Nos anos 1960, o Carnaval Santista já era considerado o segundo mais importante do Brasil, ficando atrás somente da folia carioca. A cidade de Santos era conhecida e chamada pela imprensa de “A Capital do Carnaval Paulista”, afamada pelos seus bailes, desfiles de blocos, da patuscada “Dona Doroteia, Vamos Furar Aquela Onda?” e pelo reinado de Waldemar Esteves da Cunha, que naquele início de década completava 10 anos de soberania, na pele do Rei Momo Oficial do Carnaval Santista.
E foi por conta deste reinado exemplar que Santos se prontificou a promover um evento até então inédito no país: a “Convenção Nacional de Reis Momos”. A ideia partiu do jornalista e memorialista do Carnaval de Santos, Bandeira Júnior, que também era membro do Conselho Municipal de Turismo. Ele desenvolveu a programação e montou todo o esquema para trazer a Santos os Reis Momos eleitos nas principais cidades do Brasil. Aqui, a turma “de peso” poderia trocar ideias e experiências, com o objetivo de chamar a atenção da mídia nacional, a fim de valoriza a figura simbólica da principal festa popular brasileira.
A fim de minimizar os gastos do transporte dos inúmeros convidados, Bandeira obteve o apoio de uma companhia aérea, a Cruzeiro do Sul, que cedeu, gentilmente, as passagens aéreas aos Reis Momos, como Abraão Abdalla Haddad, representante do Estado da Guanabara; Octávio Martins Belmonte, do Estado de Minas Gerais; Nilton Ferreira da Silva, da Bahia; José Taranto, do Rio de Janeiro; Vicente Rao, do Rio Grande do Sul e Haroldo Rego, do Maranhão. Vieram ao Congresso também, mas de carro, os Reis Momos de São Paulo, Salvador Militelo; de São Vicente, Eurico Ferrão, além do anfitrião, o santista Waldemar Esteves da Cunha.
O evento ficou marcado para os dias 14 e 15 de fevereiro de 1963. As majestades carnavalescas ficaram hospedadas no Palace Hotel, no José Menino (no local onde hoje está o Edifício Universo Palace), local onde, aliás, realizaram a Sessão Plenária. Durante os dois dias do inusitado evento, os Momos visitaram o prefeito de Santos, José Gomes, e vários pontos turísticos da cidade. Santos ficou lotada de jornalistas de todos os cantos do país, curiosos diante dos desfiles de tanta gente robusta.
O sucesso foi estrondoso. Tanto que a cidade santista voltaria a sediar o evento em fevereiro de 1966, com a presença dos mesmos Momos da primeira convenção e mais os Momos do Pará, Mário Alberto P Ciua; da Paraíba, Francisco Tomás Neto e do Rio Grande do Norte, Paulo Maux.