Um trecho curioso da vida do controvertido empresário e político santista, Carlos Caldeira Filho

O santista Carlos Caldeira Filho foi um importante empresário e político com atuação mais incisiva entre as décadas de 1960 e 1980. Chegou a ser proprietário, junto com Otávio Frias de Oliveira, do conhecido jornal Folha de São Paulo (entre 1962 e 1992), e criou em sua terra natal o jornal “Cidade de Santos” (1967/1987). Figura polêmica, foi prefeito de Santos entre 7 de maio de 1979 a 28 de janeiro de 1980, nomeado pelo então governador Paulo Salim Maluf (nesta época, Santos não tinha autonomia política e estava impedida de eleger seu prefeito, que era escolhido pelo governador, com o aval do presidente da República). Durante sua curta gestão no Paço Municipal santista, Caldeira colecionou diversas polêmicas e protagonizou curiosos fatos.

O relato que vem a seguir, extraído pelo Memória Santista do jornal Preto no Branco (edição nº 1, de agosto de 1979), publicação da Cooperativa dos Jornalistas de Santos, traz o relato pitoresco de um dia na atribulada vida de Caldeira que, entre diversas curiosidades, residia numa mansão situada em terreno hoje ocupado pela loja Mc Donalds da Ponta da Praia (ao lado do Escholástica Rosa).

O texto original sofreu algumas alterações pontuais, em questões de ajustes de tempos verbais e semânticas.

Caldeira odeia paletó e gravata, mas não dispensa admiradores, elogios, cães obedientes, mansões e carrões.

Onze horas da manhã do dia 24 de julho de 1979. O prefeito nomeado de Santos, Carlos Caldeira Filho, finalmente chegava para mais um de seus divertidos dias de trabalho “pelo bem, porque só o bem vale a pena ser praticado”, dizia ele. Estacionou seu imponente Cadillac Eldorado azulzinho, conversível estofado de branco, na vaga que lhe cabia em frente à Prefeitura. Desceu do volante, que fazia questão de ocupar, pois apesar de ter 63 anos nas costas não gostava de depender de motoristas. Subiu devagar as escadarias do Paço Municipal vestindo uma de suas já tradicionais camisas largas com as fraldas para fora das calças folgadas. Nos pés, sapatos de camurça, de bico fino, ao contrário das chinelas e sandálias que usava com frequência nos dois primeiros meses de governo, para a surpresa e indignação de um grupo de vereadores liderados por Fernando Dias Oliva, empenhados em fazer aprovar uma lei que o obrigasse o prefeito a se trajar “de acordo com a dignidade do cargo que ocupa”.

Na antessala de seu gabinete, Caldeira encontrou o senador Flávio Brito, biônico pela Arena amazonense, que dias antes, em São Paulo, pedira a bênção ao governador Paulo Salim Maluf, antes de se trancar no gabinete do governador para uma conversa particular. O Senador, recomendado por Maluf, procurava pelo prefeito santista, acompanhado de dois senhores muito bem-vestidos, saudáveis e extremamente sorridentes. Após as apresentações de praxe e elogios às belezas amazônicas – por parte de Caldeira-, e à riqueza e pujança do Estado de São Paulo – por parte do senador -, houve uma conversa a meio-tom e a revelação de um mapa de uma parte da praia de Santos, que foi pauta na conversa. Depois disso, todos decidiram sair em passeio pela Cidade.

O relógio do painel do Cadillac do prefeito marcava 11h40 quando ele e Flavio Brito se acomodaram nos bancos dianteiros. Ao lado do imponente veículo, um pai explicava ao filho de uns 10 anos que as letras CL da placa (0008) “deveriam ser do nome Caldeira”. Só o pai riu com a piada, enquanto outras várias pessoas que circulavam pela praça Mauá, àquela hora, diminuíam o passo para melhor admirar “a máquina do novo prefeito”.

O vereador Washington “Mimi” Di Giovanni, que acidentalmente ocupava a presidência da Câmara do município e dias antes havia se sentado no colo e ainda deu um beijo em Caldeira como forma de sensibilizá-lo para o pedido de 70 milhões de cruzeiros que o Legislativo vinha fazendo para a construção de um novo prédio para a Câmara, chegou um pouco antes de o prefeito sair com seus convidados. Protestou por não ter sido avisado da presença do senador amazonense na Cidade, mas não conseguiu arrumar lugar nem no carro de trás, ocupado pelos amigos misteriosos de Flávio Brito.

