Santistas assistem partida única de futebol na motocicleta, o motobol

Iniciativa do Moto Clube de Santos lotou a praia do Gonzaga em pleno domingão de julho

Santos, 6 de julho de 1975. Uma bola gigante, jogadores montados em motocicletas, uma disputa frenética na areia. Isso era algo totalmente novo no Brasil, e Santos apresentava essa inovação ao seu público, que estava empolgado com os craques das rodas e da bola. O esporte tinha um nome peculiar: motobol. Os organizadores prometeram que, se essa novidade conquistasse o coração do povo, a Federação Paulista de Motociclismo organizaria partidas de motobol semanalmente, não apenas em Santos, mas em todo o estado de São Paulo.

A escolha de Santos como local para o primeiro teste do motobol ocorreu devido à existência de uma entidade que prestigiava a novidade, o Santos Moto Clube, que vinha fazendo um trabalho dedicado de promoção do motociclismo. O esforço do clube em envolver a juventude merecia todo o apoio possível. A julgar pelo que se viu nas areias da Praia do Gonzaga naquela manhã de domingo, tudo indicava que as coisas estavam prestes a dar certo. O público estava impaciente para o início do jogo e parecia que a novidade estava pronta para conquistar os corações das pessoas.

Alberto Paiva, diretor do Moto Clube Santista, foi escolhido para ser o árbitro do primeiro jogo de motobol no estado. Ele tinha um profundo conhecimento das regras e estava determinado a promover a modalidade. Dependendo do tamanho do campo de jogo, cada equipe poderia ser composta por cinco ou seis jogadores, utilizando motocicletas de 50, 90 ou 125 cilindradas ou lambretas. Naquela manhã, ambas as equipes tinham 6 jogadores.

A equipe da Turimar, de branco, e Onda, de vermelho, disputaram no Gonzaga uma partida única de futebol na motocicleta (ou lambreta), o motobol.

Regras básicas

Era considerada falta quando duas motos disputavam a bola, que tinha meio metro de circunferência, e entrava outra no lance. Os jogadores da equipe que cometiam a falta eram obrigados a manter uma distância mínima de 5 metros da bola, enquanto o jogador que executaria a cobrança ficaria a 3 metros de distância.

O mesmo acontecia no toque com a mão, que era punido com falta. Estritamente falando, o pênalti era transformado em gol, pois quem cometesse a infração não poderia permanecer na linha do gol e era obrigado a se afastar 5 metros lateralmente, enquanto o jogador encarregado da cobrança ficaria a 3 metros. Na hora do apito, o árbitro utilizava uma buzina em vez de um apito, e todos os jogadores podiam se dirigir à bola e participar do lance, com a vantagem para quem chegasse primeiro.

O jogo pioneiro teve início com a equipe “Onda”, vestida de vermelho, composta por Chicão, Quim, Vanderlei, José Hugo, Carlos Alberto e Silvio, com Jaime na reserva. Enquanto a equipe “Turimar”, vestida de branco, era formada por Mingo, Wilson, Jorge, Heleno, Djalma e Almeida. Aos oito minutos, Mingo marcou o primeiro gol para a “Turimar”, e o “Onda” empatou aos 17 minutos com Chicão. Aos 23 minutos, Silvio desempatou a partida. Estes foram os acontecimentos dos primeiros 30 minutos.

Na etapa final, o jogo ficou mais equilibrado, mas foi a equipe “Onda” que ampliou a vantagem para 3×1, com um gol de José Hugo aos quatro minutos. Quase no final da partida, Almeida marcou dois gols, aos 22 e 28 minutos, garantindo o empate em três gols para cada equipe.

No final da partida, ocorreram algumas discussões e desentendimentos entre os jogadores e o árbitro, bem como os quatro assistentes, Edgar, Marco Aurélio, Fernando e Vladimir, que, aliás, foram os que mais trabalharam nos 60 minutos de motobol.

Depois desta partida, não se teve mais notícia deste esporte inusitado.