processo de urbanização da cidade paulistana. No decorrer do século XX, a empresa fez sucesso e se tornou referência de projetos inovadores, assim urbanizando vários dos bairros paulistanos, como: Jardim América, Anhangabaú, Pacaembu, Alto de Pinheiros, Bela Aliança, Lapa, Pirituba e Butantã. Alguns bairros, foram projetados por dois urbanistas ingleses, Barry Parker e Raymond Unwin. Sua atuação em território brasileiro ultrapassaria um século. A empresa Cia. City urbanizou quase 50 bairros e cerca de 32 milhões de metros quadrados, em quatro estados brasileiros. Na década de 1970 passou a atuar no mercado de incorporação imobiliária. (SÃO PAULO ANTIGA E MODERNA, 2019)
[9] Rua Mato Grosso recebeu denominação pela Lei n.° 688, de 17 de abril de 1932; Rua João Pinho (paralela à Av. Conselheiro Nébias) foi oficializada pelo Decreto n.° 67, de 20 de agosto de 1932, do Prefeito Municipal, Dr. Aristides Bastos Machado, como homenagem aos primeiros voluntários civis sacrificados na luta armada pela implantação da Ordem e da Lei na organização política do Brasil. Aquele Decreto também se referia a Carolino Rodrigues que, com João Pinho, foi um dos primeiros voluntários santistas tombados durante a Revolução de São Paulo de 1932. De conformidade com a Lei n.° 3.527, de 10 de abril de 1968, a Rua João Pinho passou a ter início na Rua Mato Grosso e término na Rua Azevedo Sodré. A Rua Dr. Itapura de Miranda em homenagem ao Dr. Jacob Tomás Itapura de Miranda (paralela à Av. Washington Luiz, Canal 3) foi oficializada pelo Decreto n.° 88, de 24 de agosto de 1933. Em 1968, o Prefeito Sílvio Fernandes Lopes deu novos limites a Rua Itapura de Miranda, que passou a ter início na Rua Mato Grosso e término na Rua Azevedo Sodré. A Rua Voluntários Santista, em 1937, denominou a rua projetada n.° 303. A Lei n.° 3527, de 10 de abril de 1968, determinou que a Rua Voluntários Santista passasse a ter início na Rua Itapura Miranda e término na Rua João Pinho e reflete homenagem de reconhecimento e exaltação de Santos aos voluntários do Município que participaram da Revolução Constitucionalista de São Paulo de 1932.
[10] Primero habrá que considerar su ubicación o emplazamiento en relación con otros espacios y lugares, después el solar o territorio ocupado y la distribución en el mismo […]. Pero antes es preciso analizar la proyección espacial del estabelecimiento docente y sus relaciones con su entorno; es decir, su área de captación y influencia, aquella que determina las características y procedencia geográfica y por tanto social, de sus alumnos.
[11] No capítulo 4 sobre o art déco contém mais informações sobre a Exposição do Centenário.
[12] “[…] si la escuela necesita una gran extensión de terreno, es porque no consta sólo de la clase, sino que debe tener anejo un campo. No meramente un jardín o un huerto, elemento interesantísimo, ya para ciertas enseñanzas, ya para educar la fantasía; ni menos un patio, estanque de aire corrompido e inmóvil…. El campo escolar es a la vez todo eso, pero infinito más que todo eso. Por mucho que se reduzcan las condiciones de una escuela, por modestas que sean sus exigencias, jamás debe renunciar a este elemento, tan importante, por lo menos, como la clase misma, y cuya necesidad es a la vez higiénica y pedagógica. (GINER DE LOS RÍOS, 1933 apud VIÑAO FRAGO, 1993-94b, p. 33-4)
[13] Capanema (ministro do governo de Vargas de 1934 a 1945) reestruturou o curso secundário, dividindo em ginásio (4 anos) e colegial (3 anos) e quando o Ginásio do Estado é equiparado passa a ter a denominação de Colégio (ARANHA, 2005). A Reforma do Ensino Secundário inicia-se com o Ministro anterior Francisco Campos.
[14] Primero habrá que considerar su ubicación o emplazamiento en relación con otros espacios y lugares, después el solar o territorio ocupado y la distribución en el mismo […]. Pero antes es preciso analizar la proyección espacial del estabelecimiento docente y sus relaciones con su entorno; es decir, su área de captación y influencia, aquella que determina las características y procedencia geográfica y por tanto social, de sus alumnos.
[15] No capítulo 4 sobre o art déco contém mais informações sobre a Exposição do Centenário.
[16] “[…] si la escuela necesita una gran extensión de terreno, es porque no consta sólo de la clase, sino que debe tener anejo un campo. No meramente un jardín o un huerto, elemento interesantísimo, ya para ciertas enseñanzas, ya para educar la fantasía; ni menos un patio, estanque de aire corrompido e inmóvil…. El campo escolar es a la vez todo eso, pero infinito más que todo eso. Por mucho que se reduzcan las condiciones de una escuela, por modestas que sean sus exigencias, jamás debe renunciar a este elemento, tan importante, por lo menos, como la clase misma, y cuya necesidad es a la vez higiénica y pedagógica. (GINER DE LOS RÍOS, 1933 apud VIÑAO FRAGO, 1993-94b, p. 33-4)
[17] Capanema (ministro do governo de Vargas de 1934 a 1945) reestruturou o curso secundário, dividindo em ginásio (4 anos) e colegial (3 anos) e quando o Ginásio do Estado é equiparado passa a ter a denominação de Colégio (ARANHA, 2005). A Reforma do Ensino Secundário inicia-se com o Ministro anterior Francisco Campos.