Era uma tendência que vinha se firmando no país, mas só Curitiba tinha dado o passo, em 1963. Dois anos depois, em 15 de outubro de 1965, a cidade de Santos constituía sua própria companhia de urbanização (a segunda nacional), com a missão de “pensar a cidade” para o futuro, livre das amarras burocráticas tão peculiares do executivo. A Prodesan, Progresso e Desenvolvimento de Santos S.A., fora criada pelas mãos de um prefeito engenheiro civil, Silvio Fernandes Lopes, que, mais do que qualquer outra pessoa, tinha a exata noção sobre a importância e o papel que uma empresa pública daquela natureza poderia ocupar no planejamento evolutivo santista, seja na questão das obras de caráter viário, mas também na elaboração e execução dos projetos de estruturação dos vários setores da municipalidade.
A Prodesan nasceu pequena, sem sede, porém, em pouco mais de dez anos alcançou um patamar de excelência que a colocou entre as maiores e mais bem sucedidas empresas do setor no Brasil, oferecendo serviços de produção de asfalto (1967), armazenamento e processamento de dados (1969), gráfica (1969), obras e serviços públicos (1970), administração de estacionamentos regulamentados (1974) e limpeza urbana – coleta de lixo e varrição (1976).
A Prodesan também auxiliava a Prefeitura na elaboração dos grandes projetos da cidade, como o Teatro Municipal, Concha Acústica, Terminal Rodoviário, Elevado Aristides Bastos Machado e outras importantes intervenções viárias, como os alargamentos das avenidas Nossa Senhora de Fátima (sua primeira obra), João Pessoa e Visconde de São Leopoldo. Também projetou conjuntos habitacionais, em parceria com a Cohab, como o Residencial General Dale Coutinho.
O Edifício Sede
Foi um dos primeiros grandes projetos do departamento de engenharia da Prodesan, inaugurado em 30 de dezembro de 1969 e nominado “Arthur da Costa e Silva”, como homenagem ao ex-presidente falecido uma semana antes. Construído em concreto aparente e apresentando janelas com cobertura em arco (uma proteção natural contra sol e chuva), o edifício, por sua inovação, chegou a ser comparado às grandes construções gregas e romanas. Seu projeto foi assinado pelos engenheiros Flávio Pastori e Luigi Villa Vechia. Seu custo total foi de 3 (três) bilhões de cruzeiros velhos. Em 1990, a Prefeitura de Santos sugeriu a troca de nome do edifício, para Aníbal Martins Clemente (primeiro presidente da Prodesan), o que foi aceito pelos acionistas. Um dos grandes destaques do prédio acontecia durante as festividades natalinas, quando só ficavam acesas as luzes das salas que compusessem um mosaico específico, como uma árvore de natal ou uma cruz.
Usina de Asfalto
Criada em 1967, no bairro do Bom Retiro (foi transferida para a Alemoa em 1973), foi o primeiro serviço da empresa, sendo até hoje um dos mais ativos. Atende desde sua origem às demandas da Prefeitura de Santos, como também a de outros municípios e empresas do governo do Estado de São Paulo, como DER e DERSA, e particulares, como a Camargo Correia. Foi uma importante fornecedora de massa asfáltica para o Sistema Anchieta-Imigrantes. Em média vem produzindo cerca 50 mil toneladas anualmente. Em 1978, chegou a atingir a produção de 64 mil toneladas de concreto betuminoso usinado a quente, popularmente conhecido como “piche”. Em 2014 foram 59 mil toneladas. O recorde de produção aconteceu em 2000, com quase 90 mil toneladas de asfalto.
Centro de Processamento de Dados
Em 1969 a Prodesan implantou um avançado serviço de processamento de dados, tendo como clientes não só a Prefeitura de Santos, como várias empresas particulares, que representavam 70% do faturamento. Ao município, processava, entre vários serviços, a folha de pagamento, os lançamentos de impostos, os balanços mensais e os licenciamentos. Até hoje presta atendimento na área de informática para empresas públicas e privadas, principalmente à Prefeitura, gerenciando o Datacenter, processando a folha de pagamento e imprimindo holerites, provas escolares e documentos para todas as secretarias. No setor privado e governamentais de outras esferas, destacam-se como clientes, a Santa Casa de Misericórdia, a Beneficência Portuguesa, a Codesp, a Câmara Municipal e o Iprev.