Em frente às Lojas Americanas, o senador assumiu um ar de encantamento com “a beleza de cidade”. Carlos Caldeira sorriu feliz e, já na Praça dos Andradas, rodando macio com o teto do Cadillac baixado, falava de alguns dos orgulhos de Santos: a Santa Casa (parada por uma greve geral dos médicos, naquele dia), os irmãos Andradas, que “têm estátuas até nos Estados Unidos”, o Santos Futebol Club (o carro passava diante do estádio do Santos), o senador comentou que era uma praça de esportes muito pequena”, o prefeito contou que seu pai fora sócio fundador do clube e apontou uma casinha na Rua Dom Pedro I, onde o velho Carlos Caldeira morou.

– Meu pai só tratava dos pobres. Nisso eu sou pinto perto dele, mas em compensação o senhor vai ver a casa que eu tenho na Ponta da Praia – disse o prefeito, tomando a direção da Estação de Tratamento de Esgotos do José Menino. No meio do caminho, o senador perguntou como fora o leilão de carros oficiais do município, e Caldeira respondeu que fora muito bem recebido pela população, assegurando que nenhum secretário reclamou de ter de usar seus carros particulares para trabalhar, ou de ter de pagar a gasolina do próprio bolso.

À uma outra pergunta do senador, o prefeito respondeu que o orçamento de Santos estava em torno de 1 bilhão de cruzeiros, e que a população era de 600 mil habitantes, embora na verdade ela não chegasse nos 500 mil. Sobre seu plano de tapar os canais da Cidade e sobre eles instalar linhas de bondes – “uma notícia que chegou ao nosso conhecimento lá na Amazônia”, contou Flávio Brito – Caldeira tinha a dizer que … “é pra valer. Vamos fechar os canais que foram construídos no início deste século, por Saturnino de Brito, com a finalidade de drenar a Ilha de São Vicente, e que hoje perderam essa função. Vamos transformá-los em pistas exclusivas para o transporte coletivo movido a eletricidade, economizando combustível para o País e eliminando mais um foco de sujeira da Cidade, pois há muito tempo que esses canais só servem como depósito de lixo e animais mortos. Vamos dar um exemplo para todo o Brasil”.

O prefeito Carlos Caldeira, em 1979. Coleção Zezinho Herrera, Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams)

O Cadillac parou, então, em frente ao Asilo dos Inválidos, e Caldeira disse que aquela foi “a maior obra de meu avô, administrada por meu pai por muitos anos”. O senador balançou a cabeça, compreensivo e sensibilizado, e o prefeito voltou a mudar de assunto: “Santos é uma cidade infeliz há mais de 40 anos, desde que começou a decadência do comércio cafeeiro e os barões do café começaram a falir. Agora nós estamos tentando recuperar o tempo perdido, inclusive lutando para que a Companhia Docas pague imposto ao município. Essa empresa está há 89 anos administrando o porto da Cidade e nunca deu um tostão ao município. Pelo contrário, só deu problemas. “Mas isto é um absurdo”, exclamou Flávio Brito, esticando o pescoço para melhor olhar as senhoras que andavam na calçada da Avenida Barão de Penedo.

– Eu conheço o mundo inteiro. Já fiz mais de 40 viagens de navio, sou um apaixonado por navios, mas nunca vi cidade nenhuma com os jardins das praias de Santos – comentou o prefeito, saindo da Rua Newton Prado, entrando na Praia do José Menino e parando na divisa com São Vicente.

Todos desceram dos carros e a razão da visita do senador e seus amigos a Santos se revelou. O mapa, que na Prefeitura havia entrado na conversa a meio-tom, apareceu nas mãos de um engenheiro municipal e os dois amigos de Flávio Brito apontaram uma área de 2.581 metros quadrados (entre o canalzinho da Praia do José Menino, que passava ao lado dos prédios construídos na areia, até as proximidades do Oceanorium, conforme constava no mapa). Antônio Galdeano,” um dos amigos do senador, disse que fazia parte de um grupo exportador e importador, que “tem a propriedade desta área e vai construir aqui um hotel popular, de grande capacidade, associado a um grupo hoteleiro”. E todos mudaram de assunto, ignorando que aquele espaço era terreno da Marinha, de uso público, onde aquele e muitos outros tipos de construção eram proibidos, a menos que a Prefeitura autorizasse.

