A passagem do século XIX para o século XX se revelou transformadora aos santistas. As riquezas resultantes das atividades comerciais ligadas ao café impulsionavam sobremaneira a cidade, gerando oportunidades de trabalho para as classes média e baixa e altíssimos rendimentos para alguns poucos felizardos da elite local. Desta forma, o progresso resultante do momento econômico altamente favorável se traduzia no acelerado crescimento urbano de Santos, que testemunhava tais mudanças através de obras públicas como o projeto de saneamento liderado pelo engenheiro Saturnino de Brito, pela expansão do Porto de Santos, assim como pelo surgimento de novos bairros para além da velha cidade, que durante muitas décadas se limitou entre o Valongo e os Quartéis (limitado no início da atual avenida Conselheiro Nébias, conhecida como Caminho da Barra).
As transformações se iniciaram em 1865, quando houve a expansão de diversas vias para os lados do Paquetá, como a rua do Rosário (atual João Pessoa), das Flores (atual Amador Bueno), dos Açougues (atual General Câmara) e a Xavier Pinheiro (rua do porto). Neste mesmo ano eram abertas algumas outras ruas, como a Sete de Setembro (que nasceu como rua nº 38) e a Bittencourt. Contudo, não se podia dizer que era formado um bairro propriamente dito, mas indicava um grande potencial para se tornar, em pouco tempo, no lugar predileto dos mais abastados da cidade santista.
Assim, antes mesmo da virada dos séculos, tanto o Paquetá quanto o novo bairro, que passou a ser conhecido como “Vila Nova”, viram surgir em seus terrenos virgens suntuosos casarões, de propriedade das mais tradicionais familias da cidade. O endereço mais procurado era a nova avenida Conselheiro Nébias, linda e monumental, servida por bondes que iam para todos os lados da cidade.
O garbo da Vila Rica atraiu as melhores escolas para lá, como o Colégio Santista, a Associação Instrutiva José Bonifácio, o Colégio Coração de Maria, o Liceu Feminino. Ali ao lado estavam a nova matriz, a Catedral, o edifício da Humanitária, que abrigava grandes bailes, assim como o Clube XV, que teve endereço na rua Sete de Setembro.
Com o avanço da cidade e o “descobrimento” da orla da praia, pela elite, a Vila Nova iniciou um processo lento de esquecimento e decadência, culminado na década de 1960, quando da explosão do Gasômetro (1967). Nos dias de hoje, um grande esforço é empreendido para devolver à Vila Nova um papel de protagonista para um novo avanço santista.