Imponente, prédio do Cesário Bastos, primeiro Grupo Escolar Estadual de Santos, completa 100 anos de existência

 

Sóbria e suntuosa. Estas eram a visão e sensação, totalmente paradoxais, de pais de alunos e autoridades locais, ao pisarem pela primeira vez dentro da imponente edificação escolar erguida na Vila Mathias e inaugurada com orgulho naquela manhã de 25 de abril de 1916. Ciceroneados pelo entusiasmado diretor do moderno colégio, professor Primo Ferreira, os visitantes não se cansavam de elogiar o primor e as dimensões dos espaços que seriam dedicados à educação de seus filhos. Criado por Decreto Estadual, em 28 de abril de 1900, ou seja, perto de completar mais um ano de vida, o primeiro grupo escolar implantado pelo Governo de São Paulo em Santos, batizado com o nome do ilustre Dr. José Cesário Bastos, daria um novo rumo ao modelo educacional na cidade.

UM COMEÇO HUMILDE

A instituição, ao contrário do que ostentava em 1916, nasceu modesta, ofertando apenas cinco salas de aula em uma humilde casa situada na esquina das ruas Sete de Setembro e Brás Cubas, de propriedade do ilustre santista Júlio Conceição. Porém, desde o início das atividades naquele local, eram frequentes as críticas sobre o lugar, considerado inadequado para a promoção educacional que se pretendia. Com o decorrer dos anos, as condições se agravavam em razão do aumento de demandas de alunos. Só para se ter uma ideia, em 1902, o grupo mantinha 272 alunos (sendo 119 meninos e 153 meninas). Dez anos depois, a quantidade de estudantes já chegava a 650. De fato, estava insustentável se manter naquele endereço.

CONSTRUINDO UM SONHO

Antes mesmo de apitar o sinal de alerta, o Governo do Estado correu para adquirir um enorme terreno ao lado da Estação Central de Bondes, na Vila Mathias. E, em 25 de agosto de 1907, autorizou a obra de um prédio que prometia ser um dos mais belos da cidade. Para pais, alunos e professores era o início de um sonho a ser construído. Os operários iniciaram seu trabalho em 1º de janeiro de 1914 e, dois anos depois, o concluíram.

O edifício, projetado pelo arquiteto Manuel Sabater e edificado pelo construtor Alfredo Cajado Lemos, se destacava pela imponência e pela qualidade do material empregado nos detalhes e acabamentos. Era difícil se ver em Santos tanta riqueza de detalhes em 3.898 metros quadrados de área construída.

O prédio foi construído com tapagens onduladas em vidro colorido indiano, sustentadas nos vãos maiores por colunas de ferro; piso em ladrilho hidráulico; escadarias em mármore branco; corrimãos em madeira de lei e ferragens importadas da Inglaterra, com elementos decorativos em art-noveau com destaque para as grades, florões e rostos de crianças esculpidos nas fachadas e entradas laterais.

A primeira escola do Estado em Santos foi considerado, na época, um caso à parte, em se tratando de suntuosidade. Enquanto o padrão estabelecido era, em geral, oito salas de aula, distribuídas em dois pavimentos, o prédio do Grupo Escolar Dr. Cesário Bastos se apresentou com 30 salas, além de seis escritórios, um salão, dez sanitários, dez salas de depósito, uma sala médica, uma sala de artes plásticas, cozinha e oito lances de escadas, distribuídos em três pavimentos. Definitivamente os autores extrapolaram as determinações padrões.

REFERÊNCIA PAULISTA

Ao longo dos anos, o Cesário Bastos se tornou uma referência no Estado de São Paulo em se tratando de qualidade de ensino e capacidade de atendimento. Em 1952, a escola possuía 52 classes e mais de 2 mil alunos matriculados. Ali trabalhavam 52 professores titulares, 48 substitutas efetivas, um porteiro, seis serventes, um médico, uma educadora sanitária e três dentistas. Era um verdadeiro orgulho de Santos.

 

A majestosa obra do Grupo Escolar Cesário Bastos.
A majestosa obra do Grupo Escolar Cesário Bastos.
O Cesário Bastos, imponente, dominando a paisagem da Vila Mathias, ao pé do Monte Serrat.
O Cesário Bastos, imponente, dominando a paisagem da Vila Mathias, ao pé do Monte Serrat.
O Cesário Bastos algum tempo depois de sua inauguração, em 1916.
O Cesário Bastos algum tempo depois de sua inauguração, em 1916.

 

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