Revista Careta publica artigo sobre inauguração da Estátua da Praça da Independência

Era o ano de 1922, e o país se preparava para festejar seus 100 anos de liberdade, originado no famoso brado do Ipiranga, em sete de setembro, gesto simbólico que significou o rompimeno do “cordão umbilical” entre Brasil e Portugal. Nas principais localidades do território nacional, os brasileiros preparavam várias homenagens, rememorando os grandes nomes da causa libertária. Entre eles, o homem considerado o verdadeiro “mentor” da Independência, o santista José Bonifácio de Andrada e Silva. Ao lado dele, seus irmãos, os também santistas Antonio Carlos e Martim Francisco, também seriam exaltados.

A maior das homenagens, planejada a partir do Estado de São Paulo, seria a construção de um monumento que lembrasse o papel dos irmãos santistas. E nada mais justo que a obra prima fosse instalada na terra natal dos Andradas, a cidade portuária de Santos. Assim, durante quase um ano e meio o projeto foi maturado e viabilizado.

Esta postagem do Memória Santista reproduz um belo artigo publicado na revista carioca, Careta, edição de setembro de 1922 (número 742), que tratava das comemorações do Centenário da Independência.

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A GLORIFICAÇÃO DOS ANDRADAS EM SANTOS

Cabe sem dúvida à cidade litorânea de Santos, grande porto do Estado de São Paulo, um dos lugares mais salientes na história da emancipação política do Brasil. Nasceram nesta gloriosa cidade os Andradas, a Trindade Patriarcal da Independência, a cujos esforços e energia devemos a proclamação de nossa liberdade.

Não podia ela ver passar com indiferença a data do centenário da Independência, mormente agora que o Governo de São Paulo se empenha em realizar obras gigantescas para comemora-la, porque lhe incumbiria elevado encargo nesse conjunto de solenidades em andamento.

Bem compreenderam há muito os dirigentes oficiais e os líderes sociais de Santos o papel importante na cidade na nossa história de povo livre, resolvendo então mandar erigir um monumento grandioso e notável em que fossem simultaneamente rememoradas a Independência Nacional e a Glória dos Andradas.

Respondendo ao apelo da Comissão Executiva desse monumento, a Companhia Constructora de Santos resolveu concorrer ao certame, pois que, como já o tem provado, não poucos esforços tem feito em prol do embelezamento da cidade.

Para esse patriótico fim resolveu associar os conhecimentos de um brasileiro ilustre, o historiador Affonso D’Escragnolle Taunay, um arquiteto de nome, o sr. Gaston Castel, e um escultor célebre, o sr. Antonio Sartorio.

Coube a s.exc., o presidente da República, sr. Epitácio Pessoa, colocar a pedra fundamental o ano passado.

O monumento foi erigido na Praça Marechal Deodoro, que é cortada transversalmente por todas as ruas que a demandam, ficando em ponto de remate a todas elas, o que o torna de vista obrigatória.

A Companhia Constructora de Santos apresentou duas maquetes, sendo cada uma adaptada a uma das praças em que se projetava ergue-lo, e uma terceira na escala de 15.100, para que melhor se pudessem avaliar os detalhes da imortal obra de arte.

Os diretores desta grande companhia, concorrendo ao certame, procuravam um meio pelo qual pudessem também prestar sua homenagem ao Brasil, na cidade de Santos, e dai o carinho extremo com que mandaram estudar a confecção do monumento, merecendo unânime e justa aprovação.

Aprovada pela digna comissão, os trabalhos foram logo iniciados, e a inauguração faz parte do programa oficial das festas do Centenário organizado pelo Governo da República, que tiveram início no dia 7 de setembro em todo o Brasil.

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