Edificação, que leva a assinatura do escritório de Ramos de Azevedo, e que ainda existe, foi a primeira de grandes proporções a ser construída na cidade, que se transformava em razão do comércio cafeeiro.
Santos, 2 de maio de 1917 – Era um dia especial para a cidade. Santos finalmente iria inaugurar a sua Bolsa Oficial de Café, além de sua primeira agência da Caixa Econômica do Estado de São Paulo. Para a ocasião, estiveram presentes o então presidente do Estado de São Paulo, Altino Arantes, além dos secretários estaduais da fazenda, Cardoso de Almeida; da Agricultura, Cândido Motta e da Justiça e Segurança Publica, Eloy Chaves.
Perante grande número de corretores, síndicos e comissário de café, bem como de outras pessoas gradas, o então presidente da Bolsa de Café, Gabriel Junqueira, declarou que, tendo já prestado compromisso os síndicos, iria proceder a instalação da Bolsa Oficial e da Câmara Sindical dos Corretores de Café da Praça de Santos, e que, achando-se presente o presidente do estado, era o mesmo queria conduzir a solenidade e o ato de posse da Câmara Sindical. Altino Arantes aceitou convite e, assim, logo declarou empossada a Câmara Sindical dos Corretores e instalada a Bolsa Oficial de Café.
O presidente da Bolsa falou ainda sobre o contentamento do povo santista pelo notável melhoramento com que acabava de ser dotado o comércio daquela praça, incitando os colegas a darem o seu apoio a tão nobre instituição.
Palacete Pedro dos Santos
Altino Arantes, de posse da palavra, pronunciou um brilhante discurso, terminando por felicitar-se da fortuna de haver presidido ao ato e instalado a Bolsa Oficial de Café, que passou a ser confortavelmente instalada no magnífico palacete “Pedro dos Santos” localizado na esquina da rua Santo Antônio (atual Rua do Comércio) com a rua XV de novembro. A imprensa da época reputava a edificação como a primeira de grandes proporções que se construía na cidade.
Sua obra levou 22 meses, e foi integralmente bancada pelo empresário Joaquim Pedro dos Santos. O edifício abrangia uma área total de 1800 m² e apresentava duas grandes fachadas: uma para rua de Santo Antônio, com 36 metros e a outra para Rua XV de Novembro, com 48 metros. Naquele ano, uma outra parte do edifício ainda estava por ser feita, que abriria uma nova fachada voltada para a Praça dos Andradas e rua Visconde de São Leopoldo.
Os acabamentos internos foram realizados com o que havia de melhor. As escadas eram feitas de fino mármore e apresentavam balaustradas artísticas. Para a comodidade das pessoas, no que se refere ao acesso aos outros andares, foi instalado um elevador elétrico. A divisão dos andares obedecia a finalidade para a instalações de escritórios comerciais. Todas as salas apresentavam grande capacidade e estavam arejadas por amplas janelas. Os corredores internos eram enormes, fartamente inundados de luz e ladrilhados.
Cada um dos pavimentos continha 20 salas, ou seja, 60 salas no total. Cada escritório possuía seu gabinete sanitário independente. As instalações sanitárias, em todos os pavimentos, apresentavam o mais aperfeiçoado sistema americano “standard”, E obedeciam ao mais escrupuloso capricho e conforto, tendo banheiros providos de aquecedores, duchas, tanques e lavatórios.
No primeiro andar, destacava-se um esplêndido terraço que se situava ao lado de uma grande área interna. Ainda nesse pavimento havia cinco salas com claraboias, próprias para o comércio de café. A instalação elétrica era farta, construída por uma rede geral em cada um dos pavimentos. Todo material empregado era de primeira qualidade e o acabamento irrepreensível. As pinturas, óleo, eram higiênicas e de fino gosto. Os menores detalhes na decoração artística do edifício foram observados com todo esmero.
O prédio foi projetado pelo escritório do renomado engenheiro arquiteto Ramos de Azevedo, de São Paulo. A direção da construção esteve a cargo dos engenheiros Ricardo Severo e Arnaldo Villares. A expectativa era de que as salas comerciais fossem ocupadas por importantes firmas, consultórios médicos, dentários, de advocacia, consulados e agências de navegação. No pavimento térreo, entre outros estabelecimentos, foram instaladas a caixa de liquidação e a Bolsa de Café, que passou a ocupar o pavimento da esquerda.