Gráfica
Criada em 1969, para rodar o diário oficial de Santos, editava também a maior parte das publicações importantes da cidade, em especial as peças de divulgação turística produzida pela Secretaria de Turismo de Santos (Sectur), como cartões postais, calendários e livros. Também imprimiu obras importantes como o Almanaque da Baixada Santista, a Revista Leopoldianum (da Faculdade de Comunicação de Santos), o Jornal do Rotary Clube de Santos e os anuários da Associação Comercial. Ocupava um anexo nos fundos do prédio. A Gráfica da Prodesan implantou o primeiro serviço offset de Santos. Ali eram impressos os cartões do estacionamento regulamentado, vale transporte, passe público e escolar de ônibus. A gráfica foi desativada em outubro de 1997.
Urbanismo
A primeira obra da Prodesan foi o alargamento e urbanização da Avenida Nossa Senhora de Fátima, em 1967. Daí em diante, a Prodesan passou a intervir em praticamente todas as obras de urbanização, recapeamento e alargamentos de vias na cidade de Santos. Antes da Prodesan, as ruas santistas eram pavimentadas com macadame asfáltico. Com a implantação da Usina, passou a utilizar a lama asfáltica, material de maior durabilidade e economia.
Estacionamento Regulamentado
A Prodesan foi responsável, nos anos 1970 e 1980, do estacionamento regulamentado da cidade.
Rodoviária de Santos
A Prodesan, além de ter comandado a sua construção, em 1969, era também a administradora do Terminal Rodoviário de Santos, até 1993, quando a responsabilidade é transferida para a Secretaria de Turismo.
Habitação
O projeto do Conjunto Residencial Dale Coutinho foi totalmente projetado pelo Departamento de Planejamento Urbano da Prodesan, em 1976, sob encomenda da Companhia de Habitação da Baixada Santista (Cohab).
Limpeza
A Prodesan executava a limpeza mecânica (lixo trazido pelas marés) das praias santistas, desde o Aquário até a divisa com São Vicente. Paralelamente promovia a retirada do excesso de areia, em especial dentro dos canais. A partir de 1976, a Prodesan assumiu a responsabilidade sobre a limpeza urbana da cidade (coleta de lixo e varrição pública), incluindo a administração do Aterro Sanitário da Alemoa. A empresa também era responsável pela varrição pública, contando com centenas de profissionais conhecidas como “margaridas”, além das limpezas em feiras livres e grandes eventos, como o Carnaval. Outro importante serviço da Prodesan é a drenagem e limpeza de sistemas pluviais.
Entre as maiores do Brasil
A Prodesan figurou algumas vezes em rankings nacionais de bom desempenho empresarial. Em 1976, um estudo da Revista Visão a colocou entre as 10 maiores empresas do Brasil, no “Quem é Quem da Economia Brasileira 1976”. Nos anos 90, a Prodesan continuou sua trajetória de empresa modelo e foi reconhecida como a 3ª empresa de serviço público do Brasil, pelo jornal “Gazeta Mercantil”, a 1ª do Estado de São Paulo.
Projetos ao longo dos 50 anos
A Prodesan iniciou as atividades do seu setor de engenharia e projetos na segunda metade dos anos 1960. De lá para cá foram dezenas de projetos importantes para a evolução da cidade, com destaque para a lista que segue:
Escola Avelino da Paz, no bairro da Vila Nova – Primeira obra da Prodesan (1968)
Edifício do Comércio (atual Acácio Paula de Leite Sampaio) – 1968
Sede da Prodesan (1969)
Estação Rodoviária (1969)
Ginásio Rebouças (1971)
Elevado Aristides Bastos Machado (1973)
Restaurante Portuário (1978)
Teatro Municipal (1978)
Pronto Socorro Central (1979)
Concha Acústica (1984)
Mercado de Peixe (1982)
Reurbanização da Praça Independência (1998)
Reurbanização da Praça dos Andradas (1998)
Calçadão da Othon Feliciano (1998)
Pronto Socorro da Zona Noroeste (1999)
Revitalização do Outeiro de Santa Catarina (2000)
Deck do Pescador (2001)
Ciclovia da Orla (2002)
UME no Morro do José Menino (2003)
Centro da Juventude, na ZN (2003)
Corpo de Bombeiros do Gonzaga (2004)
Ampliação do Aquário (2004)
Centro Esportivo do Morro de São Bento (2005)
Passarela sobre os canais (2003)
Praça Guadalajara (2006)
Ponte Edgard Perdigão (2006)
UME João Papa Sobrinho (2006)
Calçadão da Igreja da Pompeia (2008)
Hospital de Clínicas e Maternidade (2011)
Centro Cultural da Vila Progresso (2012)
Nova Rodoviária (2013)
UME Jabaquara (2014)
Concha Acústica (2014)
UME Pedro Crescenti (2014)