Cidade Junina de 1960 ganha parque de diversões e se torna a segunda maior atração turística de temporada de Santos

Vista aérea da Cidade Junina de 1960, quando a festa se tornou uma das mais badaladas do gênero no país.

Depois do Carnaval, a festa de Inverno se consolida como uma atração imperdível para santistas, veranistas e turistas

Santos, 11 de junho de 1960. A cidade estava em polvorosa, animada para a inauguração de mais uma “Cidade Junina”. Era o quinto ano consecutivo da festa de Inverno, que se transformara num grande sucesso para todos os santistas e, ainda mais, para veranistas e turistas. Naquele ano, uma novidade fez brilhar os olhos da criançada. Era a primeira vez que, além das vinte barracas de lanches e doces, e das atrações musicais, haveria um parque de diversões completo para animar a festa, montada por uma empresa de renome em São Paulo: o Shangri-lá, que levou para as areias do Gonzaga nada menos do que 30 brinquedos recreativos, alguns inéditos, além de uma “Cidade Miniatura” e um “Trenzinho Mecânico”. As atratividades se completavam com um rinque de patinação, apresentações de serenatas, exibições folclóricas, show pirotécnico e a “Noite do Samba”, com a presença das principais entidades carnavalescas da cidade. Naquele ano de 1960, foi também organizado o concurso “Rainha da Cidade Junina” que, ao final, foi conquistado por Marilda Ribeiro Louzada, representante da barraca da União Social Camiliana.

A área da “Cidade Junina” compreendia uma boa faixa de areia entre a Praça das Bandeiras e o Posto de Salvamento nº 3. O período de funcionamento ia do dia 11 de junho até 18 de julho, das 19 às 24 horas, exceto nos domingos e feriados, quando as atividades começavam a partir das 15 horas.

As maiores atrações do parque da Cidade Junina de 1960: O Autorobot, o Carrossel Mexicano, a Pista Infantil, a Roda Gigante, Jato Infantil e a Barra de Tiro ao Alvo.

A inauguração contou com a presença, além das autoridades municipais, como o prefeito Silvio Fernandes Lopes, também do bispo diocesano de Santos, D. Idílio José Soares, que abençoou os festejos e promoveu o levantamento do “Mastro de São João”, símbolo da festa.

Uma surpresa na festa de 1960 foi a presença da orquestra centro-americano (El Salvador) “Marimba Cuscatlan”, que se apresentara no Ginásio do Santos Futebol Clube e estenderia seu show para o tablado da Cidade Junina, garantindo a diversão dos visitantes. Outro artista que tocou no evento foi “Jackson do Pandeiro”, que tinha seu próprio programa na TV Tupi, de São Paulo, e era grande sucesso na mídia. Para animar a criançada, também fez presença o famoso “Capitão 7” (super-herói brasileiro oriundo da TV Record, interpretado pelo ator mineiro Ayres Campos. O 7 era uma alusão ao número do canal nos aparelhos receptores). Também cabe destacar a participação do “Rei dos Caipiras”, Genésio Arruda e sua banda show, que atraiu centenas de pessoas já na fase final da festa.

Fim da festa apoteótico

No dia 18 de julho, a Cidade Junina encerrou suas atividades com uma grande festa, ao sabor do samba, promovido pelas escolas carnavalescas da cidade. A Escola de Samba Brasil, pentacampeã santista foi quem comandou a “Noite do Samba”, que contou com a presença de milhares de pessoas nas areias do Gonzaga. O Conselho Municipal de Turismo reputou a festa de 1960 como uma das maiores já ocorridas na cidade. Durante os 37 dias de funcionamento, estimou-se a visita de mais de um milhão e meio de pessoas. As quarenta entidades assistenciais da cidade arrecadaram cerca de 30 milhões de cruzeiros (cerca de R$ 30 milhões nos dias de hoje).

Quem deu as caras na Cidade Junina 1960 foram o Capitão 7, herói da TV Record; Jackson do Pandeiro e o “Rei dos Caipiras”, Genésio Arruda.

 

CURIOSIDADES

O presidente do Conselho de Turismo, Átila Cazal era chamado por todos como o “prefeito da Cidade Junina”. Charge de Dino, publicada na edição de 25 de junho de 1960 em A Tribuna.

O prefeito da Cidade Junina

O presidente do Conselho Municipal de Turismo, Átila Cazal, era chamado de “prefeito” da Cidade Junina por quase todos os participantes. O sucesso do evento foi tão grande naquele ano de 1960, que algumas pessoas até cogitaram de convencê-lo a sair candidato a prefeito da própria cidade de Santos.

Dois turnos da festa

Para que todas as 40 entidades assistenciais da cidade pudessem usufruir da ação da Cidade Junina, o Conselho Municipal de Turismo dividiu o evento em dois turnos. De 11 a 30 de junho, as 20 barracas montadas eram ocupadas por metade dessas entidades, e as outras assumiam o posto de 1º a 18 de julho. 

Festa de Luz

Um show à parte foi proporcionado pelo sistema de iluminação da Cidade Junina, cujo projeto luminotécnico ficou a cargo engenheiro Ciro Fortes Vaz.

Cidade Junina tinha até telefone próprio

Na barraca do Conselho Municipal de Turismo a Companhia Telefônica instalou um aparelho para ligações urbanas, também à disposição do público. O aparelho tinha o número 4-2517.

A origem da Cidade Junina

Os festejos juninos nas areias da praia do Gonzaga tiveram sua primeira versão em 1955, promovido pelo Conselho Municipal de Turismo. A ideia era criar um atrativo para a cidade na temporada de Inverno, notadamente menos badalada do que a de Verão. A ideia também era fomentar a arrecadação pelas entidades assistenciais da cidade, que exploravam as barracas de comes e bebes. Para atrair o público, era montado um palco, onde se apresentavam concertos musicais, danças típicas da festa junina e outras atrações. O sucesso do primeiro ano foi tão expressivo, que em 1956, o Conselho de Turismo conseguiu trazer para animar a festa nada menos do que a afamada dupla humorística “Alvarenga e Ranchinho”. Este evento contou até com a presença do vice-governador do Estado, Porfírio da Paz, que inaugurou as festividades ao lado do então prefeito Antônio Feliciano.