O vovô dos semáforos de Santos


O trânsito santista está pressionado atualmente por aproximadamente 300 mil veículos, entre automóveis de passeio, carros de empresas, caminhões, ônibus, utilitários e motos. Isso sem contar as milhares bicicletas que tomam conta, todos os dias, de ruas, avenidas e ciclovias espalhadas pelos quatro cantos da cidade. Para organizar essa intensa movimentação diária, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos conta com um exército de aproximadamente 150 operadores de tráfego, que executam diversas funções, como monitoramento e fiscalização do trânsito e do transporte coletivo, travessia escolar, entre outras funções. O município possui ainda 354 cruzamentos semaforizados e 22 pontos de fiscalização eletrônica de velocidade e/ou avanço de sinal vermelho.

É tanta coisa que no dia a dia nem nos damos conta da existência dessa imensa rede fiscalizadora à nossa volta. Assim, a instalação de um novo semáforo, hoje, não desperta a menor curiosidade, ao contrário do que aconteceu no comecinho da década de 30, quando os primeiros “postes semaphoricos” foram colocados numa Santos que testemunhava o início da popularização do automóvel e tinha que se preparar para organizar um trânsito que começava a ficar confuso e perigoso.

Até o final da década de 1920, o trânsito era organizado apenas por guardas que, do meio da via, liberavam o afluxo nos cruzamentos. Com o aumento do número de carros nas ruas e, principalmente, motoristas inexperientes, os acidentes começaram a surgir, inclusive o de atropelamento de agentes de trânsito. Esse fato foi determinante para que a Câmara de Santos aprovasse a instalação de semáforos.

A primeira leva de postes semafóricos contemplou doze pontos: Gonzaga, confluência das avenidas Presidente Wilson, Ana Costa e Vicente de Carvalho; cruzamento das ruas Senador Feijó e Rangel Pestana, junto a ponte, Praça José Bonifácio, no cruzamento das ruas Senador Feijó e São Francisco; cruzamento das ruas do Rosário (atual João Pessoa) e Pedro II; praça Ruy Barbosa, no cruzamento das ruas do Rosário e Frei Gaspar; praça dos Andradas, no cruzamento das ruas Visconde de São Leopoldo  e 15 de Novembro; praça Ruy Barbosa, no cruzamento das ruas General Câmara e Frei Gaspar; praça Visconde de Mauá, no cruzamento das ruas General Câmara e Pedro II; cruzamento da avenida Conselheiro Nébias e rua Sete de Setembro e no Boqueirão, na confluência das avenidas Conselheiro Nébias, Vicente de Carvalho e Bartolomeu de Gusmão.

O primeiro a ser instalado foi o da Praça Ruy Barbosa e, neste dia, o povo se juntou para festejar a chegada daquele posto que iluminava a rua com três belas cores.

O PIONEIRO

Dia de festa na Praça Ruy Barbosa, nos primeiros dias de junho de 1930, durante a instalação dos primeiros “postes semaphoricos” de Santos. Dezenas de pessoas, curiosas com a novidade, foram prestigiar o nascimento da sinalização eletrônica do trânsito santista, que começava a dar sinais para a necessidade de maior organização. Os primeiros equipamentos, apesar de eletrônicos, eram acionados manualmente por elegantes agentes de trânsito que, assim como nos principais países europeus, organizavam o tráfego dos ainda poucos veículos que rodavam pelas ruas.

Não há dados precisos sobre o assunto, mas estimava-se em pouco mais de 100 a quantidade de veículos motorizados na cidade santista no início da década de 30. Na foto ao lado, encomendada pelos proprietários da Calazans & Cia, empreiteiros eletricistas responsáveis pela grande novidade, vê-se uma multidão que se formou no momento da instalação do equipamento pioneiro. Não faltou até quem não se aproveitasse do momento para “faturar algum” com a venda de doces, como quebra-queixo e cocada, além de jornais. Nasciam, assim, também, os primeiros vendedores em semáforos.

Cena da instalação do primeiro semáforo de Santos