Museu de Pesca de Santos é registrado pela revista Manchete em 1954

Reconhecida como um dos semanários mais importantes e influentes do Brasil, a revista Manchete (1952-2000), editada no Rio de Janeiro, registrou em suas páginas diversas notas e matérias sobre a cidade de Santos e suas particularidades. O Memória Santista reproduz alguns destes registros, resgatando fragmentos interessantes do passado, que contribuem, sobremaneira, para o entendimento do modo de ser e viver da cidade, seus habitantes e visitantes, principalmente por meio dos olhares de fora para dentro, ou seja, como o Brasil e os brasileiros enxergavam a nossa querida cidade portuária e praiana.

Neste post, a mais antiga nota específica sobre Santos, publicada na edição 102, de 3 de abril de 1954, reproduzimos o texto do jornalista Salomão Scliar, que também assina as imagens do ensaio fotográfico produzido no interior do Museu de Pesca, tema da matéria. As legendas também são reproduzidas fielmente.

Esta jovem, uma das sete mil pessoas que cada mês visitam o Museu de Pesca da cidade de Santos, examina uma das peças do curioso e único estabelecimento do gênero na América Latina. Tudo que se relaciona com a fauna marinha, no Brasil e no mundo, encontra-se ali, à vista de quantos se interessam pelo mundo dos peixes, mundo vasto e cercado de mistérios.

 

 

 

O BRASIL TEM UM MUSEU DE PESCA

Reportagem fotográfica de Salomão Scliar

O Instituto de Pesca Marítima, da Caça e Pesca, do Departamento da Produção Animal, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, mantém um interessante mostruário do mar – o Museu de Pesca. Este original museu está situado na Ponta da Praia, em Santos, logo à entrada da Barra, na avenida que beira o mar, num edifício antigo, onde funcionou há tempos, a Escola de Aprendizes Marinheiros. O Museu de Pesca é o único da América Latina. Foi organizado pelo atual diretor do Instituto de Pesca, que também foi idealizador do Aquário Municipal, outra curiosa instituição que cuida de animais marinhos. O museu em apreço herdou em sua fundação, os remanescentes do antigo museu natural do Instituto de Pesca, desmantelado em 1947, por força de um incêndio que destruiu toda sua parte nova.

O interesse por esse próprio estadual é grande, atestando eloquentemente os 7.000 visitantes médios mensais que registra o seu livro de presença.

Nestas páginas, MANCHETE mostra aos leitores alguns aspectos do Museu de Pesca, estabelecimento minuciosa e cientificamente instalado, que muito já tem contribuído para a divulgação entre nós de tudo quanto se sabe e se estudo no mundo sobre fauna marinha.

Fotos: 1) As salas do Museu também exibem uma riqueza de equipamentos de toda sorte para a pesca. Ai, a bela visitante examina, entre outras coisas, uma rede armada de modo a mostrar como o peixe é aprisionado. 2) Cabeça do cação “sanhapé”, temível espécie da mesma família dos tubarões. O Museu, além das suas coleções de peixes, demonstra de forma dinâmica as mais variadas técnicas de pesca e caça submarina conhecidas. 3) Peixe-lua, espécime que vive a 2.400 metros de profundidade. Este exemplar foi pescado pelos próprios funcionários do próprio estabelecimento, que dispõe também de um departamento destinado a coleta de material.
O impressionante esqueleto de uma gigantesca baleia constitui uma das grandes atrações populares do Museu. Suas coleções, já preciosas, são constantemente enriquecidas, graças ao planejamento da sua direção.