Dirigível Hindenburg sobrevoa cidade de Santos e provoca deslumbramento

Arte em aquarela feita pelo artista plástico Gilberto Marchi a partir da foto de A Tribuna. Publicada na revista Almanaque de Santos, nº 4, do Instituto Histórico e Geográfico de Santos
Arte em aquarela feita pelo artista plástico Gilberto Marchi a partir da foto de A Tribuna. Publicada na revista Almanaque de Santos, nº 4, do Instituto Histórico e Geográfico de Santos

Por duas vezes na história, os dirigíveis “Zeppelin” sobrevoaram a cidade de Santos. A primeira, ocorrida em 11 de maio de 1933, foi protagonizada pelo “Graf Zeppelin” (história já contada nesta coluna), fruto de um mero acaso do destino e das intempéries do tempo no Rio de Janeiro (onde havia o hangar dos dirigíveis no Brasil).

Mas a segunda, ao contrário, foi previamente calculada pelo governo alemão, que em 1936 se esforçava em desfilar o poderio nazista sobre as cidades americanas que abrigavam imigrantes germânicos, ao mesmo tempo que servia como meio de impressionar as autoridades de países como o Brasil, cujas alianças eram fundamentais aos planos de Hitler.

O sobrevoo do Hindenburg na cidade de Santos, dona do porto mais importante do hemisfério sul do planeta, realmente causou grande impacto entre seus habitantes, dadas as dimensões do aeróstato, ainda maior do que seu antecessor (o Graf).

A excursão do Hindenburg, que sobrevoou a Baixada Santista na tarde do dia 30 de novembro de 1936,  era composta por 63 passageiros, entre os quais algumas das mais importantes personalidades do governo Getúlio Vargas, como Arthur de Souza Costa, ministro da Fazenda; Gustavo Capanema, ministro da Educação; general João Gomes, ministro da Guerra; almirante Aristides Guilhem, ministro da Marinha; general Pinto Trajano Furtado Reis, director da Aeronáutica Civil; Luis Vergara, secretário do presidente da República; Sousa Leão, representante do ministro das Relações Exteriores, além dos deputados Waldemar Ferreira, Diniz Júnior e Lauro Lopes. Todos estavam à bordo a convite do embaixador alemão no Brasil, Schmidt Elskop.

Foto da chama de capa do Jornal A Tribuna sobre a passagem do Hindenburg em Santos
Foto da chama de capa do Jornal A Tribuna sobre a passagem do Hindenburg em Santos

A presença do tão falado dirigível foi amplamente noticiada pela imprensa local, em especial pelo jornal A Tribuna, que assim narrou o episódio (com grafias originais):

Vindo da direcção éste, o “Hindenburg” appareceu nesta cidade, voando sobre a Ponta da Praia, às 17,58 horas. O bello dirigível germânico, cujas características eram visiveis à sua passagem sobre os bairros do Macuco e Campo Grande, quando desceu um pouco, rumou depois para noroeste, em direcção à capital. Grande foi a curiosidade despertada pela passagem daquella aeronave sobre a nossa cidade, visto que é esta a segunda vez apenas que um dirigivel daquella classe transvôa os céos santistas.

Depois de sobrevoar calmamente a cidade de Santos, o Hindenburg foi para a capital paulista, onde passou por cima de várias localidades do centro paulistano. Rumo ao sul do país, ainda sobrevoou as cidades de Curitiba, Blumenau, Criciúma, Florianópolis e várias outras cidadezinhas menores do interior de Santa Catarina.

Registros fotográficos
Ao longo dos anos algumas fotos da passagem do Hinbenburg sobre Santos foram aparecendo na mídia e viraram artigos raros. Não há dados sobre a localização de nenhum dos negativos originais, o que, infelizmente, dificulda a publicação em boa qualidade. Há também os que confundem o Hindenburg com o Graf Zeppelin, embora seja nítida a diferença, uma vez que o símbolo nazista só pode ser visto no segundo dirigível, pois quando o Graf Zeppelin passou por Santos, a suástica ainda não estava pintada no leme do aeróstato.

O fim do Hindenbugh marcou o término da era dos Zeppelins
Na noite de 6 de maio de 1937, o Hindenburg se preparava para descer na base de Lakenhurst, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, com 97 passageiros a bordo, vindos da Alemanha. Durante o pouso, um incêndio tomou conta da aeronave e o saldo foi de 36 mortos. Por um bom tempo discutiu-se a causa do acidente: falava-se que a culpa era do combustível hidrogênio, mas também se pensou em sabotagem. Por fim, descobriu-se que a culpa fora da tinta altamente inflamável que cobria o tecido do Hindenburg. O corpo do dirigível acumulou carga eletrostática na viagem e, quando essa foi descarregada, sobreveio o desastre. O assunto foi tema do filme “O dirigível Hindenburg (The Hindenburg), lançado em 1975 e dirigido por Robert Wise. Esse acidente marcou o fim de uma era na navegação aérea mundial.

O Hindenburg sobrevoando a cidade de Santos. Na imagem vê-se no primeiro plano o terreno que abrigaria o futuro Orquidário Municipal, no José Menino.
O Hindenburg sobrevoando a cidade de Santos. Na imagem vê-se no primeiro plano o terreno que abrigaria o futuro Orquidário Municipal, no José Menino.
O Hindenburg sobrevoa o José Menino. Vê-se na imagem o Hotel Internacional e a Ilha Urubuqueçaba.
O Hindenburg sobrevoa o José Menino. Vê-se na imagem o Hotel Internacional e a Ilha Urubuqueçaba.
Notícia publicada em A Tribuna sobre a passagem do dirigível Hindenburg
Notícia publicada em A Tribuna sobre a passagem do dirigível Hindenburg
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Na noite de 6 de maio de 1937, o Hindenburg se preparava para descer na base de Lakenhurst, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, com 97 passageiros a bordo, vindos da Alemanha. Durante o pouso, um incêndio tomou conta da aeronave e o saldo foi de 36 mortos.
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O corpo do dirigível acumulou carga eletrostática na viagem e, quando essa foi descarregada, sobreveio o desastre. O assunto foi tema do filme “O dirigível Hindenburg (The Hindenburg), lançado em 1975 e dirigido por Robert Wise. Esse acidente marcou o fim de uma era na navegação aérea mundial.

 

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