Waldemar, um Rei Momo digno de Guiness Book

É impossível falar de Carnaval sem contar a história de Waldemar Esteves da Cunha, o nosso eterno Rei Momo. Nascido em 1920, no bairro do Campo Grande, filho de português com italiana, e folião de “carteirinha”, Waldemar iniciou sua rica e linda trajetória em 1950, quando foi eleito pela primeira vez em um concurso promovido pelo extinto jornal “O Diário”, conquistou o posto de majestade do Carnaval após anos de um vazio ocupado de forma equivocada por “momos fajutos que desciam a Serra do Mar para comandar nossa folia, sem legitimidade”, como dizia o saudoso historiador Bandeira Júnior.

Representante do Bloco Carnavalesco “Agora Vai…”, Waldemar continuou liderando o Carnaval santista nos dois anos seguintes, graças à ajuda de empresários, que bancavam as despesas da Corte Carnavalesca por meio de doações em um Livro de Ouro. Em 1953 e 1954, percebendo a importância da Corte para a festa, o então prefeito Francisco Ribeiro, colocou um carro à disposição de Waldemar e sua corte, para que pudessem cumprir todos os compromissos carnavalescos, que incluía visitas aos desfiles dos blocos, aos bailes nos clubes, às guerras de confetes e à famosa patuscada “Dona Dorotéia, Vamos Furar Aquela Onda?”, evento, aliás, que fora o berço do Rei Momo na folia santista.

Waldemar havia iniciado cedo sua paixão pelo Carnaval. Com 13 anos de idade, já desfilava pelas ruas como integrante dos blocos “Filarmônica Excêntrica” e da “É Jeito Nosso”, ambas criadas no bairro do Campo Grande, onde o Rei Momo sempre viveu. Com 17 anos, Waldemar ingressou na patuscada “Dona Dorotéia, Vamos Furar Aquela Onda?”, onde ficou famoso na cidade, justamente por ser o principal intérprete da matrona “Dorotéia”.

E como famoso folião, iniciou sua longa trajetória real, encarnado o papel de Rei Momo por mais de quatro décadas (1950-1991)! Um recorde que ninguém no Brasil ou em qualquer outro canto possa bater, digno de estar no Guiness Book. Como curiosidade, Waldemar também chegou a se travestir de Papai Noel, em alguns Natais, mostrando sua disposição para sempre animar a cidade. Apesar da “coroa pendurada” em 1991, Waldemar acabou aceitando o convite da Prefeitura para liderar a Corte no ano 2000, colocando mais um ano em sua marca invejável como o Rei Momo de maior reinado da história.

* Waldemar Esteves da Cunha nos deixou em 8 de abril de 2013, com 92 anos de idade. Porém, sua luz jamais se apagará entre nós.

Corte Carnavalesca de 1962, com a Rainha Assunta Lancelotti e o Chanceler Bandeira Júnior. Clique na imagem para ver maior.
Corte Carnavalesca de 1962, com a Rainha Assunta Lancelotti e o Chanceler Bandeira Júnior. Clique na imagem para ver maior.
Waldemar em 1955, com o prefeito Antonio Feliciano (à esquerda, de óculos).
Waldemar em 1955, com o prefeito Antonio Feliciano (à esquerda, de óculos).
Waldemar na pele da matrona Dona Dorotéia, na década de 1940.
Waldemar na pele da matrona Dona Dorotéia, na década de 1940.
Já com mais de 90 anos de idade, sem perder a majestade.
Já com mais de 90 anos de idade, sem perder a majestade.
Descontração com a Corte de 1961: a Rainha Mause Prée e o Chanceler Bandeira Júnior. Clique na imagem para ver maior.
Descontração com a Corte de 1961: a Rainha Mause Prée e o Chanceler Bandeira Júnior. Clique na imagem para ver maior.

 

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