O prefeito tratou com carinho os visitantes e contou passagens de sua juventude, do tempo em que percorria a pé os 10 quilômetros de praias de Santos, “ensinando natação para as meninas”, disse, dando risada.

O Cadillac voltou a rodar, agora pelas avenidas da orla. Ao passar pelo Gonzaga, Caldeira contou: “Este prédio aqui à esquerda é o antigo Atlântico Hotel, que pertenceu ao Fernandes, dono do jogo de bicho da Cidade. Aliás, eu sou contra a reabertura do jogo, pois ele tira o leite das crianças, o fulano acaba sem dinheiro e no final tem de dar desfalque ao banco para pagar as dívidas.” “Mas é só o Governo policiar o jogo que não acontece nada disso”, argumentou o senador, mostrando-se totalmente a favor da reabertura dos cassinos. “Mas acontece que o Governo não policia nada”, respondeu o prefeito, mudando de assunto.

Mesmo modelo do Cadillac de Caldeira, Eldorado, cor azul claro.

Em frente ao Museu de Pesca, da Secretaria da Agricultura do Estado, Caldeira contou ao senador pertencer à Marinha”. Depois a conversa passou a ser sobre Guarujá, “que tem o prefeito mais bem pago do País, o tal de Daige, que ganha 159 mil cruzeiros por mês, enquanto eu só ganho 60, em Santos”. “Que absurdo”, exclamou o senador biônico.

Chegando na casa de Caldeira, a “Casa Branca” da Ponta da Praia (que na verdade era toda de vidro), o grupo foi saudado por três pastores alemães: Barre, Rita e K-2. Enquanto esperava a empregada Therezinha abrir o portão de ferro, o prefeito contou que tinha outros dois carros – um Buick e um Lincoln – e que passou seis meses na Alemanha fazendo um curso sobre pastores alemães. Com os cachorros, logo se viu, ele só falava em alemão. E fez uma demonstração da obediência dos bichos em cima da quadra de “piastella” (um jogo de tacos muito comum em transatlânticos italianos) que ficava ao lado da piscina em forma de guitarra.

Aquela era hora da saída de uma turma de crianças da escolinha que ficava ao lado da casa do prefeito. Os meninos se juntaram em volta do Cadillac, em frente ao portão, olhando os cachorros, admirados com a fonte e os esguichos de água que Caldeira mandou o empregado ligar sobre a piscina.

E ele ia mostrando, todo orgulhoso, sua casa aos visitantes. No fundo do quintal contou que o seu antecessor, prefeito nomeado de Santos, Antônio Manoel de Carvalho, “esteve aqui no Natal, sem ser convidado e com a mulher mancando, e pouco depois de eu ter sido indicado pelo governador para ser prefeito, mandou me multar em 80 mil cruzeiros porque essa casa não tem habite-se”. “‘Mas que absurdo”, comentou o senador, acompanhado no comentário pelos amigos empresários.

Therezinha, faz um café pra gente, ordenava Caldeira, antes de entrar na casa de vidro.

– Que maravilha de casa, hein prefeito – admirou-se o senador.

– Meu filho, eu sou o maior jornaleiro do País. Não jornalista, jornaleiro mesmo, pois vendo jornais. São mais de 600 mil exemplares de tiragem entre todas as publicações da nossa empresa (Folha da Manhã S.A.), diariamente. Agora, quem diria que um dia eu ia voltar para Santos (de onde saiu no final da década de 30, depois de ter sido acusado de aplicar alguns golpes na praça) como prefeito. Quem diria, não é?

