Numa época em que o rádio era o grande veículo de comunicação dos brasileiros, as estações santistas brigavam como “gente grande” contra as fortíssimas emissoras das capitais paulista e carioca. Durante o período pré-carnavalesco, essa batalha se acentuava, principalmente entre os compositores que formavam o “casting” das rádios. Em 1946, Valter Rodrigues e Gentil Castro alcançaram um feito que encheu a cidade de orgulho. O samba “Falso Maestro”, de criação de ambos, foi considerado um verdadeiro sucesso em várias cidades do Sul-Sudeste, vencendo diversos concursos musicais em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
A Revista Flamma, em sua edição de fevereiro de 1946, publicou nota exaltando a conquista dos santistas. “São nomes que já estão gravados com letras de ouro no livro das grandes realizações do rádio. Gentil Castro e Valter Rodrigues apareceram no Carnaval deste ano como dois heróis, demonstrando que Santos e São Paulo possuem compositores à altura dos respeitados Ataulfo Alves, Frazão, Haroldo Barbosa, Herivelto Martins e muitos outros”.
Naquele ano de 1946, os dois compositores festejavam o maior feito da até então curta carreira. Eles obtiveram o que almejavam os mais veteranos dos artistas da música. Valter Rodrigues era mais experiente e já havia um reconhecimento ao seu trabalho, em obras como “Duas Mulheres”, “Barrigudos”, “Cirandinha” e “Se Me Queres Mal”. Mas ele mesmo reconheceu que a obra em duas mãos, ao lado do parceiro Castro, superou todas as suas anteriores.
O resultado do sucesso de “Falso Maestro” se espalhou pelas ruas da cidade santistas durante a Festa de Momo. Todos os bailes, blocos e cordões tocavam a música, para alegria dos animados foliões. No último dia do Carnaval de 1946, era possível ouvir pela cidade: “Ainda não rompeu a Aurora, Toda a turma quer ir embora, Falso Maestro de gafieira, Mete samba pro baile durar a noite inteira! Mete samba pro baile durar a noite inteira!”