Um dos grandes fatores da projeção internacional da cidade de Santos, além de seu porto (o maior e mais movimentado do hemisfério sul do planeta), é o futebol, esporte consagrado como o mais popular do mundo. E, se podemos dizer que existe uma casa do futebol santista, ela é, sem dúvida nenhuma, o Estádio Urbano Caldeira, também conhecido carinhosamente como “Vila Belmiro”, mesmo nome do bairro que ficou notabilizado mundialmente por abrigar esta espécie de “templo sagrado” do esporte “bretão” (termo muito utilizado antigamente para definir o futebol). Do gramado da vila famosa nasceram grandes astros futebolísticos, em especial o maior de todos os tempos, o Rei Pelé.
Inaugurado em 12 de outubro de 1916, o Urbano Caldeira foi o primeiro grande espaço para a prática de futebol na cidade, ocupando uma área de 150×130 metros. Mas, para surpresa de muitos, não foi o único e nem o maior (em área ocupada) da história da cidade de Santos.
Vizinho ao estádio do alvinegro praiano, uma outra agremiação santista, a Associação Athlética Americana, fundada em 14 de julho de 1914 (fato que completará 100 anos na próxima segunda-feira), com a ajuda financeira da Companhia Docas de Santos (de Guilherme Guinle), resolveu erguer seu campo de futebol ao lado do Urbano Caldeira, mais precisamente na quadra situada entre as ruas José de Alencar, D.Pedro I, Pedro Álvares Cabral e Princesa Isabel (onde estão hoje, além de várias residências e prédios, os colégios Primo Ferreira e Azevedo Júnior – veja detalhe no mapa abaixo, de 1930). O local, batizado como “Praça de Esportes Alpheu Paim”, exibia uma área total ainda maior do que a de seu vizinho famoso, contando com 180×150 metros. Muita gente considerou esta ocupação geográfica estratégica como uma espécie de provocação ao rival alvinegro, uma vez que a Associação Athlética Americana havia sido formada por membros dissidentes do Santos F.C.
Independente das desavenças, o Alpheu Paim testemunhou grandes partidas durante sua inauguração, ocorrida solenemente no dia 15 de março de 1925, durante as comemorações relativas ao aniversário de 10 anos da agremiação. Uma delas foi protagonizada pelo vizinho rival, o Santos F.C., que ali derrotou por 3×0 o até então “imbatível” São Bento A.C., de São Paulo, que naquele ano ainda se sagraria bi-campeão paulista.
O estádio do Americana sobreviveu somente até o início dos anos 1950, quando foi vendido e loteado para a especulação imobiliária, não tendo tempo de ser utilizado ou visitado pelo menino Edson Arantes do Nascimento, que desembarcaria no gramado rival poucos anos depois, projetando-o para o mundo. Definitivamente o Estádio da Vila Belmiro se consolidava como um único templo futebolístico, deixando para trás a história do Alpheu Paim, um campo que deixou saudades.
Curiosidades da Associação Athlética Americana
- A agremiação tinha como cores oficiais o azul e o branco
- O clube também tinha um apelido, sendo conhecido como “A Fidalga”
- Em 1942, a A.A. Americana foi o primeiro clube de Santos a jogar uma partida no Estádio do Pacaembú, enfrentando o LPB, de São Paulo, pelo Campeonato de Futebol Amador do Estado de São Paulo
- Por incrível que pareça, o clube ainda existe, tendo poucos associados que frequentam uma pequena sede localizada na rua Jorge Tibiriçá, nº 2, no Gonzaga.