Ninguém disse nada. Então, Caldeira passou a mostrar a casa aos visitantes. Numa parede havia uma foto em que ele aparecia se atirando na piscina ao lado de um de seus cães, motivo de extremo contentamento para o prefeito. Os dois, homem e animal, foram flagrados na mesma posição, soltos no ar, antes de cair na água azul. Enquanto o café não ficava pronto, o prefeito convidou todos para conhecerem o segundo andar de sua bela casa de paredes pastilhadas e amplos ambientes. “Este é o meu quarto. Vejam aqui quantos sapatos eu tenho. É tudo italiano, dos melhores fabricantes. Faço questão de mostrar, para esses vereadores saberem que se eles fizerem questão eu calço um par diferente por dia.”

Os olhos do senador e de seus amigos brilhavam: “Mas isto é uma obra de arte”, disse um deles, examinando um modelo de bico fino, de cromo. Caldeira sorriu, satisfeito, e abriu o guarda-roupas, exibindo seus ternos de casimira, linho, tecidos importados e caríssimos, segundo informava aos próprios visitantes, alisando as mangas dos paletós. “Pois é isso”, disse o prefeito, “se um homem no final da vida não pode se vestir como quer, depois de ter conquistado sua independência econômica, para que serviu todo o seu trabalho? Os vereadores vão ter de me aguentar vestido do jeito que eu ando, do jeito que sempre andei. Alguém aí quer fazer pipi”? – perguntou, entrando no banheiro do quarto.

Todo o segundo andar da “Casa Branca” era cercado por uma varanda que Caldeira dizia ser a imitação de um convés de navio. Isso é coisa de cinema, dr. Caldeira”, exclamou um dos visitantes, admirado “com toda a riqueza”. “Pois é por isso que os vereadores querem sentar-se no meu colo”, respondeu Caldeira, colocando todos rindo a gosto.

No quarto principal, em cima da cômoda, havia uma caixa grande de caramelos sortidos. Sobre um dos criados mudos um vidrinho de Leite de Magnésia. Na parede sobre a cama havia cenas de caça. No armário do banheiro mais de cinco pares de sapatilha “de um modelo que ele trouxera dos Estados Unidos e agora mando fazer igual na Folha”. E Caldeira foi jogando as sapatilhas aos pés das visitas, gritando que “é com elas que os vereadores mais implicam”.

O quarto da mulher e da filha foi mostrado rapidamente e o prefeito contou que “não havia um detalhe da decoração que não tivesse palpite meu, sem que ninguém se animasse a elogiá-lo”. Nos corredores do segundo andar, arranjos de plantas de plástico ornavam as paredes pastilhadas. De volta ao térreo, Caldeira exibiu várias peças inteiriças de vidro, em forma de pássaros, peixes, “que trouxe da Martinica”. “Uma beleza, prefeito”, diziam os visitantes. Caldeira contou que quando comprou o terreno de Bento de Carvalho, cônsul honorário da França em Santos, “o Bento não acreditou que eu fosse construir aqui uma casa com piscina. Falou que o que eu queria era um terreno para construir um prédio de apartamento”.

A quantidade de maços de cigarros espalhados pela casa (até na geladeira que fabricava gelo na hora, como o prefeito demonstrara, havia maços de cigarros estocados) impressionou os visitantes. Mas Caldeira assegurava que não fumava mais do que dois maços por dia, dando preferência para “os estoura peito”. Apontando para a porta- retrato que mostrava sua filha Cristina, o prefeito passou a falar com muito carinho dela, “uma menina doente”.

O café estava sendo servido quando Cristina chegou e o anfitrião exclamou, contrafeito: “Mas, minha filha, eu estava falando aqui que você era doente, e você me aparece toda corada assim, só para me desmentir?” …

Caldeira era apaixonado por cães e chegou a ganhar muitos prêmios com suas crias. Foto: Revista Manchete (RJ)

Finda a visita à sua residência, e partindo de volta à Prefeitura, Caldeira ainda fez questão de passar em frente à “Casa da Vovó Anita”, na Praia do Embaré, “onde eu passei minha meninice, e que hoje foi transformada num asilo para crianças pobres, recebendo menores abandonados de todo o País para 15 dias de férias, de graça”.

O senador e seus amigos estavam exaustos e, tão logo chegaram ao Paço Municipal, apressaram as despedidas, alegando que estavam atrasados para “pegar o avião em São Paulo”.

