A origem do Estádio Urbano Caldeira, o alçapão da vila mais famosa do mundo

Praça de Esporte do Santos Football Club. Assim foi, modestamente, batizado o pedaço de chão, situado no coração da Ilha de São Vicente, que viria a se tornar “sagrado” para legiões inteiras de amantes do esporte mais popular do planeta. O termo “Vila Belmiro”, relativo ao bairro, logo se incorporaria quando a agremiação resolveu adquirir o terreno de 16.650 metros quadrados junto à Companhia Santista de Habitações Econômicas, dentro uma região que se formava estritamente residencial (como vila operária), dotada de luz elétrica, esgoto e bonde passando à porta. O quadrilátero adquirido ficava entre as ruas Abolição (atual Princesa Isabel), Guarani (atual José de Alencar), Tiradentes e D. Pedro I (ambas mantiveram os nomes).

Esta é, segundo alguns registros, a mais antiga fotografia do lugar onde seria erguido o Estádio Urbano Caldeira, no bairro da Vila Belmiro. O terreno ainda estava sendo nivelado. Em primeiro plano, vê-se um pequeno poste de madeira, onde está afixada uma placa indicando a Rua Tiradentes. Ao longe, algumas casas dispostas na Rua Carvalho de Mendonça e uma mancha um pouco à direita, que é, pasmem, a Ilha Urubuqueçaba!

Esta é, segundo alguns registros, a mais antiga fotografia do lugar onde seria erguido o Estádio Urbano Caldeira, no bairro da Vila Belmiro. O terreno ainda estava sendo nivelado. Em primeiro plano, vê-se um pequeno poste de madeira, onde está afixada uma placa indicando a Rua Tiradentes. Ao longe, algumas casas dispostas na Rua Carvalho de Mendonça e uma mancha um pouco à direita, que é, pasmem, a Ilha Urubuqueçaba!

Comprado o terreno, em 19 de julho de 1916, a diretoria, presidida por Agnelo Cícero de Oliveira, ordenava o início das obras, com previsão de quatro meses de duração. O valor investido no projeto foi considerado à época o de maior vulto até então realizado por um clube de futebol no Brasil. Para a execução dos serviços, foi contratada a empresa Companhia Construtora de Santos, de Roberto Cochrane (que viria a se tornar uma das maiores e mais importantes construtoras de Santos e do Brasil, com obras importante no portfólio, como a Bolsa do Café, o monumento da Independência e o prédio da Associação Comercial de Santos). Eles incluíam a construção de uma arquibancada de madeira (57×13), pavilhão de tijolos, coreto de tijolos e madeira com alojamento e duas quadras de tênis, além de vestiários e o nivelamento do campo, gramado, tendo ao lado e aos fundos uma pista de quatro metros de largura, para corridas à pé.

As obras andaram rapidamente. Em 20 de agosto, correu a notícia pela cidade de que já se encontrava concluído o nivelamento do campo, ao mesmo tempo em que anunciavam o falecimento do vice-presidente e uma das vigas mestres do clube, Álvaro de Oliveira Ribeiro, ocasião em que foi decretado luto de sete dias.

Em setembro, o estabelecimento comercial Casa Silvain Daniel, localizada na Rua do Rosário, expunha em suas vitrines a maquete do Campo do Santos Futebol Clube, para deleite dos seus admiradores. A tão sonhada inauguração, enfim, estava próxima.

Imagens da construção do Campo do Santos, em 1916.

Festa de inauguração popular, mas sem futebol

Foi uma quinta-feira, 12 de outubro de 1916 (feriado nacional em comemoração ao descobrimento das Américas), o dia escolhido pelo Santos Football Club para abrir as portas de sua casa ao mundo. No entanto, nas primeiras horas da manhã, veio uma ponta de frustração. A cidade acordou sob forte chuva, o que comprometia o uso do gramado novo. Estava marcada uma partida oficial válida para o Campeonato Paulista (disputado pelo time santista desde 1913), entre o Santos e o Ypiranga, da capital. Independente do tempo ruim e do cancelamento da partida oficial, o dia foi marcado por uma grande festa de confraternização e júbilo pela grande conquista do time praiano. Dezenas de associados e seus convidados, inclusive muitas crianças, participaram das ações promovidas para a inauguração da Praça de Esportes, festa que ficou na boca do povo por muitos dias.

Finalmente, o primeiro jogo na casa santista

Adolpho Millon, autor do primeiro gol no campo da Vila Belmiro
Adolpho Millon, autor do primeiro gol no campo da Vila Belmiro

Dez dias depois, em 22 de outubro, o Santos finalmente se tornava anfitrião de uma partida de futebol. O jogo contra o Clube Atlético Ypiranga, o primeiro oficial no campo da futura Vila Belmiro, registrou também a primeira vitória santista em sua casa, pelo placar de 2 x 1. O primeiro gol marcado foi do ponta direita Adolpho Millon Junior (um dos fundadores do clube praiano). O outro gol santista foi marcado por Jarbas. Assim nascia uma história de glórias, a origem de um alçapão implacável contra os adversários.

Campo do Santos FC em 1919. Revista Sao Paulo Moderno.

Estádio Urbano Caldeira

O nome de Urbano Caldeira só foi incorporado ao campo do Santos F.C. em 24 de março de 1933, quatro dias após a morte do homenageado, que era tido como um dos maiores e mais dedicados atletas e diretores da história do clube.

Anúncio no jornal informando o primeiro jogo no campo do Santos.
Anúncio no jornal informando o primeiro jogo no campo do Santos.

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