Pouca gente sabe que o Colégio Cesário Bastos, um dos mais tradicionais da cidade, não nasceu no imponente prédio da Vila Mathias, onde hoje funciona um polo acadêmico da Universidade de São Paulo (USP), mas na Vila Nova, no mesmo espaço onde hoje se encontra a Escola Acácio de Paula Leite Sampaio. E, ali, funcionou por 16 anos.
Criado por Decreto Estadual em 28 de abril de 1900 e instalado no dia 13 de outubro do mesmo ano, o Grupo Escolar Cesário Bastos (nomeado em homenagem ao senador que nasceu na região), ocupou inicialmente uma casa cedida pelo benemérito santista Júlio Conceição, na rua Braz Cubas, esquina com rua Sete de Setembro e Senador Feijó. O imóvel, adaptado para o uso escolar, abrigava cinco acanhadas salas e algumas outras pequenas dependências. Lá foram abrigadas 12 classes, com aulas do 1º ao 4º ano primário.
O terreno era cercado de muro, possuindo na frente um portão em gradil de ferro. Foi designado a organizar o estabelecimento o então inspetor literário, professor Virgílio César dos Reis, com a ajuda do professor Carlos Escobar, este o primeiro diretor da escola. Em 1902 estavam matriculadas 272 crianças, sendo 119 meninos e 153 meninas.
Em 25 de agosto de 1907 era autorizada a construção de nova edificação, num amplo terreno na Vila Mathias, ao lado da estação dos bondes, mais ampla e adequada para o crescente número de alunos que desejava entrar na escola. O assentamento da pedra fundamental se deu em 27 de outubro. As obras foram concluídas em 1º de janeiro de 1914, porém só em 24 de abril de 1916 é que as aulas começaram a funcionar no novo prédio.
A MAIOR ESCOLA DA BAIXADA SANTISTA
Naquele ano de 1916, o novo imóvel passou a abrigar cerca de 400 alunos, em 21 salas. Nesta fase, o primeiro diretor do Grupo Escolar foi o professor Antonio Primo Ferreira.
O projeto arquitetônico do Cesário Bastos chegou a servir de modelo para a instalação de um grupo escolar no bairro do Brás, em São Paulo, graças às suas características únicas, com tapagens onduladas em vidro colorido indiano, sustentada nos vãos maiores por colunas de ferro, que se harmonizam com o desenho do piso em ladrilho hidráulico. As escadarias foram feitas em mármore branco e os corrimãos em madeira de lei e ferragens importadas da Inglaterra.
Com o crescimento da cidade, o Cesário Bastos se tornou a maior escola da região e uma das maiores do Estado de São Paulo. Em 1947, o colégio implantou um programa de ensino cívico, criando a figura da Prefeitura Escolar, tendo inclusive eleição para o cargo de prefeito.
O prédio passou por várias reformas, sendo as mais importantes em 1935, 1980 e 1995.
Em 1976, com a integração do Ginásio Estadual de Vila Mathias e do Ginásio Estadual do Gonzaga, que atendiam da 5ª à 8ª série, o colégio passou a denominar-se Escola Estadual de Primeiro Grau Dr. Cesário Bastos.
Em 1990, a escola mantinha 59 classes em três períodos, com cursos regulares da 1ª à 8ª série, supletivo e classes especiais para crianças especiais e deficientes auditivos.
Em 25 de janeiro de 1992, data de aniversário da cidade, o prédio do Cesário Bastos foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Santos (Condepasa). A Associação de Pais e Mestres é quem consegue promover a manutenção do prédio,bancando pequenos reparos, mas implorando por uma grande reforma, que só veio a acontecer em 1995.
Ainda na década de 1990, a Diretoria de Ensino da Região de Santos (DERS) passou a ocupar espaço no prédio, utilizando classes ociosas e brecando as possibilidades de recuperação do colégio. Com isso, outras classes foram fechando ao longo dos anos. Em 2002, as aulas noturnas foram extintas.
Hoje o prédio é ocupado por um polo acadêmico da Universidade de São Paulo (USP).