Eram 13 horas e o dia do prefeito continuava. Ele iria atender rapidamente o secretário de Turismo, Gilberto Adrien, que lhe entregou uma pasta de recortes de jornais “com os primeiros dois meses de gestão na secretaria”. Mais tarde foi almoçar, acompanhado do “dr. Cyrillo, secretário de Assuntos Jurídicos”, como informara dona Cleonice, secretária particular de Caldeira.

O prato daquele dia (e de todos os outros) era frango com legumes, “pago do seu próprio bolso. Não é mordomia, não”, foi logo avisando dona Cleonice, que também se apressava em esclarecer que trabalhava há 11 anos com Caldeira, mas continuava funcionária das Folhas. “Estou aqui só por uns tempos, substituindo a secretária da Prefeitura, que entrou em férias.”

O prefeito almoçou e despachou com o secretário de Assuntos Jurídicos. Pouco mais tarde recebeu uma comissão do Fundo de Assistência Social de Santos e determinou, logo depois, que ninguém entrasse em seu gabinete, por meia hora, pois iria fazer a sesta. Deitou-se numa poltrona, pôs os pés sobre a cadeira mais próxima e ficou daquele jeito até às 16 horas. Em sua sala, dona Cleonice se queixava da burocracia que encontrou na Prefeitura, reclamava sobre o registro de seis “pedigrees” ao telefone, atendia uma chamada de alguém que estava querendo um emprego público, rasgava papeizinhos e, de vez em quando, dava uma olhadinha no gabinete para ver se Caldeira já acordara. Era hora, pois logo chegou o secretário das Finanças, José Lopes, trazendo dezenas de processos para despachar.

Autorizado por dona Cleonice, José Lopes ameaçou entrar no gabinete do prefeito, entreabriu a porta e recuou respeitoso. Será que posso entrar? Dona Cleonice, que não entendera a que José Lopes se referia, pois acabara de deixar seu patrão dormindo, sozinho, olhou-o assustada e resolveu ligar para o gabinete, para acordar o prefeito. Foi o que fez e José Lopes entrou. No final ·da tarde, Caldeira interrompeu seu longo despacho com o secretário das Finanças para atender a imprensa. Não havia novidade a divulgar, e pouco antes de deixar a Prefeitura classificar de “uma tristeza” as observações que fez do funcionamento da administração municipal. “O povo ainda não compreendeu que a Prefeitura é dele”, disse o novo prefeito nomeado de Santos. “Isso aqui é uma marcha lenta”, reclamou o dr. Nóbrega, primo de Caldeira e chefe de gabinete, depois de contar que, pelo que tem notado, “a grande diferença que o seu Caldeira está percebendo entre a administração privada e a administração pública é que, aqui ninguém quer assumir reponsabilidades, só quer gastar o dinheiro da viúva, como se dizia popularmente”.

Carlos Augusto Caldeira, o pai (foi um dos principais mantenedores do Asilo dos Inválidos de Santos)

MAIS SOBRE CARLOS CALDEIRA

Carlos Caldeira Filho nasceu em Santos, em 1 de julho de 1913, filho de Coralina Ribeiro dos Santos Caldeira e de Carlos Augusto Navarro de Andrade Caldeira (que fora um dos grandes responsáveis pela manutenção do Asilo dos Inválidos, dirigindo e dedicando cerca de 50 anos de sua vida à instituição). Casou-se com Leodéa Bierrenbach de Lima, com quem teve uma filha, Maria Christina. Em 1962, já bem-sucedido como empresário do setor de impressão, adquiriu, junto com Octávio Frias de Oliveira, o jornal Folha de S. Paulo. Investiu também na construção da Estação Rodoviária de São Paulo e foi presidente da Fundação Cásper Líbero, de 20 de dezembro de 1976 a 20 de abril de 1979, sendo durante sua administração concluída a construção do prédio da Avenida Paulista, em São Paulo, e iniciado o funcionamento da TV Gazeta.

Como prefeito de Santos, defendeu o planejamento de transportes avançado, promovendo a ideia de implantar um sistema modernizado de bondes, similar a um metrô de superfície, utilizando como via expressa e privativa uma cobertura em lajes de pré-moldado sobre os canais.

Morreu no dia 13 de maio de 1993, vítima de choque hemorrágico provocado por um aneurisma da aorta. Foi cremado no Crematório da Vila Alpina, na capital.